capítulo 21

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O mensageiro foi chamado mentalmente por Jun Wu. Ele resmungou antes de depositar um beijo calmo nos lábios de Xie Lian, e voltar para dentro do palácio.

O garoto de cabelos castanhos se ajoelhou ao lado da raposa, que permanecia encarando a água do lago.

— Wei Wuxian?

— Hum?

Subiu seu olhar para o mesmo. Xie Lian tinha um brilho de esperança em seus olhos, que nunca o deixava. Isso acalentava o coração da raposa.

— Eu entendo o que está sentindo.

Seu olhar se focou na grama verde sob seus corpos, e ele pareceu divagar em lembranças não tão boas, fazendo o brilho em suas orbes tremer.

— Já senti a dor de ser separado de Hua uma vez. E espero nunca mais a sentir.

Wei Wuxian puxou o cisne para um abraço apertado. Afagou os cabelos castanhos do mais novo, enquanto Xie Lian sorria contra seu ombro.

— o que vai acontecer se eu matar Jun Wu? Quer dizer, se é que isso é mesmo possível...

Sua cabeça estava girando. Estava confuso com tudo que sua mente estava absorvendo. Não tinha ideia do que faria com Jun Wu, ou o que aconteceria depois disso.

Ao tocar seus dedos trêmulos na grama da margem do lago, Wei Wuxian sentiu algo em si se agitar. Ele podia sentir as árvores e plantas mais próximas se comunicarem em sua mente, lhe confortando.

Cipós finos saíram de seu braço, alcançando o chão e o adentrando. Quando a raposa pensou que eles iriam até alguma raíz ali perto, ele sentiu os galhos indo mais além.

Atravessando o que parecia uma camada espessa de ar, e caindo rapidamente, alcançando os galhos e logo o tronco forte de uma árvore, que Wei Wuxian não podia ver.

Sentiu seu corpo estremecer e seus olhos se arregalarem levemente, ao reconhecer os caules de suas rosas envoltos no tronco do carvalho.

Seus cipós haviam alcançado a floresta de Gusu.

Ergueu seu olhar e viu Xie Lian sorrir enquanto observava os galhos saindo de si. Ele imaginava o que estava acontecendo. Ele sabia o que estava acontecendo.

O moreno se concentrou mais, enquanto sentia-se sendo guiado pelos próprios caules. Ele não podia ver, e a vaga memória que tinha do espaço não lhe permitia ter uma visualização melhor, então apenas permitiu que sua magia tomasse a frente.

O guiaram por toda a floresta, passando pelas árvores de cerejeira que beiravam a cachoeira cristalina, alcançando os túmulos dos lobos falecidos. Wei Wuxian deveria encontrá-los depois.

Por onde passavam, o vento ao redor se agitava, os animais desviavam alegres, e as plantas sussurravam entre si.

Seguiam apresados e animados, até alcançarem finalmente a grama por baixo da neve, que cercava a clareira das cabanas. Wei Wuxian sentiu quando se esticaram em volta do tronco caído que servia como acento no meio da clareira.

Os caules se acalmaram, e Wei Wuxian sabia o que eles haviam encontrado. Quem haviam encontrado. Desejou profundamente que pudesse observar através deles, mas mesmo que não pudesse ver, criou uma rosa vermelha na ponta dele.

A flor era esvoaçante, brilhante e cheia de vida. Sua cor vibrante realçava em meio a neve branca que cercava o local.

Wangji, que estava sentado no tronco, se assustou ao ver a flor surgir de repente. Mas logo se lembrou do que viu na floresta, e seu coração se agitou.

Ergueu suas mãos levemente trêmulas para tocar na planta delicada, e mal percebeu que as lágrimas já ameaçavam deixar seus olhos. Sentiu uma dor forte no peito, ao reparar que um líquido tão vermelho quanto a própria flor, escorria por seu caule. 

— Wei Ying...

Ele entendia vagamente o que estava acontecendo. As plantas que Wei Wuxian criava, refletiam o que estava sentindo.

Quando várias dessas flores machucadas se espalharam pela floresta, o deixando alarmado, elas refletiam o profundo medo e a dor da perda que Wei Wuxian ainda guardava dentro de si.

Quando elas se espalharam pela floresta depois que voltaram de Yiling com os jovens, elas pareciam sorrir como crianças que comeram doces demais em um dia.

Wangji aproximou seu rosto da pequena flor, e beijou suas pétalas delicadamente, como se fossem o reflexo da própria raposa.

— Quero você em meus braços outra vez...

Sentiu o caule rachar, e a flor cair lentamente na neve branca, a manchando com o sangue que ainda pingava fracamente.

Ainda no Reino celestial, Wei Wuxian sentia as lágrimas rolarem incontidas por suas bochechas e sua garganta queimar com a vontade imensa de gritar sua dor e correr até o lobo.

— Eu só quero tê-lo de volta, Lan Zhan... — sua voz era apenas um sussurro.

Se levantou em pulo e recolheu seus caules para dentro de si novamente. Encarou as orbes do castanho, e o viu sorrir compreensivo.

Seus olhos azuis carregados de determinação, que foi criada a partir de seu ressentimento por Jun Wu. Correu pela beira do rio, até alcançar a parte de trás do palácio.

O véu branco nos cabelos de Xie Lian balançava delicadamente enquanto corria para acompanhar a raposa.

A cena que encontraram no Jardim, era repugnante. Jun Wu tinha uma única mão envolvendo o pescoço de Hua Cheng. As veias que saltavam na pele branca denunciavam que ele estava usando mais força do que deveria.

O brilho de esperança nos olhos do cisne foram substituídos por uma fúria que ele não pretendia conter. Wei Wuxian agiu primeiro, o surpreendendo.

Galhos fortes emergiram de seus braços e cravaram no chão. Assim como quando chegou, subiram pela perna do imperador, mas dessa vez indo direto ao braço que segurava o mensageiro contra a parede.

Hua Cheng não morreria com aquilo, mas não impedia que o fizesse sentir uma imensa falta de ar. Quando os galhos praticamente puxaram os dedos de Jun Wu, fazendo com que soltasse seu pescoço, ele caiu ofegante no chão.

Xie Lian correu em seu socorro. O ajudando a ficar em pé novamente, eles observavam admirados enquanto a raposa envolvia o imperador em uma espécie de casulo.

Galhos fortes e com espinhos para todos os lados, envolviam o corpo de Jun Wu, que tentava rasgá-los, Inutilmente. Seus olhos refletiam seu medo.

Ainda assim, em desespero, ele lançou uma rajada de vento que fez com que Wei Wuxian se desequilibrasse. Ele caiu sobre um de seus joelhos, perdendo a concentração.

As almas dos híbridos começavam a se amontoar, observando espantados e sem entender o que estava acontecendo. Mas nenhum deles ousava se intrometer.

O mensageiro se ajoelhou ao lado da raposa para se certificar de que estava bem, enquanto Xie Lian se posicionava em sua frente. O garoto parecia fuzilar o Imperador apenas com o olhar.

Jun Wu também havia sido derrubado no chão. Se levantou um pouco tonto, e com raiva. Ergueu uma de suas mãos, preparando outra rajada mais poderosa, que todos ali sabiam, poderia cortar uma pessoa viva.

Xie Lian ainda estava vivo, mas nunca se importou com os poderes de Jun Wu. Ele também tinha força, e poderes. Pode não ser tão poderoso quanto, mas não é indefeso.

Ergueu as duas mãos na frente do rosto, chamando a água calma do lago onde estavam agora pouco, criando prontamente um campo de proteção ao redor dos três.

Blood Roses-Wangxian (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora