Mentiras Mortais (Danger)

Capítulo 05

DANDARA

É madrugada quando fecho a porta para Esdras, conseguimos as passagens para o México, a viagem será depois de amanhã. Fechamos hospedagem e encaixamos toda a história que precisaremos contar para nos infiltrarmos na organização, usaremos o nome do Hugo.

Me sinto terrivelmente nervosa e apreensiva pelo meu filho, sinto medo de acabar o prejudicando, mas não posso mais ficar com os braços cruzados esperando. Esdras e eu seremos um casal, isso só é possível graças a Henrique que me garantiu que os chefes da organização não conhecem o meu rosto e o meu sobrenome será diferente graças aos passaportes falsos.

Tudo o que precisamos fazer é nos infiltrar buscar informações sobre o meu filho e trazê-lo de volta. Não será uma missão fácil, conviver com as pessoas que destruíram a minha vida é algo que não posso cogitar ainda.

Apago as luzes da casa para subir as escadas e tentar dormir um pouco, o meu corpo implora por algum descanso. Me dirijo ao meu quarto, coloco a minha camisola de seda e me enrosco nos lençóis, completamente desperta. Estar sozinha enfrentando o mundo inteiro é perturbador... me sentia protegida com Hugo ao meu lado, não temia absolutamente nada.

E agora descubro que ele era o maior perigo para mim e o nosso filho.

Alcanço o meu celular na mesa de cabeceira e acesso a galeria de fotos e vídeos. Volto um pouco, até encontrar o vídeo que fiz dos primeiros passos do Huguinho. Meu marido está sentado no chão, perto do nosso filho, vigiando para que não se machuque, seu olhar orgulhoso e amoroso aquece o meu coração.

Lembro da felicidade que senti tão intensa naquele dia, do orgulho do meu filho por dar os seus primeiros passos sozinho. É como se isso estivesse tão distante agora, me sinto completamente oca, tomada por sentimentos que antes eram desconhecidos por mim. Raiva e sede de vingança.

E é assim, com lágrimas nos olhos e o desejo crescente de ter o meu filho de volta, que me forço a fechar os olhos e descansar. Huguinho precisa de mim.

***

Estou tomando o meu café da manhã, já pronta para o treino de hoje quando ouço a campainha. Olho em direção ao relógio na parede, com o cenho franzido. Esdras chegou mais cedo.
Instantes depois, ele surge na sala de jantar, acompanhado por Miriam. Seu olhar forte é dirigido rapidamente para a mulher, me dando uma deixa, e eu faço um sinal para que ela saia.

— Bom dia — digo assim que Miriam se retira. — Não o esperava tão cedo... sente um pouco.

— Não, obrigado.

— Aconteceu alguma coisa? — Limpo os lábios com o guardanapo.

— Preciso da sua permissão para fazer uma busca no seu quarto.

As palavras me deixam sem ação por alguns instantes. Confiar em Esdras ainda está sendo algo difícil, apesar de saber que ele é a saída para o problema que tenho.

— Por quê? — consigo perguntar.

— Quero saber se Hugo escondia algo na casa, algo que possa ser uma pista.

Reflito por alguns instantes, mergulhada em dúvidas. Não acho que o meu marido possa ter algo em casa, não quando mantinha toda a sua vida dupla escondida de mim.

— Está bem — digo, por fim. — Você pode ir.
Ainda sem demonstrar nenhuma reação, Esdras se retira para ir em direção às escadas que dão acesso ao primeiro andar. Me apresso no meu café da manhã, querendo acompanhar de perto o que aquele homem tem em mente.

Ao terminar de comer, me coloco de pé apressadamente seguindo para as escadas. Cruzo o corredor do primeiro andar e me detenho na porta do meu quarto quando o vejo mexer nas gavetas. Seu olhar se dirige rapidamente à mim antes de retornar ao que estava fazendo.