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Em alguma parte do meu cérebro, provavelmente a parte sensata que parecia ter desaparecido no momento, eu sabia que deveria desistir e ir embora, preservar um pouco da minha dignidade. Em vez disso, abracei a cintura dele com mais força e colei o rosto em seu peito.

Definitivamente, não era a razão que estava no comando do meu cérebro. Era o desespero. E, mesmo sabendo que desespero não é atraente, eu não conseguia me controlar.
Ele suspirou e soltou um pouco de ar, o que me permitiu apertar ainda mais o abraço. Não é assim que as jiboias matam suas presas? Nem esse pensamento me fez soltá-lo.

— Jennie, sinto muito.

— Então não faz isso. E, se tem que fazer, não pode esperar duas horas?

— O que você acabou de falar me faz ter certeza que não. Você só quer que as suas amigas me vejam.

— Não é verdade. — Tudo bem, meio que era. Mas só por causa da Nayeon.

Ela havia se infiltrado no nosso grupo um ano atrás e, bem lentamente, tentava jogar minhas amigas contra mim. Sua última jogada era dizer que eu estava mentindo sobre namorar há dois meses. Então, sim, eu queria que minhas amigas vissem que eu não estava mentindo. Que era ela quem tentava dividir nosso grupo ao meio. Ela era a doença contagiosa. Não eu.

Mas não era só por isso que eu queria que Jongin ficasse comigo agora. Eu gostava dele de verdade antes de ele decidir terminar comigo no estacionamento na noite do baile de formatura. Mas, agora que ele estava exibindo seu atestado de cretino, eu só queria que ele entrasse, provasse que existia, desse um soco no estômago de Nayeon por mim, talvez, e depois fosse embora. Era pedir demais? Além disso... Oi? Era minha formatura. Ele ia mesmo me fazer entrar sozinha no baile onde provavelmente eu seria coroada rainha?

— Não é só com isso que eu me importo... — Minha voz estremeceu, embora eu tentasse não demonstrar fraqueza. Bom, exceto pelo fato de estar grudada nele como se tivesse levado um choque de alta voltagem.

— É só com isso que você se importa. E confirmou minha impressão hoje, quando me viu e a primeira coisa que disse foi: “Minhas amigas vão morrer”. Sério, Jennie? Você não me vê há duas semanas, e essa é a primeira coisa que fala?

Tentei lembrar. Foi isso mesmo que eu falei, ou ele estava inventando coisas para tentar se sentir melhor? Ele estava lindo mesmo. E, sim, eu queria que minhas amigas vissem como ele era lindo. Isso era errado?

— E no caminho para cá você passou o tempo todo planejando como nós íamos entrar. Disse exatamente como eu tinha que olhar para você.

— Sou meio controladora. Você sabe disso.

— Meio?

Um carro parou na vaga em frente ao lugar onde eu estava quase espremendo todo o ar para fora do corpo do meu namorado... ex-namorado. Um casal desceu do banco de trás. Não reconheci nenhum dos dois.

— Jennie. — Jongin desgrudou minhas mãos e se afastou. — Eu preciso ir. A viagem de volta é longa.

Pelo menos ele parecia sinceramente triste.
Cruzei os braços, finalmente encontrando um pouco de dignidade. Tarde demais.

— Tudo bem. Vai.

— Você devia entrar. Está incrível.

— Você não pode simplesmente me xingar e ir embora, ou alguma coisa assim? Não preciso te achar fofo depois de tudo isso. — Ele era fofo, e pensar que meu desespero para segurá-lo ali não tinha a ver só com as minhas amigas começava a dominar minhas emoções.

Engoli o que sentia. Eu não queria que ele soubesse que estava me machucando de verdade.

Ele sorriu de um jeito brincalhão e então aumentou o tom de voz:
— Nunca mais quero falar com você. Superf i cial, esnobe, egocêntrica. Você merece entrar lá sozinha!

Fill-in Boyfriend | TaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora