1- The weapon

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Aos quase completos 15 anos, eu tinha tudo para ser a garota perfeita, eu era muito inteligente, apesar da dislexia me atrapalhar um pouco, bonita e as pessoas gostavam de mim, porém eu não tinha o que para mim era o mais importante, minha família. Minha mãe há quase cinco anos não conseguia me olhar nos olhos sem ter vontade de chorar ou de fugir de mim. Minha outra mãe, nunca deu as caras na minha vida, nunca nem ajudou Delilah a me criar e eu a odiava por isso.

Hoje, eu só tinha minha melhor amiga com quem eu sabia que poderia contar para tudo, Daphne era a definição de lealdade, nos conhecemos há quase sete anos e desde então éramos inseparáveis, ela estava comigo em todos os meus piores momentos, desde o dia em que minha mãe parou de falar comigo até os dias em que comecei a ouvir vozes e ver criaturas de outro mundo.

Sentada na sala de aula, essas eram as únicas coisas que conseguia pensar, porque antes de vir para a escola peguei minha mãe chorando copiosamente mais uma vez embaixo das cobertas. Isso já era comum para mim, mas era impossível não sentir a raiva tomar conta de meu corpo toda vez que ouvia ela chorar.

O sinal tocou e eu só saí de meus pensamentos quando Daphne se sentou na carteira à minha frente e começou a falar sem parar, isso era algo totalmente a cara de Daff, quando ela começava a falar, não parava mais e isso me fazia amá-la ainda mais.

–Você não está me ouvindo, né, Licy? –Ela me observa e talvez minha cara não era das melhores porque ela continuou a falar. –Ei, o que aconteceu?

–Minha mãe aconteceu, mais um dia que eu ouço ela chorar, como alguém pode ter feito isso com ela, Daff? Como a pessoa que me quis juntamente a ela, simplesmente virou as costas e nos deixou, eu não consigo acreditar até hoje.

–Nem imagino como deve ser para você, mas estando ao seu lado por quase sete anos, eu sei como te animar pelo menos um pouco, e sabe o que tem hoje no refeitório? – Um sorriso cresce instantaneamente em meu rosto, sabendo do que se tratava. –Exatamente, tem a torta de chocolate que você ama, vamos lá?

Ela se levanta e estica a mão esperando que eu segurasse, para que fossemos andar juntas, éramos sempre assim, andávamos de braços cruzados, mãos dadas às vezes, eu amava esse contato físico e aproveitava até o último segundo.

O campus da nossa escola era bem grande, e para chegar no refeitório tínhamos que passar por uma área verde enorme, e enquanto andávamos eu comecei a ouvir a mesma voz de sempre, mas dessa vez parecia estar naquele mesmo lugar que eu, não parecia algo em minha mente. Olho em volta e não noto nada diferente, apenas alguns alunos andando de um lado para o outro conversando, sorrindo e comendo.

"Meio-sangue" era como a voz me chamava toda vez, e eu nunca entendi porque me chamava assim, já que nunca havia ouvido esse termo antes. Volto a observar o ambiente e me sinto sair da realidade de repente, olho para onde antes estava um amontoado de adolescentes conversando sentados no chão, e agora além deles vinha em minha direção a nova professora de história com uma expressão séria e meio pálida.

Já tinham praticamente seis ou sete meses que eu ouvia essa voz desconhecida me chamar, e agora vendo a sra. Harris desse jeito estranho fez eu me tocar que ela apareceu na escola assim que a voz começou a falar comigo.

–Você achou mesmo que não te encontraríamos, meio-sangue? –Sua forma começou a mudar, me deixando um tanto quanto assustada.

Seguro meu colar de concha com força, pedindo para o céus me darem uma luz, porque eu não sabia o que aquela criatura estranha, que em algum momento foi minha professora, faria comigo. Aos poucos a figura dela ficava mais medonha, o rosto dela começou a acinzentar e ter pequenas escamas, e asas começaram a sair de suas costas lentamente enquanto se aproximava de mim cada vez mais.

The daughter of Aphrodite Onde histórias criam vida. Descubra agora