Quebrada

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As vezes o fundo do poço não é tão longe,
as vezes ele não é para sempre.
As vezes é apenas a limitação que sofremos,
ou pelas decepções das quais morremos.
As vezes a esperança se vai e você se sente muito mais sozinha e um desastre,
e você percebe que tudo é muito triste.
As vezes os traumas te derrubam mas você se levanta sorrindo,
mas no fundo você está gritando agoniada por estar doendo.
Porque quem é quebrado,
é o que mais sorri mesmo destroçado.
Porque quem é menos amado
é o mais inseguro.
Sempre preferem mais o outro,
apesar de estar errado.
Porque quem é o mais Perfeito.
é o mais cobrado.

Apesar de eu dizer que eu não me importo, eu sinto.
As pessoas não querem ver ou saber,
que você também é humano e sente aquilo doer.
E está é a mais pura verdade,
de quem passou muito tempo sozinho,
como um passarinho esquecido no ninho,
ou preso numa gaiola,
esquecido pelos que davam esmola.

Quem é sozinho,
sabe a dor que lhe persegue pelo caminho.
A qualquer hora,
a qualquer minuto, sem pausa e demora.
as palavras rodam como um ser imaginario,
você é tão solitário,
que ninguém aguenta o perdido,
que foi encontrado quebrado.

Sempre tem a verdade que o mundo esconde,
mas não querem que descobre.
Por baixo de uma máscara falsa,
há lágrimas pedindo ajuda,
mas não há nenhuma pessoa bondosa.
Sempre tem mais da mentira, do que um toque de verdade.
Nada é errado sem provas, até que encontre.
Ou te matem,
afinal, eles mentem.
E escondem o verdadeiro monstro,
por meio de uma rachadura eu o encontro.
Seja em pesadelos ou sonhos,
estão sempre lá, como qualquer coisa pertubadora.
me pedindo como se fosse sua portadora.
Mas eu recuso a deixa e as ofertas,
já tiraram minha paz,
mas não minha voz.

Me lançaram ódio,
mas entre as palavras...
Eu recebi apoio,
e fui adorada por pessoas.
Passos que odeio,
mas que continuo.
Processo que me destrói,
mais eu aguento.

O que é mais um pouco de dor?
para uma pessoa sem amor?
O que é mais um dia?
para uma pessoa que já desistiu da
vida?
Um tortura,
aquela que te deixa marcas escuras.

Quando o sol some,
ainda vejo o que teme.
E isso não me controla,
quem seria ela?
Quem seria eu?
Eu e ela, não fizemos nada que mereceu.
Ela era eu,
e eu já fui ela.
Eu me apeguei as memórias dela,
enquanto carregava ela.

O tempo a matou,
e por isso aqui estou.
A nova versão,
a que restou do seu coração.
A que precisou se tornar uma guerreira,
e erguer barreiras.
Ou morreria também,
pelos intrusos que não queriam o seu bem.

Agora eu entendo tudo,
e mesmo assim.
Eu apenas escuto,
eu não me importo,
mas quando paro eu escuto um pouco de tudo.
E lembro que ela era assim,
feliz,
e sempre parava para fazer alguém rir.
Gostava de vários sons,
e nunca se cansava de alguns.
Foi machucada,
e pouco a pouco, foi mais que ferida.
O machucado foi crescendo,
crescendo, abrindo, a consumindo.
Até que a garota gentil que ela era,
morreu naquela primavera.

Eu ainda consigo lembrar do sorriso dela,
enquanto ela pensava nos sonhos dela.
E em quem ela era,
era tão feliz que ainda não me conformo em como a perdera.
Foi quebrada,
e substituida,
como se fosse nada,
e ela tudo menos ser alguém alcançada.

Ela foi quebrada,
e mesmo assim continuou sendo uma pessoa que ama.
Ela não pediu e nem foi vingada,
então porque eu tive que surgir?
Porque ela teve que morrer e eu ressurgir?
Ela era muito mais melhor que eu,
e não fez nada disso para que merecesse o final que a deu.

Ela era uma criança,
que tinha muita esperança.
Eu tão pouco danço,
como ela gostava.
Eu não gosto de abraço,
como ela sempre dava.

Ser quebrada,
foi um choque descobrir que seria quase nada seria restaurada.
Você tem que seguir o curso,
não pode reclamar,
nem esperar que alguém um dia vai te amar.
Apenas siga, e tente fazer um bom uso.

O caminho,
ainda é confuso.
Eu sigo com falta dos toques,
das vergonhices,
dos beijos,
dos jeitos,
dos jogos,
dos carinhos,
das conversas,
da minha antiga vida.

Mas ser quebrada,
é saber que tudo isso vai ter que ser mudado.
Eu não quero ser quebrada,
eu quero voltar para casa.
Me faça voltar para casa,
eu quero voltar a minha casa.

Onde eu posso correr pelos campos,
fazendo um monte de desejos.
E não precise me preocupar com a realidade,
que me machuca com crueldade.
Nem que eu precise vestir uma mascara,
para eu poder me proteger de qualquer cara.
Ou que ande pelas ruas com medo,
precisar sempre ficar atenta e sempre sentir alguém te olhando.
Odeio,
odeio,
odeio,
me tire daqui sem rodeios.
Eu quero voltar para a casa,
quero que voltem me chamar como me chamavam quando criança mais carinhosa.
Que não temia nada,
e sempre dava um trabalho danado.
Sempre corria, brincando com o nada.
E voltava cansada por correr tanto,
e sentir estar suando,
mas não de intenso medo,
e nem um pouco me importando.
Mas sim, porque aquilo me cansou,
e só desejo um banho desde quando aquilo acabou.

Agora esfrego a água na pele,
mais ainda tem marcas na pele.
Ainda sinto os toques,
mais eram diferentes.
Não eram ingenulos como de uma criança,
mas como uma brincadeira sem graça.
Tento empurrar para o fundo da memoria,
mas resgatam a historia.
E ela se repete em pesadelos,
ignorando totalmente os meus desejos.

A noite esta muito escura,
para uma garota que se sente suja.
E isso continua,
noite e dia,
dia e noite.
Sempre,
cada hora,
cada minuto,
cada instante que você deseja que isso para.
tenta dizer que se importa e muito.
Mas você nunca consegue fugir,
mesmo que você deseja que ele não te encontre,
ele te acha e vai te fazer querer rir.

Rir de pânico,
aqueles que você sente pouco a pouco.
Lhe arrastando para fora da garganta,
e sem demora te arrasta,
para qualquer medo que te espera,
a qualquer hora.
Perigo,
perigo,
perigo,
foi isso que fizeram comigo.
Foi isso que dizeram ser um castigo,
enquanto uns se divertiram comigo.

Foi nojento,
e por mais que tente esquecer aquele momento.
Já esta preso a mim,
mais isso não foi o fim.

Ainda tinha mais,
e eu só queria ter voltado para trás.
Onde não precisa estar cheia de remedios,
e que só sentia um monte de tédios.

Eu queria não ter sido quebrada,
mas agora já foi.
E agora que você me conheci,
sabe que eu fui deixada para trás machucada...E quebrada.

( Oi, gente? Tudo bem? Espero que sim, acho que essa poesia é umas das mais pesadas que já escrevi aqui. Temos um tema bastante traumatico aqui e quero deixar bem claro para as vítimas, que não precisam ter vergonha e apesar de estarem se sentindo quebradas ou sujas...Saibam que aqui, eu não te julgo. Na verdade, ofereço um ombro amigo. Ser violentada é uma coisa séria, e que infelizmente acontece em qualquer lugar, qualquer hora, e com qualquer garota. Quebrada é um original que retrava sobre uma alma quebrada, mas eu passei a refletir melhor e me questionei, o que seria uma alma mais quebrada...Do que aquelas que foram machucadas violentamente? Enfim, o poema em si foi uns dos mais grandes que já escrevi contendo 943 palavras, foi atualizado no dia 20-08-24. Me digam a opinião de vocês sobre o texto, estou aqui em aberto para ouvir cada um.)

O Canto da PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora