Capítulo 03

145 33 4
                                    

DANDARA

Ergo o olhar para Esdras, que está impassível, aguardando a ligação junto comigo e Henrique no escritório. Contei ansiosamente cada minuto do meu dia para poder ouvir a voz do meu filho e talvez agora possamos obter uma localização, isso é muito mais do que eu poderia imaginar há alguns dias.

O matador de aluguel passou o dia na minha casa como uma sombra, observando todos os meus passos. Não sei ao certo o que pretende com isso, mas tenho quase certeza de que se refere ao fato de eu querer ir pelo meu filho. Não vou desistir disso e Deus me ajude a aprender o que preciso.

Quando o toque do telefone ecoa pelo ambiente, estendo o braço para alcançá-lo, mas sou imediatamente interrompida por Esdras. Lhe lanço um olhar duro, brava por ele me impedir de pegar o aparelho.

— Tome cuidado para não demonstrar nada — diz, sério. — A porra de um erro agora colocará tudo a perder.

— Está certo — me acalmo, vendo que tem razão.

Deslizo o dedo na tela do celular e imediatamente coloco a ligação no viva-voz. Esdras tem o olhar duro sobre mim, que não consigo esconder o nervosismo diante da situação. É o meu filho de quatro anos nas mãos daqueles bandidos.

— S-sim — digo, juntando as mãos com força.

— Seu tempo tá se esgotando, caralho, nossa paciência também.

Fecho os olhos, sentindo o meu coração baquear mais uma vez. Todos os dias sinto que o fio de esperança que ainda seguro está mais frágil, mas preciso lutar por isso... pelo meu filho. Farei absolutamente qualquer coisa.

Esdras, com um gesto, me manda seguir com a conversa, fixando o seu olhar na tela do computador, onde tenta rastrear a ligação.

— Estou... trabalhando nisso, investigando... não tinha acesso a nada. Terei uma resposta em breve, eu prometo. — Tomo uma respiração profunda. — Quero falar com o meu filho.

— Você não está em condições de pedir nada, a partir de hoje não tem mais conversa com o filhinho. — O homem diz, duro. — Não enquanto não nos der alguma coisa.

Trago as mãos à boca, tomando consciência do que essas palavras significam, abafando um soluço que corta a minha fala. Sinto o toque do Henrique no meu ombro, me apoiando.

— Por favor... por favor — imploro. — Preciso falar com o meu filho, ele é apenas um bebê e não tem culpa de nada.

— Não dou um caralho, eu quero a porra do que pedi. Quem dá as cartas aqui sou eu.

As lágrimas que rolam pelo meu rosto são de raiva, tanta raiva que mal posso me conter para manter essa ligação até que Esdras consiga o que quer, mas é muito tarde. Antes que eu possa formular qualquer palavra, a ligação é encerrada.

— Não! — Cubro o rosto com as mãos, sabendo que o tempo na linha não foi suficiente para Esdras. — Não... não. Meu filho.

O desespero dentro do meu peito funde-se com toda a raiva que cresceu nos últimos dias, fazendo o meu corpo todo tremer. Com o rosto banhado em lágrimas, ergo o olhar para Henrique, que ainda tenta me consolar.

— Vou em busca do meu filho — digo, decidida.

— Dandara, não pode...

— Já escutei demais os seus conselhos, Henrique. — Fico de pé. — Não dei nada do que me pediram porque confiei em você, mesmo sabendo que o meu filho ainda corre perigo...

— Está me culpando por isso? — Se altera.

— Estou dizendo que vou seguir o meu coração... irei com Esdras em busca do Huguinho. — Limpo o rosto, completamente séria.

Mentiras Mortais (Danger)Onde histórias criam vida. Descubra agora