Capítulo 7

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EVIE LOVELY

Coloco o pequeno rolo de volta na bandeja e vou em busca da minha garrafa de água. Tive uma semana agitada e com algumas sessões fotográficas marcadas, mas não posso reclamar pela quantidade de clientes que a loja da Kelly me trouxe. Estar em uma cidade nova já é desafiador o suficiente, poder contar com o seu apoio e ainda divulgar meu trabalho por lá tem facilitado muito.

Kane disse que me ajudaria na pintura, mas não tenho certeza de que ele quis assumir esse compromisso. Além do mais, ele jogou fora da cidade na quinta. O Missoula Emperors ganhou, embora o jogo tenha sido bastante acirrado e alguns socos foram trocados entre os jogadores. Kelly me fez ir até o rancho assistir com ela. 

Tentei me manter impassível enquanto sua atenção estava voltada para o texano violento no gelo, fingi que minha concentração estava no jogo ainda que estivesse constantemente procurando por Kane entre os gigantes constantemente se atacando e se provocando. Quando ele e Malkin começaram uma briga violenta com outros dois jogadores adversários eu me preocupei, mas senti uma felicidade tremenda ao ver que ele estava bem e o cara com que ele brigou estava todo arrebentado.

Bem feito.

Kelly disse que eles retornariam para casa na sexta e no sábado ela já estava radiante novamente por ter seu grande homem mal-humorado de volta. Kane não mandou nenhuma mensagem e eu não poderia esperar por sua boa vontade para sempre. É por isso que estou usando o meu domingo para começar as pinturas do apartamento. One Republic está tocando na minha pequena caixa de som. O volume não é dos maiores, mas é o suficiente para me fazer companhia enquanto trabalho.

Reabasteço a água gelada e faço o meu caminho de volta para a sala quando tenho a impressão de ouvir batidas na porta. Resgato meu telefone no bolso traseiro do meu macacão e pauso a música para verificar se escutei direito. De fato, alguém está à porta. Não creio que Kelly tenha deixado seu rancho do amor para vir até aqui em pleno domingo.

É uma surpresa para mim encontrar dois dos caras do hóquei na entrada da minha casa ao abrir a porta, mas aqui estão eles. Kane e um outro cara, um loiro de expressão rabugenta que eu definitivamente não lembrarei o nome agora.

— Não acredito que começou os trabalhos sem me esperar! — Kane se finge de ofendido e entra no apartamento sem ser convidado, carregando sacolas em suas mãos e deixando o amigo irritado para trás — Eu trouxe o Fleury para ajudar. Ele estava desocupado e eu imaginei que um par de mãos extras seria bem útil!

Permaneço estática como uma tola olhando para o cara gigante na minha porta. Ele não é nada mau aos olhos, preciso reconhecer isso. Musculoso sem exagero, cabelos loiros bem cortados ao estilo inglês, barba curta e aparada, olhos azuis e um sorriso de canto de boca envergonhado. Não me passa despercebido o corte na maçã de seu rosto, próximo ao olho, resultado das brigas no último jogo.

— E aí. — ele tenta.

— Oi. — sem saber ao certo o que fazer, dou um passo para o lado, liberando a passagem completa — Entre. Sinta-se à vontade.

— Obrigado.

— Fleury está aqui para garantir que eu me comporte. — Kane informa do balcão da cozinha, retirando todo tipo de sanduíches e bebidas das sacolas.

— Não sabia que você precisava de uma babá. — respondo com atrevimento, virando-me para Fleury em seguida — Sem ofensa.

— Não estou ofendido.

— Ok.

— Imaginei que estivesse com fome. — Kane volta a falar como se o clima no ambiente não estivesse dominado pela vergonha.

— Boa sorte com a montanha de comida. Eu comi antes de vir. — Fleury diz e se vira para mim — Por onde eu começo?

— Tenho uma lata de cinza claro esperando para ser usada no corredor. — respondo com um sorriso amarelo, mas ele parece não se importar.

— Tudo bem. — dá de ombros antes de ir na direção das tintas.

Caminho a passos rápidos na direção da cozinha para interceptar Kane. Seus cabelos escuros estão escondidos debaixo de um boné branco com a aba virada para trás, uma camiseta igualmente branca e uma calça jeans surrada. Um homem não deveria parecer tão gostoso sem o mínimo esforço dessa forma. Preciso me lembrar de que não estou aqui para deixar meus hormônios falarem mais alto e saltar sobre ele, estou aqui para interrogar.

— O que está fazendo aqui? — sussurro.

— Eu disse que vinha ajudar com a pintura. — abre uma embalagem com batatas fritas e lança uma em sua boca — Fleury está aqui para ajudar também.

— Por que não me avisou que você vinha? Ou melhor, por que não me avisou que você vinha e estava acompanhado?

— A surpresa é muito melhor — dá de ombros — e outra, estou dando uma lição dupla em vocês.

— Do que está falando?

— Fleury acha que minhas intenções por você não são puras e você acha que não posso me manter apenas como amigo.

— Não foi exatamente isso o que eu disse.

— Não importa, Lovely. Fleury está aqui para ajudar e vou provar que posso ser um cavalheiro tão honrado quanto os contos de fadas dizem existir.

— Por que ele aceitou essa loucura? — mudo o foco de sua filosofia maluca.

— Ele não teve a chance de negar. — um sorriso malicioso cresce em seu rosto — Ou ele me acompanhava ou eu o faria passar mais raiva que o normal pelo resto da temporada.

— Você é impossível. — balanço a cabeça em descrença.

— Fleury está determinado a manter a harmonia do time e eu me aproveito de cada grama dessa força de vontade. — sua expressão é a de um garoto levado.

— Eu não estou acreditando.

— Acredite, amor. É um dos meus traços de personalidade mais cativantes.

Estou atônita. Tudo o que consigo fazer é imitar seus movimentos e comer algumas batatas até que meu cérebro seja capaz de processar toda essa loucura e que minha boca possa pronunciar alguma coisa.

— A parede rosa é sua. — informo ao virar meus calcanhares e ir na direção de Fleury para agradecer a ajuda.



Apenas uma Conquista - Jogadores #3Onde histórias criam vida. Descubra agora