1/Eu não tenho sorte alguma a meu favor

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- CAPÍTULO 1 -




Olhe, eu não queria ser um meio-sangue.

   Se você está lendo isto porque acha que pode ser um, meu conselho é o seguinte: feche este livro agora mesmo. Acredite em qualquer mentira que sua mãe ou seu pai lhe contou sobre seu nascimento, e tente levar uma vida normal.

   Ser meio-sangue é perigoso. É assustador. Na maioria das vezes, acaba com a gente de um jeito penoso e detestável.

   Se você é uma criança normal, que está lendo isto porque acha que é ficção, ótimo. Continue lendo. Eu o invejo por ser capaz de acreditar que nada disso aconteceu.

   Mas, se você se reconhecer nestas páginas – se sentir alguma coisa emocionante lá dentro -, pare de ler imediatamente. Você pode ser um de nós. E, uma vez que fica sabendo disso, é apenas uma questão de tempo antes que eles também sintam isso, e venham atrás de você.

   Não diga que eu não avisei.

Meu nome é Summer Ayer's.

   Tenho dez anos de idade. Até alguns meses atrás, era uma criança normal, que me preocupava apenas se poderia ir ao parque com a minha cachorra nos finais de semana e ser invisível durante a semana na escola municipal na cidade de Nova York.

   Se eu sou uma criança problemática?

   Não. Pode-se dizer isso.

   Eu poderia partir de qualquer ponto da minha vida curta e infeliz para prová-lo, mas as coisas começaram a ir realmente de mal á pior no último mês de maio, quando a minha vizinha – uma mulher na casa dos quarenta – se mudou para o meu prédio, se tornando a minha vizinha da porta da frente.

   Eu sei, parece uma criança chata. Em que a maior parte do tempo esta reclamando e fazendo escândalo.

   Mas enquanto a minha mãe não a pedisse para tomar conta de mim e de meus irmãos, eu ainda tinha esperanças.

   Mas cara, como eu estava errada

   Entenda: coisas estranhas acontecem comigo o tempo todo.

   Então sim eu prefiro ficar sozinha e cuidar de mim mesma.

   Como no inicio de ano, eu vi um cavalo alado voando para cima de um prédio quando estava andando na rua com minha mãe. E eu já tive muito problemas no parque quando jogava disco com a minha cachorra – eles sempre voltavam para mim, e na hora eu desviava, e acabava acertando em alguma coisa ou em alguém – já que o vento não é meu amigo.

   E antes disso, na quarta série, em uma excursão a um zoológico, na área das cobras, uma píton gigante conseguiu sair de seu tanque e tentou me morder, sorte minha os cuidadores do zoológico chegaram a tempo e nada aconteceu.

   Mas como eu disse antes.

   Eu não tenho sorte alguma a meu favor.

   Em meu apartamento junto comigo viviam mais comigo minha mãe, meu padrasto, meu irmão mais velhos de 20 anos e meus outros dois irmãos mais novos um de 5 anos, Noah e o outro de 2 anos, Liam.

   Minha trabalhava todos os dias eu não sabia onde, saia de casa as seis da manhã e voltava apenas depois das oito da noite, menos nos fins de semana. Meu padrasto estava, no momento como ele dizia, desempregado e vivia bêbado pelos cantos e fora de casa. Meu "irmão" mais velho, Thomas, trabalhava arrumando coisas nos apartamentos vizinhos, como uma faz tudo aqui no prédio, mas eu mal o via, e muito fazia questão de o ver.

   Já eu, quando não estava na escola ou fugindo de tudo no parque, tinha que ficar em casa cuidando dos meus irmãos mais novos ou servindo de garçonete e faxineira.

   E foi durante uma semana de provas, a mais temida por mim, que as coisas pioraram.

   O interfone tocou.

   — Isso está uma porcaria, nem para limpar direito você serve – meu padrasto gritava comigo, bêbado novamente.

   Eu estava escondida atras do sofá, encolhida. Conseguia ouvir os gritos do meu irmão mais novo Liam e choro pesado de Noah enquanto ele continuava a gritar. Thomas estava trancado no quarto com som ligado no máximo possível.

   Minha mãe não chegava do mercado nunca, e ele continuava a gritar e me procurar. Sabia que tinha que sair e ir até meus irmãos, tentar acalma-los, mas se eu saísse de traz do sofá e ele me visse, eu levaria uma boa surra.

   Eu ouvir o interfone tocar novamente.

   — De novo essa porcaria – ele abriu a porta e deu de cara com a nossa nova vizinha, Senhora RedWine. — O que quer aqui?

   Sim, minha mãe a contratou para ser minha babá e dos meus irmãos todos os dias menos aos fins de semana, quando minha mãe estava em casa. Ela parecia gostar de me ver sofrer enquanto eu limpava a casa como a Cinderella

   Eu sai do meu esconderijo, indo em direção ao quarto dos meus irmãos enquanto ele estava na porta. Ela sorriu para o meu padrasto, um sorriso macabro, e eu vi quando a doce e malvada Senhora RedWine começou a se contorcer e virar do avesso como nos filmes de terror e se transformar em uma cobra.

   Eu estanquei no lugar enquanto só ouvia os latidos da minha cachorra, Nala, em minha frente. Meu padrasto saiu correndo para o seu quarto me deixando ali, sozinha com aquela... criatura olhando para mim com os dentes e a língua bifurcada para fora se amostrando para mim.

   Eu gritei no momento que ela se rastejou em minha direção ao mesmo tempo que Nala se agarrou em minha blusa me puxando em direção a sala, mas aquele bicho nos seguiu.

   Demos de cara uma com a outra, que até conseguia sentir o calor e o bafo de sua boca horrorosa.

   Apenas conseguir ver a adaga brilhante que antes nunca esteve estava ali, fazendo um corte grande e feio no rosto daquele monstro o que me deu tempo de sair indo em direção da porta à procura de ajuda, mas quando cheguei podia ver o apartamento em minha frente pegando fogo, assim como o resto do corredor chegando em minha casa, assim como os montes de bombeiros ao redor.

   — Você está bem? – um deles se aproximou de mim, me agarrou pelos ombros me tirando daquele fogaréu.

   — Meus irmãos estão lá dentro. Tem um monstro! – eu só conseguia falar em sussurros, não tinha força contra o homem a minha frente, mas queria correr e buscar meus irmãozinhos, e se aquele monstro os fizesse mal?

   Um outro bombeiro me segurou por trás e me carregou pelas escadas até o lado de fora, onde fiquei olhando o lugar que eu chamava de casa, sucumbir a cinzas.

   E enquanto eu reparava tudo ao me redor pegar fogo, eu notei, algo sair rastejando pela saída de ar em meio toda a fumaça preta.

   Então eu corri, fugi de todo aquele lugar, de toda aquela realidade que me era surrada em minha cara.

   Fugi como uma criancinha assustada que eu era.

   Fugi como uma covarde.

I FOUND; pjoOnde histórias criam vida. Descubra agora