Capítulo 8 - Worth Everything

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Eu jamais admitiria abertamente, mas no fundo, estava grata por ela ter insistido em esperar até estarmos sóbrias. Honestamente, eu duvidava que conseguiria acompanhar o ritmo com que nossos corpos se entregaram ao êxtase repetidas vezes. Assim, quando um ronco inesperado do meu estômago interrompeu o silêncio, ambas caímos em uma risada sincera.

— Droga, desculpa... 

— Com fome? — Ela pergunta, afastando-se lentamente.

— Uh-hum, acho que sim. — Apesar de achar engraçado, sinto o calor em minhas bochechas.

— Ok, eu sei fazer tacos. — Ela sela nossos lábios em um beijo rápido, tão natural como se fosse um gesto corriqueiro entre nós, e se levanta, caminhando em direção ao banheiro. — Você pode vestir qualquer peça que quiser, menos aquela camisa que eu gosto.

Com um olhar travesso e um piscar malicioso que enviou arrepios pelo meu corpo, ela aponta para a peça jogada no chão, antes de desaparecer no banheiro, deixando-me a sós com meus pensamentos em sua cama.

Será que era muito cedo para achar que eu tinha um novo problema nas mãos? Por que o ruído do chuveiro, onde ela estava, parecia mais interessante do que o som da chuva cessando lá fora? Aliás, que tipo de colchão seria esse para tornar essa cama tão macia? Falando sério, não era possível viciar em algo tão rápido, era? Afinal, eu não estava em posição de me permitir adquirir novos vícios. 

Depois do meu próprio banho, vou até a cozinha e a encontro organizando uma pequena mesa para duas pessoas. Tem pratos, talheres, um pequeno vaso com flores e o cheiro é realmente agradável, o aroma desperta um apetite que eu nem lembrava mais possuir.

— Isso é um tratamento padrão para suas ficantes? — Falo com um sorriso debochado.

— Trato todas as mulheres bem, se é isso que está me perguntando. — Ela lança um olhar lateral, enquanto responde com uma ponta de diversão.

— E elas não acabam se apaixonando? — A curiosidade repentina me faz indagar, me acomodando à mesa.

— Não sei dizer, mas será que isso realmente importa? No fim, eu nunca me apaixono por nenhuma. 

— Sério? De verdade? Como é isso? — Questiono, despreocupadamente pegando um taco com a mão e dando uma mordida, esperando por sua resposta.

Ela reage com um sorriso ao ver minha escolha descomplicada, e ao contrário do que imaginava, ela come de garfo e faca, um contraste divertido.

— Eu não vou ficar aqui por muito tempo, e sabe que nos contos de fadas reais, a princesa não pode se apaixonar por outra princesa. O mundo ainda se mostra implacável com pessoas como...

— Como nós. — interrompo, completando sua ideia, enquanto ela faz uma pausa, colocando os talheres de lado para me olhar mais atentamente.

— No seu caso é diferente, não se enquadra nessa narrativa; você é modelo, filha de um senador e, quem sabe, futura filha de um presidente. Você vive dentro das expectativas, está presa ao sistema.

A ouço dizer essas coisas com uma leveza casual, enquanto eu absorvo suas palavras, sentindo claramente o peso dessa sentença indesejada. Sem encontrar palavras para responder, desvio o olhar para a comida em minhas mãos.

Ela se levanta brevemente, busca uma de suas câmeras no balcão, e captura uma imagem minha no exato instante em que dou outra mordida no taco.

— Por que você sempre tira fotos minhas nos momentos mais inoportunos? — indago, com a boca meio cheia.

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