Aquele Que Perece - Capítulo único

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O Anjo havia tentado de tudo para convencer os Remanescentes a desistirem do poder, mas não havia dado certo. Parecia que os acontecimentos caminhavam em direção contrária a isso e que o destino assim queria. Se a maioria deles decidissem abdicar de seu poder, todos estariam livres daquela maldição. Erasto seria novamente um humano e não representaria perigo para mais ninguém. Entretanto, seus antigos amigos tinham dado a resposta final, não o ajudariam. Apenas Alba e Alexandre haviam ficado ao seu lado. Então, restava apenas uma coisa a fazer. Um último ser com quem argumentar. Alguém que ele tinha certeza de que não abdicaria do poder de bom grado. A pessoa que era a causa de tudo aquilo, Erasto.

— Erasto! Venha até mim! — gritou para a imensidão.

Alguns segundos de silêncio se passaram, até que uma nuvem escura começou a surgir sobre o oceano. A nuvem tomou uma forma humana e pousou sobre a superfície do mar, ficando sobre ela sem afundar. Com seus olhos negros, a criatura encarava o outro ser enquanto segurava uma grande foice dupla que era utilizada para ceifar vidas e que, pelas manchas de sangue ainda fresco, provavelmente estava sendo usada para tal ação pouco tempo antes.

— Esse não é o meu nome — reclamou sem se mover do lugar.

— Então por que atendeu ao meu chamado? — o Anjo rebateu olhando-o fixamente nos olhos.

— Porque eu nunca deixaria você esperando, meu Anjo — zombou fazendo uma reverência — O que deseja de mim, meu senhor? Não, melhor, deixe-me adivinhar! Seu plano idiota de convencer os outros simplórios a realizar o ritual falhou, como eu previ e, agora, você veio aqui rastejar aos meus pés para que eu te escute. Não é?

— Você está completamente enganado — disse o Anjo serrando os punhos.

— Ah, estou? Então por que ainda tenho os meus poderes? Se você tivesse realmente conseguido, eu seria um simples humano novamente — disse, mostrando seu sorriso macabro.

— Não. Você está enganado quanto a eu precisar implorar algo para você.

— Então não há motivos para ter me convocado. Apenas me fez perder meu tempo precioso — disse, virando as costas.

— Sabe? Eu entendo agora. Entendo por que você nunca tentou algo contra mim, mesmo sabendo onde me encontrar. Você tem medo de mim. Medo de que eu represente alguma ameaça a você. Não é isso?

A criatura sombria deteve-se e voltou-se novamente para o ser alado. Aquilo havia sido surpreendente, mas Erasto não deixou que nenhum sinal de sua surpresa fosse percebido.

— Não me faça rir. Que ameaça você representaria para mim? Eu matei centenas de seres mágicos e absorvi cada gota da magia de suas almas miseráveis. Se eu algum momento, você ao menos chegou perto de equiparar-se a mim, isso ficou no passado — a criatura obscura rebateu.

O Anjo não se deixou abalar por essas palavras. Ele conhecia as mentiras de Erasto como a palma de sua mão. Ele sabia de suas tentativas de manipulação, pois já se encontrava acostumado com elas. E acima de tudo, entendia que o ser sombrio era extremamente inteligente, portanto, apesar de fazer se parecer superior, ele compreendia a realidade como ela era. A magnitude de poder de ambos era bastante similar.

— Erasto, faça a escolha certa... Eu ordeno que abdique da magia ou... — O Anjo estendeu a mão direita em direção ao ouvinte, fazendo surgir uma espada dourada e brilhante entre seus dedos e a palma da mão.

— Agora, você está sendo convincente, querido — Sua expressão sarcástica desapareceu voltando ao rosto habitual e sem sentimentos —, mas a resposta ainda é não.

Erasto fez sua arma girar em suas mãos tão rapidamente que mais parecia uma grande lâmina circular e a lançou em direção ao adversário. Então, com um único movimento de sua espada, o Anjo acertou a foice de modo que sua rota desviasse e passasse lateralmente a ele.

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