Mas um dia se passou, estou sentada em minha poltrona de frente para as enormes janelas de vidro do meu quarto, ao qual ficava de frente para a bela praia Spiaggia di Isola Bella, aquele mar calmo de Taormina as vezes me dava um tédio infinito. Passo para a página seguinte do livro, estava lendo 365 DNI, onde era contada a história de uma polonesa que foi sequestrada por um mafioso, até o momento era apenas isso que eu sabia da história. Estava tão inerte na leitura, que não entendia como alguém poderia fazer isso com outra pessoa, sequestrar e depois obrigar a amá-la, isso é doentio.
— Nalie, posso entrar? — ouço leves batidas na porta, e logo reconheço ser a voz da minha mãe, só ela me chamava de Nalie.
— Pode entrar mamãe. — coloco o livro na poltrona e me levanto indo ao seu encontro.
Minha mãe era linda, a senhora Eleonora Mendez Martinelli, ela era espanhola, conheceu o meu pai em uma das suas viagens com os meus avós, e acabaram se apaixonando, então o meu pai, Francesco Martinelli, logo pediu a sua mão em casamento. Mas foi só eu nascer que tudo desandou, brigas e mais brigas, era esse o casamento dos meus pais.
Desde que nasci, eles não tinham mais uma conversa descente, o meu pai não parava em casa com os assuntos das empresas e eu sempre via minha mãe chorando pelos cantos, mas ela nunca deixou que aquilo me afetasse, embora um dia eu fosse crescer e entender todo aquele sofrimento.
E pois bem, eu cresci, o choro da minha mãe passou a ser o meu também, o meu pai não era uma pessoa horrível, sempre me deu tudo, joias, maquiagens, roupas de grife, e até mesmo disse que me daria uma Ferrari assim que eu completasse os meus dezoito anos de idade, mas o principal que era amor e carinho para mim e minha mãe, ele não deu.
Sonho pelo dia que vou completar a maioridade e sair dessa casa para ir estudar na Suiça, sempre tive vontade de ir morar lá, mas a super proteção do meu pai nunca me permitiu isso, embora tivesse minha tia Liliana Martinelli que morasse lá.
— O seu pai quer você lá na sala de jantar daqui a uma hora, vista-se decentemente, iremos receber visitas. — ela diz como se tivesse medo de algo, mas eu não sabia exatamente o que.
— Sim mamma, mas quem são essas visitas? — pergunto curiosa.
— O seu pai não me falou, apenas se arrume e não faça perguntas, por favor. — ela fala com um certo medo em sua voz, eu conhecia minha mãe o suficiente para saber quando ela estava aflita.
— Mas madre... — ela interrompe a minha fala ao levantar o dedo indicador para mim.
— Não faça perguntas Natalie. — quando ela me chamava de Natalie, o assunto era sério — Só se arrume, okay? Irei vir buscá-la daqui a uma hora. — com isso, ela se retira do quarto me deixando sozinha.
Os meus pensamentos estavam me corroendo, nunca era coisa boa quando o papai me convocava para um jantar, geralmente eram coisas relacionadas as empresas que ele tinha de administrar e que queria que eu aprendesse a fazer, mas nunca me interessei.
O meu sonho mesmo era ser piloto de corrida, sentir aquela adrenalina de pilotar um veículo a mais de duzentos quilômetros por hora, mas meu pai nunca permitiu nem que eu saísse de casa sozinha, então aprendi escondido. Quando eu tinha dezesseis anos, a minha melhor amiga, a Chiara, vinha me buscar em casa com a desculpa de que iríamos ao shopping e por meu pai está sempre ocupado com o trabalho e ser muito amigo da família da Chiara, que era um tanto protetora quanto a minha, nunca ligou muito das minhas saídas, então nesse tempo, ela acabou me levando para corridas clandestinas e lá tive a minha primeira experiencia de dirigir um carro esportivo, era uma Ferrari vermelha, que parecia estar com anos de uso, mas o seu motor era potente, como se tivesse sido modificado, lembro como se fosse hoje o som do motor entrando pelos meus ouvidos.
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Prometida a Máfia
RomanceNatalie Martinelli, uma jovem italiana de 17 anos que cresceu em uma família muito conturbada, vê a sua vida mudar de cabeça para baixo, ao completar 18 anos se vê prometida em casamento a última pessoa que ela desejaria conhecer, a sua doçura seria...