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Quando deixei Rafael na porta do motel eu sabia que tinha algo de errado com ele, eu podia sentir isso, aproveitei que o ônibus estava vazio e liguei para minha mãe, minha relação com ela é complicada, desde que apresentei o Rafael ela disse que não havia gostado dele.

--Oi filho—A voz estava cansada, era umas 11:00, tinha acabado de acordar eu aposto—Como estão as coisas? bem eu espero.

--Tá tudo bem, só o Rafa que está estranho, acho que teve um pesadelo.

--É claro, até eu teria, você escreveu as reportagens, olha como ele sofreu filho, é o seu dever proteger ele...

Essas coisas que ela disse me fizeram pensar que ela estava sendo coagida a falar isso, desde quando ela é madura desse jeito, perdi algum episódio.

--Como que está o pai? ainda bebendo né

--Seu pai sempre foi complicado filho, ele não está em casa agora, por isso eu atendi.

Enquanto ela falava eu olhava a paisagem de São Paulo desaparecer, era incrível como as pessoas urbanizaram uma área como essa mas deixaram a vegetação crescer em volta, quase livre, tive que desligar o telefone pois estava fazendo várias integrações diferentes para poder chegar no Tremembé, quando finalmente cheguei era umas 14:00, estava com fome mas o iFood iria ter que esperar, me apresentei com o crachá da imprensa e me revistaram, encontraram o canivete e eu só pude falar que meu namorado me deu e que era o Rafael Cardoso, eles entenderam mas proibiram a entrada junto com o canivete, acho que o Rafa sabia que isso ia ocorrer, por qual outro motivo teria me dado isso, bom, não via propósito em ter uma arma branca e deixei confiscarem sobre a promessa de que vão me devolver. Ao passar pelas celas eu consegui ver alguns presos falando sozinhos, outros rabiscando as paredes, uma superlotação incrível, o governo deveria expandir isso, invés de se preocupar em só prender e jogar aqui, deveriam aumentar isso também, está ai uma das falhas, estamos em fevereiro e a maioria está na saidinha do carnaval, achei o fim quando anunciaram que ia ter, mais uma chance para eles matarem quem não conseguiram matar.

Depois de passar por corredores extensos e alguns presos estranhos, até um homem cego que parece que sabia da minha chegada, por sussurrar meu nome, bizarro, quando cheguei no lugar da entrevista havia uma jarra cristalina de água sobre uma mesa de dois lugares, dois copos vazios e câmeras de segurança ao redor da área, quando trouxeram o Alexandro ele tinha marcas visíveis de agressão, ele se sentou e me acompanharam para se sentar também, os policiais carcereiros ficaram atrás de mim, de prontidão esperando qualquer oportunidade para espancar Alexandro se uma célula do corpo dele se mexer de maneira errada.

--Então Gregory, namorado do Rafael Cardoso...

--Como sabe disso, aposto que não há jornal por aqui.

--Seu namorado é famoso senhor Cardoso—Me senti estranho quando ele disse isso, claro que já pensei em me casar com Rafael, mas eu usar o nome dele, Sr.Cardoso, soa bem—Ele prendeu as pessoas mais conhecidas que você viu aqui, o cara cego ele era advogado, suspeito de vários incidentes, a Suzane nem preciso falar nada, o assassino da rua 8, não tem nenhuma alma miserável aqui que não sabe quem ele é.

--E o que você quer comigo, aposto que não é para me fazer sentir pena de você, além de ser um canibal ainda é arisco.

--Hm, eu deveria dizer que está bonito Gregory, mas vamos ser sinceros, quando eu sair, por uma falha na lei ou se me soltarem por uma rachadinha se quer, eu vou atras do seu namorado e consequentemente de você, 789 não vai deixar isso barato.

--O que é isso?, um código.

--É a arte, é tudo e mais um pouco, são as pessoas que você pode confiar e que não pode, é tudo muito lindo... Você acha que eu te trouxe aqui atoa, sem um plano né, eu só queria atrair você para cá e te deixar sozinho.

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