Cap. 5*

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Imagem de Rebecca, tia de Charlie


CHARLIE

Entrei em casa mancando, e por um instante, até imaginei minha mãe vindo correndo da cozinha, totalmente preocupada e perguntando porque eu estava naquele estado. Revirei os olhos para espantar o pensamento e me joguei no sofá. Por um instante, me senti sendo pressionado pelo silêncio, e a casa parecia crescer de tamanho. Liguei a TV para me distrair, mas logo ouvi uma batida na porta.

Me levantando contra a vontade, me arrastei até aporta para olhar no olho mágico e vi tia Rebecca, irmã do meu pai, também minha vizinha e guardiã. Revirei os olhos já imaginando o que viria.

"Oi, tia. Tudo bem?" Abri a porta com o sorriso mais falso do mundo e fiz sinal para ela entrar, como se nada tivesse acontecido.

"Charlie!" Ela passou por mim praticamente marchando em direção à sala. Ela se virou para mim antes de se jogar no sofá e com uma mão no peito, me encarou assustada "O que diabos aconteceu com você?"

"Nada de mais" Dei de ombros. Quando estava para receber alta do hospital eles insistiram em um número de uma pessoal responsável por mim, e acabei tendo que dar o número dela, já que não conseguia pensar em outra pessoa que fosse se importar caso algo acontecesse comigo.

Infelizmente isso significava ter que evitar todas as perguntas com que ela me bombarderia até não conseguir mais e ter que acabar explicando para ela da maneira mais vaga possível o que havaia acontecido até ela ficar satisfeita.

"Oras não me venha com graça!" Apontou um dedo para mim "Olhe o seu estado... Quem fez isso?" Ela perguntou, se referindo ao me rosto, que visivelmente ainda estava todo machucado.

"Um cara la na escola. Mas já tomaram conta do assunto, não se preocupe" Dei de ombros.

"Charlie..." Ela suspirou me encarando por um tempo "Eu prometi para Deus que tomaria conta de você, quando sua mãe morreu, mas você não está ajudando."

Desviei o olhar quando ela citou minh mãe, que havia sido morta quando eu tinha 12 anos. Morta pelo meu pai, no quintal da minha própria casa.

Meu pai sempre havia usado drogas, e era odiado pelos irmãos. Minha tia morava na casa ao lado para ficar de olho nele, assim como seu irmão vez ou outra aparecia para fazer visitas surpresas para garantir que estava tudo bem, mas nem assim conseguiram impedir ele de fazer o que fez. Sorte que minha tia tinha resolvido passar para checar em mim alguns minutos depois, e ainda chegou a ver suas mãos sujas de sangue.

Eu só descobri o que havia acontecido quando os policiais estavam levando meu pai embora. Eu me lembro de virar para tia Rebecca com um olhar assustado, querendo saber se os policiais estavam levando meu pai embora por causa dos homens maus que vinham atrás dele o tempo todo, mas então eu vi o corpo sem vida de minha mãe no chão e liguei um ponto com o outro e a partir daquele momento, jurei para mim mesmo que nunca mais teria nenhuma espécie de contato com meu pai, se é que podia chamar ele disso.

"Tia, eu sei que a senhora está preocupada, mas sinceramente já estou melhor. E essas coisas são comuns nas escolas, sério..." Continuei insistindo em fazer pouco da situação.

"Podem ser comuns mas são erradas. Se algum dia eu perceber que você está machucado assim denovo, vou fazer um barraco na sua escola" Cruzou os braços. 

Por mais que no começo havia sido estranho ficar com a minha tia, eu apreciava bastante o que ela havia feito por mim até então. Ela havia descoberto alguns anos antes de eu nascer que ela era infértil dado a umas complicações, e sabia que de certa maneira, ela me via como seu filho.

No começo nós dois moramos na mesma casa. A minha casa havia sido interditada, e para ela virar minha guardiã essa era uma das condições que teríamos que cumprir, mas quado fiz 16 anos, ela me deixou voltar para a casa onde costumava morar com meus pais. Meu tio já havia insistido várias vezes para vendermos a casa, já que não precisávamos mais dela, mas essa também havia sido a casa onde meu pai e seus irmãos haviam crescido, e ela tinha certo valor emocional.

Além do mais, eu havia criado um pequeno memorial para a minha mãe no quintal, onde algumas vezes eu ia me sentar para conversar com ela. Eu nem sempre ficava lá, algumas vezes voltava para ficar com a minha tia, mas a privacidade era um lado positivo também, e eu finalmente me sentia em paz nesse lugar, com o meu pai não estando mais por perto.

Naquele dia acabei indo jantar na casa da minha tia com ela, e passamos o resto da noite assistindo game shows, competindo para ver quem conseguia adivinhar as respostas certas anted dos competidores.


Have you seen me? (boyxboy)Onde histórias criam vida. Descubra agora