"The stars, away, dim with the dawn..."
Saindo do quarto, Demius deu de cara com seu companheiro soltando dez perguntas por segundo. Toda aquela situação era intrigante e confusa, enchiam suas mentes com perguntas que não sabiam como achar as respostas.
— Como foi? Quem o enviou aqui? Só pode ter sido a Leona — bufou batendo o pé no chão — Aquela nariguda deve ter mandado ele para roubar meus tecidos!
— Edwin?
— Tenho certeza que foi ela. Já sabia que ela tinha inveja de mim, primeiro rouba minhas roupas e depois vai querer roubar meu lugar no conselho. Eu vou pegar a vassoura daquela bruxa e enfi... — foi interrompido por um tapa que foi depositado em sua nuca o fazendo cambalear para frente — O que deu em você?— O que deu em mim? Pare de ser idiota! Óbvio que não o mandaram aqui para pegar nada seu.
— E por que veio então?
— Não sei.
— Como? Você não entrou na mente do tal Ben?— Crystian. O nome dele é Crystian. Aparentemente não é alguém perigoso e não teve contato com ninguém daqui. A última memória dele é em um acampamento, não tem nada dele chegando aqui ou passando por algum portal.
— Isso é estranho. Ele não parece ser um de nós e nunca vi algum ser com aquele tipo de vestimenta.
— É um humano. já li um pouco sobre eles, mas nunca tinha visto um. E é isso que me preocupa, como um humano conseguiu chegar até aqui? A barreira impede que eles vejam e tenham acesso aos portais.
— Eu posso ir buscar o Evan para nos ajudar com isso, chefinho. Aproveito para passar na taberna e provar algumas carnes novas.
— Não! Você fica aqui vigiando o rapaz e eu irei até o mago, temos alguns assuntos para resolver além desse.
Sorriu ao ver a cara de indignado do amigo, mesmo sendo caótica, não podia negar que se divertia com aquela situação. Retirou-se do local rapidamente para não ter que ouvir os berreiros e reclamações por tê-lo deixado como babá de um ser que ele claramente não foi com a cara. Olhou por cima dos ombros apenas para rir um pouco mais da figura, agora distante, com uma mão na cintura e a outra gesticulando enquanto discute algo com o vento.
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E— Como aquele cretino teve a audácia de me deixar aqui? Não posso gastar minha paciência e beleza com esse humano de meia tigela. Bom, já que irei ficar de guarda tenho que aproveitar para sondá-lo e quem sabe descobrir algo.
Adentrou o quarto de forma abrupta, assustando o rapaz que se afastou rapidamente da janela escondendo algo atrás de si. Sorrindo amarelo foi dando passos largos de lado até chegar perto da cama, obviamente que esse comportamento suspeito iria despertar a curiosidade do loiro.
— O que está escondendo?
— Nada.
— É melhor me mostrar logo porquê eu descobrirei de qualquer forma.Meio envergonhado e relutante Crystian ergueu um lençol para frente, esperou que o homem brigasse pela sua falha tentativa de fazer uma teresa para fugir, mas ele apenas o olhou confuso esperando uma explicação.
— O que estava fazendo com isso perto da janela?
— Anh... Eu estava treinando uma dança. Isso, uma dança!
— Dança? mostre-me então.C
Não surta, não surta, não surta... Estou surtando! Nessas horas que eu gostaria de me esmurrar por ser tão burro. Eu poderia ter dito que tinha algum bicho na cama e fui jogar pela janela, mas a primeira desculpa que pensei foi essa, e para completar, eu não sei dançar.
— Vamos, estou esperando.
Não tenho outra alternativa, eu me meti nisso e tenho que sair. Lembro-me de uma dança que uma colega de trabalho estava mostrando para suas amigas, não que eu goste de olhar a vida alheia, apenas sou um pouco curioso. Era algo como dança do vento, não prestei muita atenção no nome.
Seguro o lençol com as duas mãos balançando de um lado para o outro, mexi um pouco meus quadris acompanhando o movimento dos braços. O fato de não ter nenhuma música presente tornava a situação mais constrangedora, comecei a cantarolar uma canção aleatória afim de amenizar o desconforto. Talvez, apenas talvez, eu tenha gostado de dançar aquilo. Fechei os olhos sentido o vento que entrava pela janela balançando meus cabelos, segui pulando e rodando com aquele tecido em minha volta, a sensação estava sendo tão boa que por um momento esqueci que tinha um desconhecido me assistindo. Abri os olhos quando lembrei-me do porquê tinha começado a dançar, meu desespero aumentou quando senti o lençol enroscar em minha perna, tentei evitar o desastre, mas como a sorte é minha inimiga senti o abraço nada confortável do chão.
Risadas escandalosas preencheram o quarto, a cena era hilária. Enquanto um estava no chão todo enrolado em um lençol, com o rosto corado de vergonha, o outro estava sentado na cama com uma mão na barriga e outra estapeando a perna em uma crise de riso.
— Pare de rir! — levanto com raiva, estava me sentindo tão humilhado. Nem teve graça para esse escândalo todo, ele deve ter alguns parafusos soltos.
— Ahh! Se eu soubesse que isso seria tão divertido teria entrado aqui antes. Posso trazer mais lençóis para sua próxima apresentação, cabeça de fogo.
— Seu loiro aguado, agora você me paga!
Pulei em cima dele apertando seu pescoço, ele parecia não sentir nada, e isso me irritava ainda mais. Ouvi um pigarro e olhei para traz por curiosidade e lá estava ele, o homem emburrado de olhos vermelhos. Aquele ar arrogância que ele carrega me faz ter vontade de voar em cima dele também.
— Uau! Me enganei ao achar que estariam se matando quando eu chegasse, já estão com indecências tão cedo?
— O que? — questionamentos juntos empurrando um para longe do outro.
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Paraíso Sangrento
RomanceApós um acidente, Crystian acorda em um mundo desconhecido e decide explorá-lo para solucionar os mistérios ao seu redor. No meio desse caos, ele encontra um motivo para não querer voltar à sua realidade anterior.