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QUANDO FÉLIX adentrou aquele local com iluminação baixa, barulhento e com cheiro de álcool e nicotina, soube de cara que não devia ter ouvido seu melhor amigo maluco e ter-se deixado arrastar até ali.
Mas Changbin sabia ser convincente quando queria.
E mesmo que naquele momento tudo que ele quisesse envolvesse sua cama, edredons fofinhos e uma bela xícara de chá, o Seo insistiu que não o deixaria passar nem mais um segundo naquilo que ele chamava de "fundo do poço".
Tão sensível, pensou com um suspiro, enquanto via o amigo, todo sorridente, dançando com algum carinha que havia acabado de conhecer na pista mesmo.
A questão era que Félix havia acabado há pouco tempo um relacionamento, e não havia sido de uma forma legal. Quer dizer, términos num geral nunca eram bons, mas com certeza era bem pior quando se terminava por ter pego seu namorado na cama, com outra.
Claro que não havia sido fácil; primeiramente custou a acreditar que aquilo estava acontecendo consigo, afinal eram quase dois de relacionamento jogados fora, como se não fosse nada. Toda confiança e respeito direto pro lixo, além do sentimento de insuficiência que tomou conta de si; até que enfim a ficha caiu.
Mas ainda que sentisse náusea só de lembrar do nome do garoto e da cena desnecessária que vez ou outra surgia em sua mente, de surpresa, para lhe assombrar, estava conseguindo lidar com aquilo. Do seu jeitinho, claro, e aos poucos.
Porém Changbin havia ficado completamente revoltado e tomado todas as suas dores, como se ele próprio quem agora carregasse aquela galha enorme junto da lembrança horrível. E provavelmente teria até feito um barraco com o seu ex, se Félix não houvesse lhe impedido.
Jinwoo merecia? Certamente, sem sombra de dúvidas. Entretanto esse era o tipo de assunto que o Lee não queria mais remoer, já não importava mais. E quanto mais cedo esquecesse de vez, melhor.
E como Changbin não conseguiu concretizar seus planos de vingança, tornou sua missão pessoal fazer com que o loiro saísse e se divertisse, mesmo que pouco.
— Anda, Félix, vem dançar!
Despertou de seus devaneios auto-piedosos e tristes assim que ouviu a voz alta do amigo por cima da música que tocava no local, e assim que ergueu o olhar deu de cara com o moreno acenando para si e o chamando para a pista, sem parar com a dancinha estranha a qual performava.
O Lee não sabia ao certo se era efeito do álcool no corpo do amigo, ou se ele geralmente agia daquele jeito nas festas, mas de toda forma aquilo acabou lhe arrancando uma risada baixa, antes que negasse com a cabeça e gesticulasse que na próxima ele iria. E de algum jeito aquilo o convenceu, pois somente afirmou antes de voltar a dançar, animado.
