Teoria do Caos - 𝗖𝗵𝗮𝗶𝗻𝘀𝗮𝘄𝗺𝗮𝗻.

02 - Efeito Borboleta.

— ... Jovem de dezesseis anos encontrada morta nas barragens próximo a um lago, com sinais de brutalidade. O culpado ainda não foi pego e não há indícios de onde tenha vindo ...
Já se passaram três dias desde o caso, a repercussão tem sido grande e as pessoas só falam disso, a imprensa local recebe telefonemas sobre teorias o tempo todo, mas nunca possuem tempo para essas histórias e sempre desligam com três ou menos minutos de chamada. A Segurança Pública despachou três caçadores para encontrarem o demônio causador, mas ainda não retornaram do serviço ou sequer deram sinais.
— Alguma notícia sobre o caso? — Uma voz afeminada, que transpassava soberania. Ela vem de uma mulher de cabelos vermelhos e escorridos, entrelaçados em uma trança única que agora, estava caindo em seu ombro esquerdo. Uma pele pálida de aspecto delicado, olhos amarelos com uma íris única. Essa era Makima, chefe de uma das divisões especiais, era a maior figura de soberania dentre os outros.
— O corpo não foi recolhido pelo IML e nem pela polícia, eles disseram que o corpo e os restos desapareceram. Quando eles chegaram lá, só havia sangue e alguns pedaços do que acreditam ser órgãos. Na casa da garota havia um homem dormindo, quando chegamos lá. — Um dos caçadores relatava as informações que conseguiram com a breve pesquisa.
— Um homem? O que vocês fizeram com ele? — Makima apoiou os cotovelos na mesa e em seguida, pôs o queixo sobre uma das mãos.
— Esse homem pertence à Yakuza e disse que a garota trabalhava para eles. Sobre o demônio, foi um serviço que eles deram à ela, ele concordou em nos ajudar fornecendo informações que tinha. Aparentemente eles pagavam a garota pelos demônios que ela executava pra eles, isso é algo comum, especialmente com pessoas de baixa renda. E sobre ele estar na casa dela, ele disse que ela tinha dois gatos e que foi até a casa dela pra cuidar deles, mas acabou dormindo lá... — O agente cedeu os respectivos documentos que comprovam a veracidade do relatório, deixando sobre o mármore.
— Nós temos certeza que foi um demônio, então ele não me parece culpado de nada. Diga a ele pra vir até o meu escritório mais tarde, ele deve saber bastante sobre essa entidade...
— Certo, vou fazer isso.
O agente estava prestes a sair, mas um homem interrompeu seu caminho, aparentemente era outra pessoa da divisão especial e Makima não pareceu incomodada com a presença deste.

Uma semana se passou desde a morte de Prince, as autoridades foram se esquecendo do caso e conforme os dias se passavam, ninguém se importava mais, exceto a Segurança Pública.
— Hã? Por que justo nós?
— É! A gente nem tem nada a ver com essa história.
Power, Denji e Aki foram convocados ao escritório de Makima juntos, no começo de um sábado frio. Nesse momento ela estava com algumas pastas em mãos e uma expressão séria no rosto, algo que de longe amedrontava qualquer um.
— A garota foi vista viva ontem a noite, pode ser engano, mas é claramente a silhueta dela. O corpo havia desaparecido antes que as autoridades pudessem recolher, mas essas informações foram abafadas pelo governo. — Makima tirou da primeira pasta algumas fotografias. Era o corpo de Prince Sawatori em perfeito estado, vagando próximo do lugar onde foi supostamente morta. Ao lado das fotos havia um registro da documentação pessoal dela, eram a mesma pessoa.
— Morta-viva?! Cruzes! Eu não quero investigar, que medo... — Power se recolheu, tentando a todo custo se retirar dessa "fita" assombrosa.
— O que você tá falando? Você não é um demônio? — Denji a repreendeu, enquanto eles discutiam, Aki decidiu inspecionar mais de perto.
— Ela não tem nenhuma marca de costura ou dano, também não tem roupas. Ela parece estar vivendo como primata. Será que não é assombração?
— Tratem esse caso como algo sério. — Makima passou a mão pela testa, incomodada com a tiração de sarro.
— Eu não tive a intenção de brincar com isso, desculpa. — Aki se curvou, para compensar suas falácias inapropriadas.
— Talvez ela tenha se fundido com algum demônio, como o Denji. — Power deu a única sugestão que lhe veio na cabeça.
— Essa é uma das nossas teorias. — A chefe revirava os papéis um por um.
— Foi mal perguntar, mas por que você tá tão preocupada com essa garota? Talvez seja uma assombração mesmo ou alguém parecida. — Denji se curvou na mesa, olhando os papéis mais de perto.
— Minha preocupação está nessa foto. — Ela pegou uma fotografia no meio das outras e mostrou aos três. No registro mostrava a materialização de uma arma onde deveria ser a mão de Prince, não era algo abrangente, mas ainda assim, tinha a forma de um revólver.
— Isso só pode significar que ou ela firmou pacto com um demônio antes de morrer ou ele se fundiu com ela, mas isso é muito difícil... O demônio pistola, talvez.
— Demônio pistola? Ele é familiar pra mim. — Denji ficou incomodado com isso, mas não deixou transparecer.
— Meu objetivo é trazê-la para a Segurança Pública. Não sabemos a índole dela, podemos ganhar um aliado ou um prisioneiro... Sem contar que é extremamente perigoso deixá-la solta. — Makima tinha interesses maiores, era um grande peixe caso conseguissem capturar.
— Já lidaram com o demônio responsável por isso? — Aki testemunhou a brutalidade da qual o corpo fora exposto, no fundo ele sentia um arrepio na espinha e uma angústia no peito.
— Eu enviei três caçadores, mas eles ainda não voltaram. Eles não sabem da "ressurreição" da garota. Vocês três vão atrás dela e não voltem sem essa menina, vocês entenderam? — Makima tombou o rosto suavemente e entregou aos três um sorriso reconfortante, mas que de certa forma os deixassem atentos ao recado.
— Entendido.
O trio foi despachado e agora estavam enfileirados na porta exterior do prédio, de ombros caídos. A estratégia havia sido passada e aparentemente, pouco se entenderam sobre ela.

E então, a investigação começa agora!