Capítulo 2 De volta ao lar

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Depois de acordar, ainda ligado ao soro em meio ao quarto de hospital, Jimin se permitiu encarar o teto inteiramente branco daquele quarto e, em fim, chorar. Por longas horas foi apenas isso que conseguiu fazer.

Pela segunda vez na vida, se sentiu fraco e impotente, sem saber o que fazer, ou mesmo ter alguém em quem se amparar.

Seu peito ardia, os pulmões tinham dificuldade em buscar o ar, suas mãos tremiam e sua mente estava uma bagunça. Não muito longe dali havia um bebê, em uma sala igualmente branca porém mais esterilizada, com uma enfermeira observando as diversas incubadoras com bebês dorminhocos, todos lindos e fofos. Mas um deles em específico pareciam não querer pegar no sono, babando nos próprios dedinhos com olhos atentos; era quieto e observador, um garotinho muito curioso. Seus olhos vagavam de um lado para o outro como se procurasse por algo, mas de maneira quieta e paciente ele esperava, como um bom menino.

Mas voltando ao quarto do adulto inquieto, este decidiu, após longas horas de dor e lágrimas, retirar seu soro, se recompondo e então abrindo a porta que dava ao corredor do hospital. Olhando para um lado e outro, Jimin viu o relógio pendurado no final corredor a direita, e que este marcava às seis da manhã do dia 7 de fevereiro. Se lembraria daquela data, gostaria que fosse apenas pelo nascimento do seu menino, mas agora também partilharia de outro tipo de aniversário.

Seguindo até a ala maternal onde ficam as incubadoras, ainda fungando baixo e de olhos inchados, mas com desejo imparável de conhecer o rosto daquele que carregaria seu amor eterno.

Ao em fim chegar no quarto, parou de frente ao largo vidro de onde eram permitidos observar os bebês. Logo a senhora Joubert se aproximou do vidro ao que notou a presença do Park. Esta sinalizou que o mesmo desse a volta e entrasse no quarto, tendo um assentir cabisbaixo como resposta. E sim, ela sabia a razão daquele olhar tristonho, todos no prédio sabiam, a bandeira de tom preto em frente ao hospital já sinalizava a perda, o silêncio incomum no local também parecia respeitar o momento, a manhã chuvosa que era vista pelas janelas do corredor também pareciam externar as emoções de todos.
E lentamente, com pensamentos diversos e ao mesmo tempo nulos, Jimin vestiu seus EPIs e adentrou a sala sendo recebido com um olhar penoso e solidário da senhora de meia idade tão querida pelos residentes e bebês.

___ Eu sinto muito, querido ___ disse em tom sentido. O Park apenas assentiu. Não conseguia falar, parecia não estar pronto para isso, a final não perdeu apenas uma melhor amiga, perdeu uma irmã, uma conselheira, um amor puro, que gerou outro ser de puro amor. Mas ainda não sabia como reagir, como olhar para criança, ou como viveria sabendo que um dia seria forçado a revelar que sua mãe havia falecido no dia do seu nascimento; que seu pai não sabia da sua existência e que tudo que ele tinha agora era um homem de passado indescritível e psicológico fodido para cuidar de si.

No entanto, assim que Joubert lhe guiou até a incubadora do garotinho de olhos espertos, Jimin ouviu os gritos em sua mente cessarem. Os olhinhos azuis, com cílios longos e boquinha pequena, de pezinhos fofos e mãos babadas, com íris vidradas em si, e como se estivesse apenas o esperando, Jaehyun em fim soltou os primeiros sonzinhos inquietos esticando as mãos para cima e para os lados, demonstrando certa animação.

E ali, no mesmo instante em que o sorriso lhe tomou o rosto, Jimin também deixou mais uma lágrima cair, essa no entanto, era de alegria. O amargor em sua boca repentinamente passou a sumir e seu peito já não mais apertava.
Um serzinho feito de puro amor havia conseguido o fazer sentir o conforto de um momento de felicidade.

E foi a partir dali, que Park Jimin decidiu recomeçar outra vez, percebeu também que a vida era cheia de recomeços, não precisavam ser apenas um ou dois, na verdade, quanto mais melhor, recomeços bons são sempre bem vindos, e aquele seria ainda melhor que o anterior.

DON - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora