We don't need a fancy town

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Soobin estava entristecido, mal chegou em casa e logo recebeu uma ligação avisando que sua reserva no restaurante havia sido cancelada de última hora; algo sobre roedores invadindo o local e colocando os clientes em perigo segundo a vigilância sanitária.

Era sexta-feira à tarde, e seu namorado estava prestes à chegar mais cedo, já que sabendo do jantar que supostamente aconteceria fez um acordo com seu chefe para que saísse algumas horas antes.

O Choi mais velho se sentou na beira da cama, cabisbaixo e tristonho, faltava chorar. Era seu primeiro aniversário de namoro e tudo estava arruinado. Há semanas que ouvia Beomgyu dizer o quanto estava doido para experimentar a comida tradicional parisiense do novo restaurante, e ele ficou ainda mais entusiasmado quando soube que Soobin tinha conseguido fazer a tão desejada reserva.

E tudo foi para água abaixo por conta dos malditos ratos, era revoltante!

À poucos metros da porta de entrada, onde estava o garoto choramingando, ouviu-se o chacoalhar de um molho de chaves. Era o fim, Beomgyu havia chegado e nada mais podia ser feito.

— Soobin? Que carinha é essa? — ele vinha pomposo, com seus agasalhos escuros de couro falso e o cabelo sedoso brilhando.

— Meu amor... tenho uma péssima notícia. — ele falou amoado, não estava pronto 'pra ver a decepção estampada no rosto bonito que tanto amava.

— O que foi? E por que ainda está de pijama? — se aproximou do namorado, sentando ao seu lado na beira da cama.

— A nossa reserva... foi cancelada. Tudo culpa daqueles ratos! — bateu bem de leve o pé no assoalho. Estava irritado, mas sabia que seu amor não gostava de barulhos altos, se assustava com facilidade — Me desculpa Gyu.

— Ah, é por isso. — segurou as bochechas do outro e apertou um pouco entre os dedos, quase como um gato "fazendo pãozinho" — Meu contato também 'tava lá, eu também recebi a ligação.

— E não está triste? Você queria tanto ir lá, ainda mais sendo nosso aniversário, nosso primeiro aniversário! Eu queria fazer algo especial e...

— Ei, ei! Meu bem, calma. Veste um casaco. Ainda vamos sair.

— 'Pra onde?

— Só vai lá! se apressa! — deu pequenos empurrões no namorado, em direção ao guarda roupa.

— Tá bom, tá bom. — se rendeu, ele não iria questionar Beomgyu no seu modo mandão.

Soobin enfim olhou o móvel de cabo a rabo, não fazia ideia do que vestir. Normalmente ele pegaria a peça mais próxima e prática, mas não naquela noite. Ele queria estar bonito para seu garoto, mas ao menos sabia onde iriam, tampouco o que deveria vestir na ocasião.

Pensando nas vestimentas do namorado, optou por usar algo que combinasse com ele, vestindo um sweeter preto com um sobretudo bege por cima. Encarando o espelho deu leves retoques no cabelo, e por fim foi atrás de Beomgyu, para irem à sei lá onde.

Encontrou o garoto no balcão da cozinha, ele segurava sacolas cheias e duas taças de vidro.

— Vamos? Eu levo as sacolas.

— Tá doido? Olha a hora. Você tem que ficar com as mãos livres caso um maluco venha me atacar. — disse em tom de brincadeira, mas realmente não pretendia compartilhar as sacolas, ainda não.

— Vai me usar de guarda-costas?

— Vou. Assim você não vai mexer nas nossas coisas antes da hora. — sorriu de canto à canto, se divertindo com a expressão falsamente ofendida do namorado.

Dito isso desceram as escadarias do apartamento com passos cautelosos, Beomgyu tinha fama de desastrado e Soobin não queria mais um encontro arruínado, fosse por ratos ou por seu garoto tropeçando e deixando os elementos de sua surpresa aos pedaços.

Entraram no primeiro uber disponível, dando o máximo de si mesmos e tentando manter o fio de maturidade para não cair na risada quando souberam o nome do motorista. Era uma noite atípica para se pegar carona com "Michael Jackson", mas com muita resistência eles aguentaram o tranco.

Fora do carro, eles caminharam um pouco a pedido de Beomgyu, que pediu para o sósia do rei do pop deixá-los um pouco longe do tal local, queria fazer surpresa e mater sigilo até o último segundo.

Passos para lá, passos para cá e finalmente ele parou, fazendo seu "guarda-costas" o imitar.

— Chegamos.

— Chegamos na pracinha?

O garoto alto olhou em volta, estavam perto do centro da cidade, onde ficava uma pracinha agradável na qual alguns pets passeavam com seus donos durante o dia. Agora, à luz da lua e com tantas estrelas como cúmplices, ela parecia mais bonita, até mesmo romântica.

— Sim. Bem aqui. — ele se recostou em um banco de mármore, que fazia conjunto com uma mesa e outro banco. Deixou as taças na mesa e as sacolas no banco, de onde tirou uma garrafa plástica de vinho tinto e dois embrulhos abafados.

Ele serviu o vinho e desembrulhou dois lanches quentinhos, os colocando em cima dos papéis que os envolveram antes.

Então se virou para Soobin com cara de bobo apaixonado. E naquele momento, ele entendeu o que aquilo significava.

— Já faz um ano... e você continua tão paranoico e preocupado quanto antes. — soltou uma gargalhada gostosa, segurando as mãos do outro Choi — Eu não estou triste meu bem, na verdade não poderia estar mais feliz. Amo tanto você, e mesmo que não fizéssemos nada além de rir sobre bobagens e roncar lado a lado a noite toda, hoje é sim especial. Por sua causa.

— É mesmo? — Soobin o abraçou, estavam com os narizes pertinho o suficiente para fazerem carinho um no outro.

Ele estava perdidamente apaixonado por aquele homem em seus braços, tão intensamente que sentia seu coração prestes à pular do peito.

— É sim. Nós não precisamos de um lugar chique, ou de garrafas que não conseguimos pronunciar. Qualquer lugar com você, é como Paris durante a chuva.

Em meia à um beijo apaixonado, eles não se importaram se alguém estava olhando. Ratos, reservas canceladas ou comida cara também não valiam mais nada, não quando tinham um ao outro.

Paris in the Rain • soogyu Onde histórias criam vida. Descubra agora