{ Sendo reescrita }
"Amaldiçoado pelo próprio pai no dia em que nasceu, Levon Carter foi condenado a uma eternidade temendo a si mesmo. Durante anos, carregou sua escuridão em silêncio, aceitando o peso de um destino cruel. Mas tudo muda quando cheg...
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O HOMEM ENCARAVAA XÍCARA CHEIA DE CAFÉPURO EM SUA FRENTE, a pouca luz da cozinha lhe trazia certo conforto depois de mais uma noite fracassada de sono. Pesadelos lotavam a sua mente o deixando ainda mais perturbado, sussurros inquietantes ecoavam pela casa vez ou outra a tornando ainda mais fria mesmo com o aquecedor e a lareira acessa, fazendo Levon praguejar mentalmente tudo o que estava acontecendo.
As paredes antigas tingidas de tons neutros já não transmitiam a mesma familiaridade e aconchego do qual já ofereceram algum dia para o homem, seus olhos, vazios de qualquer tipo de emoção, examinaram tudo na mais completa quietude, procurando algo em que pudesse se prender, como uma âncora e não precisasse começar tudo de novo, mas não havia achado nada. Em sua opinião, o tempo era seu maior inimigo, responsável por fazer até a melhor coisa parecer chata e monótona depois de tantas vezes se repetindo. Era assim que se sentia vendo aquelas mesmas paredes do lugar onde havia considerado o seu lar e refúgio por alguns anos.
Ele precisava de uma mudança.
Seus métodos para resolver a monotonia de sua vida eram simples: se mudar. Era algo que resolvia por alguns anos, até precisar mudar de novo e repetir o mesmo ciclo sem fim. Mas manter esse ciclo era tudo o que conseguia aliviar a sua mente, da constante sensação esmagadora de tudo permanecer exatamente do mesmo jeito. Não gostava de se deixar levar por motivos fúteis e rasos, afinal, lidar com tempo era como cuidar de uma ferida que ficava constantemente aberta, por mais que fizesse esforços para curá-la, ela continuava sangrando. Isso era algo que não tinha como controlar.
Ouviu o leve soprar do vento em sua janela, atraindo seu olhar para além do que a cortina bege podia cobrir, pela brecha viu a escuridão que banhava todos os cantos possíveis do mundo pelo lado de fora da casa. Se levantou deixando seu café de lado, suas mãos habilmente afastaram o tecido para que não o atrapalhasse e logo abriu a janela, inalando profundamente o doce ar puro da madrugada.
Apesar de todas as coisas que já havia conquistado, todos os lugares que já havia visitado, apesar de ter toda a liberdade que o mundo poderia lhe oferecer, Levon se sentia preso. Acorrentado ao cruel destino de estar preso em um corpo destinado a vida eterna.
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Talvez essa não tivesse sido a sua melhor escolha. . . Suas mãos seguravam firmemente no volante, que agora era a única coisa que estava conseguindo controlar em sua vida. A estrada estava pacata, alguns carros passavam pelo mesmo, vindos da direção contrária vez ou outra, mas agora definitivamente estava sozinho. O som harmonioso do seu Impala 1967 chegava até seus ouvidos como se fosse uma canção, gostava do seu precioso carro e não se arrependia nem um pouco de ter empenhado um bom tempo para restaurar o mesmo que agora tinha a aparência de um bom carro novo. Como não havia tido a presença paterna para lhe ensinar sobre carros e essas coisas, tinha se virado para aprender sozinho tudo o que era necessário ao longo de todos esses anos e não podia estar mais orgulhoso de si mesmo.
