Avarice (Tradução)

Capítulo 2 - A gota d'água

Eles correram. Saindo do pequeno parquinho e descendo a rua o mais rápido que suas pernas conseguiam aguentar sob a chuva torrencial. Se ele não estivesse tão focado em dar o fora dali, Harry poderia ter registrado o fato de que Duda, apesar de seu tamanho considerável, estava acompanhando-o. Provavelmente graças à pura adrenalina.

O pânico tomou conta dele, encharcado e com os pulmões queimando, Harry saiu da estrada e entrou no túnel escuro de um viaduto com seu primo logo atrás. Batendo no concreto com seus passos ecoando ao redor deles, uma camada de gelo em sua perseguição e as luzes se apagando uma por uma.

Uma figura encapuzada mergulhou diante deles, bloqueando seu caminho, e Harry estendeu o braço para impedir Duda de se chocar contra o que ele não conseguia ver.

"Outro lado!"

Eles giraram e correram de volta pelo túnel, apenas para ver outra figura se materializar do nada.

Dois Dementadores. Dois Dementadores no meio de Little Whinging.

Harry mal teve a chance de processar esse fato antes que uma mão fria e decadente envolvesse sua garganta e o levantasse, prendendo-o na parede. A primeira coisa que lhe veio à cabeça foi o fato de que o Dementador estava muito perto dele, seu corpo encapuzado praticamente pressionado contra seu corpo enquanto estendia a outra mão para puxar o capuz.

Não! Harry lutou descontroladamente, a força o abandonando enquanto o frio se instalava profundamente em seus ossos. O familiar grito horrível soando em seus ouvidos. O beijo. Ia dar-lhe o beijo. Ele ficaria sem alma para apodrecer na beira da estrada se algo não fosse feito. Se alguém não... o que ele estava fazendo? Ele não estava indefeso! Ele tinha uma varinha! Ele poderia se livrar deles com um único feitiço!

Ele só precisava de uma lembrança feliz.

Mas não havia nenhum para ser encontrado. Sua mente consciente estava fragmentada. Memórias se espalhando como pequenos peixes em um lago enquanto ele alcançava cegamente o fundo. Procurando alguma coisa. Qualquer coisa.

Sírius. Ele mal conhecia o homem que chamava de padrinho. O homem que pensava que a vingança era mais importante do que ficar para cuidar dele depois que seus pais morreram. Que nunca perdeu a chance de compará-lo ao pai. A mensagem era clara, ele queria James, não Harry.

Amigos dele. Ron, que se voltou contra ele junto com a maior parte do resto da escola depois que o não-Moody jogou seu nome no Cálice de Fogo. Que o abandonou na Rua dos Alfeneiros, junto com Hermione, tudo porque Dumbledore dissera isso. Que estavam juntos, mesmo agora, provavelmente na Toca. Aproveitando a vida sem ele.

Tinha acabado. Ele estava acabado. Prestes a ser condenado a um destino muito pior do que a morte.

A pulseira apertou seu pulso, queimando sua pele, e sua mente voltou a ficar clara. Uma memória explodindo diante de seus olhos com uma nitidez tão impressionante que era quase inacreditável. A forma encapuzada de Voldemort parado sobre sua cama com um fogo possessivo queimando em seus olhos. Estendendo a mão como se quisesse confortá-lo. Dizendo a ele que ele era procurado. Abençoado. Não foi um acidente ou uma aberração, mas algo especial.

"Expecto Patronum!"

Numa explosão de luz ofuscante, o cervo opalescente explodiu da ponta de sua varinha. Empalando o Dementador que o segurava com seus chifres largos e jogando-o fora. Sem fôlego, congelado e mal conseguindo se manter de pé, Harry virou-se para onde o outro dementador estava atacando seu primo e apontou sua varinha.

"Pegue!"

O Patrono abaixou a cabeça e avançou pelo túnel, afugentando o segundo Dementador na noite que se aproximava.