Mi ángel

Prólogo

Uma música temática alcançava os ouvidos do homem sentado em uma banqueta, ele tomava uma cerveja e comia, para acompanhar, um potinho de amendoim salgado, ele olhava ao redor, procurando a próxima atração que iria. Estava recompondo as energias daquele dia cansativo que estava tendo, que obviamente não pararia por agora.

Matheus era um homem de muita energia, o mineiro podia ficar a madrugada inteira na festa mais badalada do país que ainda resmungaria quando acabasse, soltando uma pequena pergunta de apenas duas palavras, " Mas já? ". Definitivamente não era um festival pantaneiro que iria derruba-lo, mesmo sendo um dos maiores do país.

Como era um amante do gado e do campo, o sonho do sudestino era sim conhecer um dos maiores festivais do Mato Grosso do Sul e também do Brasil, estava radiante pela oportunidade de conhecer o majestoso evento, seria pela gastronomia típica do estado, ou pelas riquezas culturais e artísticas da região, ou até mesmo pela produção literária e outras formas de expressão cultural.

Mas claro, não podia deixar de se interessar em falar do seu nobre gado. Conhecido como um dos melhores Pecuários de Minas Gerais, já estava tarde demais a visitar o festival que expressa de todas as formas, o amor pela cultura rural.

Ele já tinha visto de tudo, desde barracas de artesanato locais até mesmo currais lotados se cavalos, fazendo seu coração disparar com a ansiedade de estar no meio de toda essa gente, se sentindo mais do que acolhido.

Longe dele, tinha um palco consideravelmente grande, onde artistas, desde as duplas de sertanejo mais conhecidas até cantores locais tocavam e cantavam o seu som. Aquilo sim era música, pensava o mineiro.

O festival, obviamente, tinha sua lotação mais do que grande, pessoas de todos os lugares, de todos os estados brasileiros e até mesmo estrangeiros, fazendo ser tudo ali muito mais gostoso de se aproveitar do que qualquer coisa.

Quando deu uma última golada na taça de cerveja, trincando de gelada, se levantou e se pôs novamente a andar, procurando algo para seu próprio entretenimento.

Ele observava todas aquelas pessoas, de lugares diferentes, com histórias de vida totalmente diversas, mas que apenas uma coisa os unia, o amor pelo rural, pela terra, pelo gado e isso era motivo de orgulho para grande parte da população brasileira que vivia disso, que vivia da agropecuária, fazendo com que esse tipo de encargo se tornasse um dos pilares para a sustentação do Brasil como país forte e independente, sendo reconhecido mundialmente por esse serviço de pecuária.

Ele sabia disso e se sentia muito mais do que orgulhoso em "auxiliar" seu próprio país com seu trabalho duro na roça.

Os pensamentos reflexivos do mineiro foram desviados para uma figura que o próprio jurou que não podia ser real até ver com seus próprios olhos castanhos.

Em meio aquela multidão sem fim, de faces diferentes, uma se destacou, fazendo o coração do moreno quase atravessar suas costelas, suas mãos suavam e ele só tinha uma reação, sorrir.

Ele sorria para a figura angelical, em sua humilde opinião, como um cachorro idiota. Matheus contemplava aquele feitio de maneira descarada, sem deixar passar nenhum detalhe visível daquela distância.

Ele era a própria personificação de um anjo, um anjo caído na opinião do mineiro, não era loiro e muito menos magro e delicado, porém, aos olhos do sudestino, tudo isso não importava, porque a sua aparência avassaladora só podia ser descrita por Divina, Sobrenatural...Celestial, sim! Era essa e definição perfeita na opinião de Matheus, aquele homem era com certeza um ser Celestial.

Uau.

Era o seu pensamento mais são, porque mesmo que quisesse ter sua mente voltado ao realismo, já era tarde demais, ele já havia se afogado naquelas íris tão escuras e carregadas como ébano, ele já havia se entregado a aparência avassaladora do homem que aos poucos ele se aproximava, igual a um ímã, praticamente sendo hipnotizado por aquele rosto impetuoso que o assistia intensamente se aproximar de forma tortuosa.