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Lara Martinez

Talvez eu devesse ganhar um prêmio por promessas quebradas, já que era uma mestre nisso. Lembrei-me como se fosse ontem quando coloquei os pés no aeroporto jurando nunca mais voltar a Madrid e então, três anos depois, estava ali de novo rumo ao hotel que o Rodrygo reservara para mim.

Mas eu estava ansiosa por isso, era a primeira vez em muito tempo que eu estava realmente fazendo algo que eu havia decidido e não que fui forçada a fazer. Eu sabia que poderia haver consequências, mas o jogador me garantiu que eu não teria problemas. Voltar a Madrid era como uma viagem no tempo ao passado. Este que tanto me deslumbrava quanto me assustava.

Eu sabia que vindo do Rodrygo escolheria o melhor quarto e não me enganei em saber disso quando entrei na minha suíte com vista para o mar e mil e uma utilidades. Ele realmente não deveria ter nada para gastar dinheiro.

Quando a porta se fechou atrás de mim, imediatamente dei um gritinho de felicidade e corri para a varanda, tendo a incrível vista do horizonte à minha frente. Voltei para dentro e percebi algo que me chamou a atenção. Na mesinha de centro havia um balde de gelo com vinho e, do lado de fora, um prato de salgadinhos e um bilhete que tirei para ler.

"Bem vinda de volta, Lara. Espero que goste da suíte que reservei e tenha bons dias nela. O aniversário é depois de amanhã e um carro vai te buscar às onze da noite. Abraços, Rodrygo."

Eu imediatamente peguei meu celular e liguei para minha família. Mostrei tudo na vídeo chamada para Alice e minha mãe que estava cuidando dela.

Então, quando terminei, mandei uma mensagem para o realizador de tudo aquilo dizendo que tinha chegado e agradecendo por me colocar em um lugar magnífico para dormir.

Falando em dormir, eu estava tão cansada da viagem que só pensei em uma coisa no momento.

Quando acordei o relógio já marcava mais de três horas da tarde e isso indicava que tinha perdido o almoço no hotel, por isso resolvi me arrumar e ir almoçar em um restaurante.

Tomei banho e coloquei uma blusa branca, short jeans, sandálias rasteiras e soltei o cabelo. Postei uma foto na minha rede social antes de sair e senti que finalmente estava pronta para curtir a cidade.

Há quem diga que sair para comer sozinha é solidão e talvez no meu caso pudesse ser, mas eu não me sentia assim. Madrid não era para amadores, era preciso ter cuidado, mas eu estava me sentindo como se fosse mesmo o meu lugar.

Andar na calçada pode ser o ato mais comum para os espanhóis, mas para mim foi libertador. Em meus fones de ouvido, eu ouvia Velha Infância e tudo parecia ficar ainda melhor. As folhas das árvores balançavam no ritmo, os carros que passavam ao meu lado projetavam vento em meus cabelos, os pedestres tão diferentes uns dos outros que me fascinavam.

Escolhi um restaurante perto da praia e sentei na varanda, escolhendo um prato simples para comer. Quando ia dar a primeira garfada na comida meu celular tocou. logo atendi.

-Onde você está? -indagou Rodrygo do outro lado da linha.

-Boa tarde! - exclamei e dei risada. - Estou almoçando.

-Qual restaurante?

-Posso saber o motivo da pergunta?

-Acabei de sair do treino e queria saber se você está se sentindo sozinha. Ia te chamar para dar uma volta.

- Tudo bem então, vou te enviar a localização.

-Beleza, Lara. Vou ao seu encontro te buscar.

Encerrei a ligação e comecei a comer já animada para sair com meu amigo. Podia parecer que ele ainda estava interessado em mim por todas as coisas que me fazia, mas eu afirmava com certeza que não tinha mais nenhum pingo de interesse, ele só era extremamente bom comigo porque sabia de todos os meus problemas passados.

Perto do fim enviei uma mensagem com a localização e enquanto o aguardava resolvi tomar uma caipirinha deliciosa.

Mas foi só quando eu o vi estacionando em minha frente e eu acabando de sair de onde estava e indo até o carro que minha ficha começou a cair e comecei a ficar nervosa. Fazia muito tempo que eu não falava com ele pessoalmente, eu não sabia mais nem como falar com ele.

-Até que enfim nos reencontramos.- ele disse e sorriu assim que entrei no lado do carona.

Eu não sei nem como reagir a
isso na verdade.

-Só vamos fingir que não passou todos esses anos. -assegurou-me.- Então, eu estava pensando em te levar para o cinema.

-Sério? Cinema? - revirei meus olhos indignada.

-Bom, tem uma outra coisa, mas não sei se você vai gostar.

[...]

-Rodrygooo! - foi tudo que consegui gritar antes do instrutor saltar comigo no parapente.

Quando o jogador me disse que tinha outra coisa para fazermos não passou na minha cabeça que era exatamente algo que eu tinha um certo medo. Nunca tinha saltado de parapente na minha vida e só de ouvir o nome me dava calafrios, mas pelo visto eu não teria escolhas quando chegamos.

O profissional que pulou comigo disse algo que eu não entendi direito, pois minha tensão era imensa. Mas a vista era incrível e com o tempo comecei a me acostumar com essa sensação.

Pousamos na areia da praia alguns minutos depois e eu ainda tremia, mas só conseguia pensar em uma coisa quando Rodrygo pousasse. Enquanto isso fiquei escolhendo as melhores fotos com o profissional e depois de alguns minutos o jogador pousou na areia.

- E aí, gostou? - perguntou ele rindo enquanto caminhava em minha direção.

-Eu vou te matar!

Tirei minha sandália do pé e levantei minha mão segurando-a enquanto corri na direcão dele de brincadeira, fingindo que iria jogar nele. Mas o tiro saiu pela culatra quando Rodrygo realmente achou que eu estava falando sério e acabou correndo para se afastar, mas tropeçou e caiu de cara na areia fazendo-me cair sobre ele antes que eu conseguisse parar.

Rolamos na areia ficando um ao lado do outro e demos risada, exaustos da brincadeira. Nesse momento, uma movimentação já começava a surgir em nossa direção.

-Acho melhor sairmos daqui logo. - levantou-se e estendeu a mão para me ajudar a me levantar.

Agradecemos brevemente aos homens e apressamos nossos passos para fora da praia.

-Tenho uma pergunta. -falei parando de andar. - O carro não está lá em cima?

Olhamos para o morro de onde havíamos pulado.

-Não acredito. - então sua ficha caiu.

casamento por contrato • bellinghamOnde histórias criam vida. Descubra agora