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Querida Ofélia,
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O
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A doce corrente já pesava os delicados vestígios que sobrara de seu belo vestido, outrora perfurados por caules de rosas, margaridas e crisântemos selvagens, mas que agora saboreavam o lodo no fundo do lago.Uma lufada de ar,
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duas,
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três
º
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O
e o corpo cálido e etéreo jazia borbulhando a caminho de beijar a terra de Hades,
O
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onde Ofélia,O
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pobre Ofélia, dormiria para sempre nos braços de Morfeu, num eterno sono, que não tiraria sua beleza, mas que a transformaria para sempre num recém nascido abraçado pelas águas calmas e doces da Dinamarca, enquanto de seus lábios soletravam antigas cantigas de ninar, para que ela pudesse dormir pela eterninade abraçada as flores e se unir as raízes das lótus e se transformar em Ninféias flutuantes enquanto sua pele adere as cores e se tornam verde, salpicada de roxo e branco cálido.
O
oº
Já tens água demais, pobre Ofélia.Já tens água demais.
Afogou-se
Afogou-sePobre Ofélia, ela já vai
e foi.
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No fundo do lago se escondem as minhas poesias
PoesíaFeita de água. leve, flutuante, às vezes rasa, às vezes profunda, e quando profunda ela destrói, ela esmaga e lhe tira o ar.