!! dysphoria
Um doce menino, que vê o seu mundo inteiramente em um tom azul indigo.
Ele sorri gentilmente para o céu ensolarado e brilhante.
Ele tem cabelos longos e uma voz doce. Um corpo magro e escondido em roupas largas.
Perto dele há algumas pessoas, que não o reparam. A não ser por outras um pouco mais longe, que o olham torto.
O céu ensolarado some em nuvens pesadas, repentinamente.
O menino indigo olha ao seu redor. Não havia ninguém.
Aquele belo céu de antes, já não brilha mais.
Passos foram ouvidos pelo menino indigo, passos cada vez mais próximos. Assustado, o menino corre, podendo ouvir gritos atrás de si. Era amedrontador. Seja quem estava atrás dele, gritava que ele estava condenado.
o menino indigo corre até perder a forças das pernas, e caindo no chão, viu um mar de pessoas sobre si. Mas não era um mar normal.. Era um mar revolto, como se houve sido atingido por uma tempestade.
Amarraram-lhe os pulsos e seguraram-lhe o pescoço, um homem se aproxima vagarosamente, enquanto observa tudo. O homem carrega nas mãos um balde de tinta e um grande pincel.
O pobre menino força os olhos e então sente os prantos tomando-lhe o peito. Era um balde de tinta rosa. A cor em que o menino indigo menos ansiava ver.
Debatia-se nos braços gelados das pessoas, fazia tudo o que podia para sair daquela situação. O pincel foi mergulhado na tinta, que parece magma fervente. A cada segundo, o azul indigo some da visão do menino, para dar lugar a um cinza morto e sem ânimo.
"Você será salva." foi o que o homem do pincel disse, antes de as outras pessoas segurarem o menino ainda mais forte e enfim, a tortura começasse.
O rosa fervente toca a pele trêmula do menino, que grita e se esperneia. Ele não quer voltar a ser aquele rosa infernal, ele.. Ele não se via naquela cor.
Não adiantava o quanto chorasse, as pessoas não o soltavam. O homem pintava cada canto do menino sem nem sequer dar ouvidos a sua dor.
Era o pior dia de sua vida.
O menino não queria ser salvo, ele somente queria viver. O menino indigo queria apenas sentir-se feliz.
Aos poucos, o azul indigo que o rodeava desapareceu, juntamente de seu sorriso. Sobraram apenas as lágrimas e o rosa que não lhe pertencia.
Sangue escorria de seus lábios recém-pintados, sua garganta havia sido destroçada por tanto gritar. Seus olhos estavam vermelhos. As pessoas o soltaram lentamente, afastando-se de perto do menino pintado de rosa com um sorriso orgulhoso no rosto.
Era uma mistura de orgulho com maldade.
O menino pintado de rosa não podia mais enxergar o indigo ao seu redor. Todo aquele azul tão lindo havia evaporado no meio do maldito rosa. Ele não conseguia mais se ver como o menino indigo.. Ele não conseguia se ver como um menino.
Malditas pessoas, pobre menino.
O menino indigo foi pintado de rosa para que a sociedade o aceitasse. Aquelas pessoas sem alma não podiam aceitá-lo da forma em que ele se via, e assim gostava de ser. O pobre menino foi tratado como uma besta por todos, mas só até que eles o dominassem e o pintassem com a cor que mais odiava enxergar: O maldito rosa ardente.
O pobre menino pintado de rosa agora estava vazio.
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Poesias Confusas
PoetryApenas algumas poesias que falam um pouco sobre mim, mas que talvez qualquer um possa identificar-se.