❝A Escadaria de Pedras❞ - Parte 2

2 0 0
                                    

Definitivamente não dormi bem aquela noite. Se dei umas rápidas cochiladas, interrompidas por pesadelos excruciantes, fora muito. Eu estava assustado demais para ter uma noite tranquila.

"Acordei" mais cedo que todo mundo. A claridade entrava pelo fino tecido da barraca. Abri o zíper da tenda e saí. O clima continuava frio e não estava mais ensolarado como no dia anterior. A floresta parecia bem menos assustadora sobre a luz do dia, mas continuava com a atmosfera pesada.

Fiquei perambulando ali por perto. Eu queria ir para mais longe, mas não tinha companhia. Os meus amigos pareciam estar em sono pesado.

Comi uma barrinha de cereal que eu trouxera e me decidi. Eu iria andar pela floresta, sendo com companhia, sendo sem companhia.

Comecei a caminhar decidido, mesmo que com — um pouquinho — de medo. Eu seguia o mesmo caminho que seguíamos no dia anterior, com a intenção de ver novamente aquela escada misteriosa.

Depois de um tempo caminhando, a avistei. A escadaria estava ali, no mesmo lugar, do mesmo jeito que estava no dia anterior.

Me aproximei dela. Não sei o por quê, mas algo me instigava a subir. Ao mesmo tempo, porém, algo me dizia para não fazer isso. Eu não sabia que "voz da minha cabeça" escutar.

Bem, acho que, involuntariamente, meu pé já estava no primeiro degrau. Eu nem sabia porque estava com vontade de subir em uma escada que literalmente não chegava a lugar algum.

Subi ao segundo degrau. Terceiro degrau. Mas não teve quarto degrau. Eu caí. Me desequilibrei. Nem sei como, mas caí. Não me machuquei, fiquei apenas com as coxas um pouco doloridas da queda. Quando olhei para o lado, havia um caderno com capa de couro marrom.

Curioso, o peguei. Eu abri. Parecia ser um livro de poemas.

Assustei-me com o que estava escrito na primeira página. A caligrafia não era tão legível, parecia ter sido escrita com alguém que estava com as mãos trêmulas.

"Não consigo achar o caminho de volta.

Estou à mercê da minha própria sorte

Às vezes me pergunto se o melhor final é a morte

Minha água vai acabar

E a comida precisarei racionar

Tento escrever para me acalmar

Mas aí, caio na real

e tudo isso só serve para me assustar."

09/02/1993

Foi aí que eu descobri que antes eu ainda não havia experimentado a sensação de estar assustado. Naquele momento, sim, eu estava.

Tanto por aquele caderno ter aparecido ali tão repentinamente, quanto por medo de eu passar pela mesma situação da pessoa que escreveu aquilo.

Segurei o caderno e saí correndo de volta ao lugar da barraca. Cheguei lá rápido, mas não tinha ninguém.

Não tinha barraca. Não tinha os meus amigos. Não tinha nada. Tinha apenas mato.

Pisquei. Esfreguei meus olhos para me certificar de que eu não havia me tornado míope ou coisa do tipo. Quando abri os olhos, porém, estava tudo normal. A barraca estava de pé. E Kate estava ali, do lado de fora, também.

— Thomas! Onde você estava? - ela perguntou, se aproximando.

— Kate, pelo amor de Deus — falei, desesperado. — Olhe isso. — dei o caderno na mão dela.

Ela abriu e leu a primeira página. Pareceu assustada, como eu.

— Onde você achou isso? — ela perguntou, impressionada.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 10 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Pesadelos em SérieOnde histórias criam vida. Descubra agora