A história que passo a narrar aqui e agora é tão breve que sequer teve tempo de pensar ser ou não uma história de amor, talvez um sopro, um vento bem forte, ou sei lá, uma história e ponto.
Essa história se passa no momento em que o sol ilumina o outro lado da terra e lá eles se conheciam, não no sentido de se verem a primeira vez, mas foi o instante de se olharem de verdade.
Encontro de aventuras, bebidas, sons e risos, trocas de olhares rápidas e lentas na mesma fração de segundo.
A noite caia, o bar mudava, os personagens secundários viviam intensas trocas carnais, que talvez parecessem mais interessantes que essa que vos narro agora, porém eram breves demais, mesmo sendo a mesma noite, essa narrativa ignora espaço tempo e cria uma outra dimensão onde apenas duas almas convivem e se reconhecem.
Do bar, o sangue quente os levariam a um apartamento, que aparentemente cabia mais do que se podia imaginar em poucos metros quadrados. Lá, corpos ocupam o mesmo lugar no espaço, menos deles dois, que como disse antes, parecem não obedecer às leis vigentes na física.
Encontram-se num cenário pouco usado em histórias de romance, ou pelo menos não do jeito certo, numa cozinha, mais precisamente, no chão dela. Encontro de culpa e desejo, esses dois sentimentos se encontrando quase que ao mesmo tempo.
Eles se olham, se beijam, ele a deseja, ela o quer. A conversa tem toques quase mágicos, atordoados por sons dos corpos unidos do outro ambiente e sua intensa relação os levam a se olhar, ele a corteja com poemas, ela com toques, ele a beija, ela recua, ele a tem, ela foge, ele se apaixona e ela também.
Seu celular toca, mandando dizer que ele deveria levantar para trabalhar, nesse momento percebem o qual breve foi aquela longa história de...
- Vamos ver o sol nascer?
- Vamos.Ao sair, vê-se uma noite chuvosa, escura, mas que parecia tão belo aos olhos de quem viu beleza de mais em uma única noite, eles sabiam ignorar todo resto apenas estando juntos. Atravessaram as ruas, viram a cidade acordando, viram seu caos apenas 5 da manhã e chegaram a praia, o sol nascia atrás de alguma nuvem, que tampava uma visão linda do céu, a noite toda por si só já era um belo quadro pintado pelo acaso, acho que não precisava de outro, não teria tanta graça.
Deram as mãos, sujaram seus tênis, confabularam sobre a vida, tentaram prever o futuro e até planejaram uma fuga, viveram uma vida inteira ali, naquele momento, cercados de prédios e o mar, como se mais nada existisse. Sofreram, pois, sabiam que no momento do primeiro raio de sol a história deveria acabar. Era filme de orçamento baixo, era um curta de um diretor perfeccionista.
Foram em direção ao mundo real, onde eram apenas dois colegas de trabalho que se cruzariam num corredor frio, tendo na mente e no coração uma noite tão longa quanto uma vida inteira.
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Enquanto durar
RomantikO infinito é capaz de fazer morada dentro de um espaço breve e isso inclui os grandes amores de verão, que souberam começar e terminar... durou o tempo que foi capaz. "Enquanto durar" ultrapassa o conceito de um mero título; ele se exige como um cha...