Acordei mais cedo do que eu geralmente acordo, decidi dar uma volta pelo bairro, correr para ser mais preciso, eu faço isso geralmente quando estou com mente cheia. Passo pelas casas novas que estão em construção aqui, e sem querer esbarro com alguém.
- me desculpa, eu não lhe vi...-olhei para pessoa e vi os olhos castanhos que tanto conheço.
- oi.. tudo bem - diz envergonhada. - tinha me distraído com as construções e não olhei pra frente. - me justifiquei. Ela resmunga alguma coisa e vira pra ir embora, sem se despedir. Eu fiquei a observando, por cuidado que ainda tinha por ela e por curiosidade também, a vi entrar na casa que aparentava estar em mudança, e que por coincidência era literalmente de frente para a minha. Era uma daquelas coincidências que a vida adora pregar em nós, um capricho do destino que transformou a rua tranquila onde eu morava em um palco para reviver memórias há muito enterradas, enquanto eu lutava para processar essa reviravolta inesperada, uma coisa era certa: a presença dela ali, tão próxima, prometia desafios e possibilidades que eu jamais poderia ter imaginado.
Entrei em casa e corri disparado para meu quarto, estava quase me atrasando para a escola, me arrumei rapidamente e fui para lá, chegando perto vi o carro dela que agora se reconhecível, chegando na escola, como sempre fui recebido pelos meus amigos, e depois de falar com todo mundo chamei Thaíssa para conversar.
- Amiga hoje eu descobri que tenho uma nova vizinha. - Contei meio nervoso para ela.
- Quem é? É gata? - perguntou ela curiosa. - É a Juliana amiga, parece que a família dela se mudou para a casa em frente a minha. - respondi. - Aquela filha de uma mãe, vai morar lá?? Ela não morava, sei lá, umas seis quadras daqui. - Sim mas agora ela está na frente da minha casa e acho que minha janela é de frente para uma daquela casa. respondi lembrando da casa.
- você tá muito ferrado, sabe que ela pode te procurar né?. - sei mas vou evitar a todo custo, você sabe o quanto doeu tudo aquilo. Respondi lembrando do passado.
*flashback on*
- oii Juliana, como você está?. perguntei sorrindo para ela.
- to bem, saudades de ficar abraçada em você amor. Respondeu me abraçando pelo pescoço, eu amava quando ela me abraçava assim ficávamos tão juntos e eu adora sentir ela assim comigo.
- Senti sua falta hoje Juh, queria ter passado mais tempo com você. Falei sendo sincero.
- Bruninho lindo, você sabe que eu não gosto de grude mais, somos amigos e temos que saber o que o outro gosto ou não. Respondeu rindo de mim.
- Tudo bem Linda, desculpa por isso. Respondi e fui ver meus amigos, mas antes de ir ouvi ela falando de mim ainda.
- Ai eu não aguento mais ficar me fazendo perto desse moleque, estou enjoada dele já, sempre querendo ficar colado em mim, chato isso. Ela falava com a Ana.
- Amiga por que ainda mantém amizade com ele já que ele está te perturbando?. Ana perguntou.
- Quero me aproveitar dessa atenção para fazer ciúmes naquele gato do oitavo ano, ele já disse que não gosta muito do s/n, queria ver se consigo fazer isso. Ela respondeu na cara dura. Depois disso eu sai correndo e encontrei com a Thaíssa que me ajudou a controlar o que estava acontecendo comigo, eu estava sem entender nada.
*flashback off*
Relembrar disso mexeu demais comigo, comecei a ficar sem ar, logo minha amiga reparou e me levou para uma área mais calma.
- EI! EI! olhe pra mim não pensa muito mano. Thaíssa falava comigo mas minha mente estava em outro lugar. - Bruno olha pra mim foca aqui, tu não tá bem mano para de pensar nisso. Eu tentava mas ela vinha em minha mente, quando do nada eu senti um abraço diferente e logo reconheci quem era pelo cheiro, eu não sabia o que fazer então só correspondi e apertei ela mais ainda, cheguei até a chorar, mas por pouco tempo. Reparei que a minha amiga não estava mais ali.
- o que você tá fazendo aqui Juliana?. Perguntei me afastando dela antes de qualquer coisa.
- vi você e a sua amiga vindo pra cá, reparei que você não estava bem e pensei em tentar ajudar. Respondeu de forma rápida que nem entendi direito. - então você queria me ajudar depois de tudo que fez, acha mesmo que pode chegar assim pra me ajudar do nada??. falei começando a me sentir incomodado. - Ei eu sei que vacilei, to tentando me redimir, eu lembro que você conseguia se acalmar com um abraço nosso, principalmente depois da morte da sua mãe.....- ela falou como se fosse algo normal e eu comecei a me lembrar do dia no hospital.
*flashback on*
- meu filho você aqui, não deveria ter vindo, não queria que me visse assim. Minha mãe falou, ela estava deitada em sua maca num quarto do hospital.
- precisava ver a senhora mãe, queria lhe contar sobre meus dias, eu sinto sua falta. Falei, ela tinha um leve sorriso no rosto mas ainda assim parecia triste.
- quando eu voltar para casa, você poderá me falar sobre tudo meu amor, mas agora volte para escola, não quero você com faltas por minha causa. Me falou de jeito serio, queria muito ter acreditado no que ela me disse.
Duas semanas depois.....
Aqui estou eu no enterro da minha mãe, a mesma que me fez promessas que não cumpriu, nunca pensei que isso poderia acontecer tão de repente.
*flashback off*
- por que você vem tocar nesse assunto, você não tem esse direito. Respondi dando as costas para ela, não queria que me visse chorando.
- me desculpa Bruno, sério eu não fiz por mal. Ela tenta me abraçar mas eu lhe afasto. - não por favor, não faz isso, tu não sabe o quanto dói em mim tudo isso. Nessa altura eu já estava chorando. Logo se fez presente outras memorias, eu me sentei no chão e abracei minhas pernas aquilo doía demais. Quando reparo, ela se senta ao meu lado e não diz nada, não sei quando mas em algum momento eu acabei cedendo e a abracei novamente, sentir aquele cheiro e o carinho em meu cabelo me ajudou a esquecer meus pensamentos. Foi ali que eu vi o quão errado daria minha reaproximação com Juliana.
Depois de um tempo me recuperei desse momento, agradeci a Juliana pelo apoio e sai de lá, precisava por minha mente em ordem, tudo estava tão confuso.
A volta dela para a minha vida
Os traumas deixados pela perda da minha mãe
Isso tudo está me cansando já, só não sei até quando vou aguentar...
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A história do meu Eu
Ficção AdolescenteNo começo a vida na adolescência parece ser fácil, mas com o passar do tempo vemos que ao amadurecer temos mais responsabilidades e principalmente problemas a caminho...