Há casos mais comuns de encontros apaixonados, aqueles previamente acordados e que causam um borbulho no estômago quando, o relógio, teimosamente aproxima as horas dos futuros amantes e seus cortejos discretos e intensos ao mesmo tempo.
Mas infelizmente não é o caso que venho narrar, e sim, de um belo desencontro, talvez com mais amor ou algum derivado de intensidade, do que se estivessem aguardando por esse momento.
Ele no auge da juventude, encaminha-se para uma jornada de autoconhecimento que a idade sugere e na ânsia de experimentar um mundo novo, algo que só poderia ser possível graças aos portais artificiais e paraísos imaginários.
Ela, nascida e criada no Brasil, filha de uma brasileira que num romance psicodélico, se apaixona por um DJ holandês e o mesmo desaparece pelo mundo junto com o efeito daquilo que a fez se apaixonar.
Na busca por respostas e talvez uma sensação de pertencimento, ela compra uma passagem direto para Amsterdam, juntou todas informações coletadas sobre seu progenitor e descobriu que o mesmo iria tocar em uma festa com a "pequena" duração de 3 dias.
Nesse momento seria facilmente possível escrever duas histórias sobre diferentes procuras, tendo em comum apenas um país de aproximadamente 40 mil km². Mas como o acaso, destino, Deus ou o que quer que seja capaz de organizar de maneira tão irônica o universo, eles estariam indo para a mesma festa.
Naquele amontoado de vivencias e prazeres, fugindo de dores e procurando acalanto nas possibilidades infindáveis, seus olhares se cruzam. Ela que em segundos antes avistava seu pai e tentava segui-lo, ele que estava prestes a experimentar algo que o levaria para outra dimensão, nesse momento parecem recalcular a rota e apenas se olham.
Todo efeito que uma droga é capaz de fazer parece não ser suficiente, toda procura de um pai ausente parece não fazer sentido e apenas sentem que de alguma forma aquilo era a procura mútua de dois seres de universos distintos.
Eles colidem feito dois asteroides a ponto de extinguir o que ouse existir ao seu redor. Aquele amor é intenso, forte e profano. Bem ali, numa barraca qualquer à beira do abismo, fora de órbita, em uma galáxia a alguns anos luz daqui. Pelo menos era assim que se sentiam e assim permanecem até perceberem que o destino o convidara a retornar. Em cada um se perpetuou uma chama, enquanto a vida clama seu chamado, algo imprescindível, inevitável.
Pedaços de galáxias separadas, porém com fragmentos presos e fundidos em si. No momento da separação daqueles corpos estelares, perceberam que não sabiam seus nomes ou endereço. Talvez para inclui-los em sua procura, chama e chamado na mais perfeita comunhão.
Eles se amam com todo coração apenas na memória do encontro, conectados a poucos passos comparados a imensidão do universo. Talvez um dia o planeta decida a favor deles e suas luzes retornem ao ponto de partida, ou não.
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Enquanto durar
RomanceO infinito é capaz de fazer morada dentro de um espaço breve e isso inclui os grandes amores de verão, que souberam começar e terminar... durou o tempo que foi capaz. "Enquanto durar" ultrapassa o conceito de um mero título; ele se exige como um cha...