Irmandade

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Depois de um longo dia de trabalho a matrona do orfanato Wool, Senhora Cole, só desejava ficar em seu escritório lendo seus livros e tomar uma boa e quente xícara de chá. Merecia um bom descanso por ter que lidar com crianças mal-educadas e malcomportadas como aquelas que havia no seu orfanato, ainda se perguntava o porquê ter aceitado aquele emprego cheio de pestinhas. Ao menos todo final de expediente podia relaxar junto de uma xícara de chá e esquecer cada criança daquele lugar. Mas tudo foi por água baixo ao escutar a campainha sendo tocada, de primeira pensou em ignorar e voltar para seu livro, mas teria que manter sua imagem de santa e no final foi atender.

Para seu completo desgosto havia no pé da porta mais uma criança, pior ainda um recém-nascido que só sabia chorar e gritar. O bebê estava em um sono profundo deitado dentro de uma cesta e bem ao lado tinha uma carta com uma linda caligrafia, causando inveja em Cole que não poderia falar a mesma coisa de sua própria letra.

"Esse bebê se chama Harrison Potter, mas o apelidamos de Harry. Ele nasceu a poucos dias atrás, mas teve que ser separado de seus pais biológicos por causa de problemas pessoas, mas em um futuro próximo iremos voltar para buscá-lo. Pedimos para que cuide dele como se fosse seu próprio filho até que seja seguro para buscá-lo."

Assim que termina de ler a carta Cole pega o bebê com cuidado em seu colo e se vira para entrar, mas antes que pudesse estar totalmente dentro do orfanato a mulher amassa a carta e a joga sem qualquer remorso na calçada. Ela já tinha visto muito daquelas cartas com o passar dos anos trabalhando no orfanato, eram apenas pais arrependidos por abandonar seus filhos e queria mostrar que não eram tão ruins quanto pareceram, no final nunca voltavam ou procuravam por seus filhos. Era apenas um desperdício de papel. Longe do frio do lado de fora, Cole coloca Harry delicadamente em uma das camas do berçário e assim que teve certeza de que ele estava confortável e que não dava nenhum sinal que iria acordar ela volta para seu escritório voltar para seu descanso.

Foi com essa ação que a vida de Harry começou naquele orfanato. Como era um bebê com uma beleza louvável e muito mais calmo do que as outras crianças, ele era muito mais amado pelos adultos e as crianças mais velhas, mas para Harry isso não era nada. Ele nunca confiou verdadeiramente naquelas pessoas, mas algo dentro de si sempre o fazia apenas fingir e continuar com sua vida. As únicas pessoas que confiava naquele orfanato eram dois garotos um ano mais velho que se, Tom Riddle e Severo Snape, diferente dos outros eles eram verdadeiros sobre suas emoções e quando Harry estava com eles se sentia seguro e não precisava fingir um sentimento, poderia ser só ele mesmo. Eles já não se consideravam simples amigos, eles eram irmãos. As coisas eram boas quando ele tinha quatro anos, mas com apenas dois anos as coisas se tornaram um inferno.

Quanto mais velhos ficavam Tom e Severo desenvolveram uma habilidade estranha, que aparecia principalmente quando eles tinham emoções fortes, como, quando estavam irritados por serem mais uma vez humilhados pelas crianças mais velhas e nenhum adulto pensou em defendê-los. Assim que essas habilidades começaram a aparecer Tom fez uma reputação naquele lugar e Severo não ficou muito atrás, mas quando senhora Cole descobriu as coisas só pioravam. De repente um padre vinha visitar o orfanato Wool todo final de semana e passava um bom tempo com Tom e Severo, mas a única coisa que Harry sabia era que quando eles voltavam estavam com vários machucados no corpo.

Aquela situação em que viviam não poderia se manter. Quem tomou a iniciativa de pensar em fugir foi Tom, como o mais velho do trio ele era o mais machucado pelas horas de exorcismo, que para si mais parecia uma hora de tortura, mas doía ainda mais em si que Severo estava sofrendo a mesma coisa e tinha certeza de que Harry também sofreria daquele martírio quando ficasse mais velho. Não poderia permitir que que aquilo continuasse. Com um mês de planejamento o plano de fugir do orfanato estava pronto e só precisavam esperar o melhor dia para colocarem em pratica a fuga. Como planejado eles conseguirem sair sem serem percebidos por nenhum adulto, mas não poderiam dar bobeira em ficar perto daquele lugar, e sabendo que havia uma estação de trem de carga próximo do orfanato Tom os leva para lá e com algumas horas estavam na cidade vizinha, não tinham como ser achados e levados de volta para o orfanato.

Mas as coisas começaram a dar errado quando perceberam que não tinham um lugar onde poderiam dormir e se proteger de chuvas, que faziam parte da maior parte do ano em Londres, e para completar não tinham nenhuma moeda para comida. Tom que se considerava tão inteligente não parou para pensar nesses detalhes importantes, pela primeira vez ficou preocupado e não sabia o que fazer. Ele estava com medo do que seria do futuro dos três. Mas não poderia se deixar abalar, como o mais velho ele tinha que proteger seus irmãos e ele faria isso. Com muito esforço ele achou numa construção abandonada um lar onde poderia se proteger da chuva e dormirem sem terem medo dos males que se escondiam na noite. Ao menos um dos seus problemas havia sido resolvido, só faltava resolver sobre o dinheiro.

Nenhuma pessoa escolheria contratar uma criança de sete anos sem qualquer formação estudantil. Foi naquele momento que Tom decidiu seguir para o seu plano reserva, como muitas crianças de Londres, Tom teria que recorrer para o crime conseguir dinheiro para alimentar ele mesmo e seus irmãos. Mas ele não queria incluir seus irmãos naquela vida sem volta, mas como bons irmãos, Severo e Harry não permitiram que Tom seguisse aquela vida sozinha. Eles eram uma irmandade e permaneceriam juntos, mesmo que fosse para roubar uma carteira.

Com isso os três entraram para a vida de crime, e sendo verdadeiros, eles estavam mais felizes do que quando estavam naquele orfanato infernal. Ficaram nessa vida durante quatro anos e assim como suas vidas mudaram de uma hora para a outra quando fugiram do orfanato Wool, mais uma vez as coisas mudaram repentinamente. 

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