Aquele dia estava incrivelmente quente. O sol não deu trégua desde que o primeiro raio se fez presente na Vila da Folha. E ainda que os resquícios de ventania dessem o mínimo de alívio para os corpos suados dos cidadãos, para as crianças ali o único jeito de se verem refrescadas era uma divertida brincadeira envolvendo balões d'água.
Conversas paralelas poderiam ser ouvidas em todos os cantos. As pessoas andavam pelas ruas a procura do comércio bem estruturado, ou quem sabe um restaurante para fazer uma pausa e comer.
E andando calmamente atento a esses detalhes, o pequeno loirinho divagava em pensamentos que, tampouco, deveriam ser questões a serem relevantes para sua idade. Porque, diferente de outros que estavam na mesma faixa etária, ele ouvia e via o quanto as pessoas poderiam fazer mal a alguém que nem mesmo conhecem.
Como quando a bola vermelha, brinquedo de diversão daqueles que se distraem na rua, parou bem na ponta dos seus pés. Animado, ele inocentemente tocou nela, ansiando por fazer qualquer tipo de brincadeira e passar mais tempo com o objetivo de criar vínculos.
Nunca compreendeu porque de ser deixado de lado, porque chamavam-no de demônio, colocando culpa em suas costas de algo que não entendia.
O cenário sempre se repetia, e naquele momento não foi diferente.
Assim que ergueu-se novamente seu sorriso alegre e espontâneo desmanchou. Pois olhares afiados estavam sendo lançados em sua direção, tão cortantes quanto qualquer arma ninja.
— O que aconteceu? – perguntou, querendo obter algum tipo de resposta.
Mas foi completamente ignorado, a ponto de escutar um pai dizendo para sua filha em alto e bom tom:
— Não se aproxime dele – puxou-a pela mão, visando se afastar daquela área – Nunca se sabe o que ele pode fazer, ou quando.
A menininha, sem entender muito bem, voltou-se ao pai.
— Quem é ele, papai? – intercala seu olhar entre o mais velho e a outra criança.
Viu o modo como de repente, todos os outros que estavam em volta de repente pareciam estar se sentindo mal apenas porque aquele loiro estava ali.
— Alguém que você deve manter distância. Vamos – e assim eles foram embora, sem olhar para trás. Sem mais questionamentos.
Sozinho mais uma vez, o dono dos olhos azuis se viu com um choro entalado na garganta, uma vez que novamente se encontra na presença perturbadora da solidão, nenhuma oportunidade de criar vínculos ou laços.
Algo em seu interior se remexeu, como se quisesse conectar com aqueles sentimentos, deixando-os mais intensos. Isso lhe causou uma leve tontura, por isso balançou a cabeça na tentativa de expelir essa agonia que o consumia cada vez mais. Uma sensação horrível.
Talvez fosse fome, afinal de contas não tomou café da manhã naquele dia. Seu estômago jazia completamente vazio e possivelmente contribuiu para o fato de ter sido tão atingido pelo acontecimento anterior.
Mas seria também o motivo para as outras vezes que isso aconteceu?
Tomou o caminho de volta, erguendo o rosto para a esquerda e viu dois jounins da vila saboreando um ramen com veracidade. Instintivamente, levou a mão ao bolso da bermuda. Apenas três moedas, não chegava nem perto da metade do preço de uma tigela.
Guardou-as novamente.
Sentou no chão sem se importar com a movimentação constante dos cidadãos andando por todos os lados. Nenhum deles se atrevia a passar do seu lado.
Suspirou, andando novamente para casa, se fosse para ficar só, poderia fazer isso tendo algum conforto, ainda que mínimo.
Por isso ele correu, esbarrando em algumas pessoas aleatórias sem dar nenhum pedido de desculpas por isso. Sua respiração intensa, caso alguém tivesse a coragem de notar, demonstrava a ligeira falta de ar que o assolou.
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NARUTO: A História Nunca Contada
FanficDesde seu nascimento as coisas não eram fáceis. As circunstâncias criaram algo para temer, e as pessoas não sabem se darão conta de combater aquilo que foi criado do mais puro e profundo ódio. Uma história bem diferente da qual todos estão acostumad...