Na casinha deles

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Notas: Tava ocupada fazendo a caixa da pelúcia do Ramiro e esqueci que fiquei de atualizar hoje. 😬 Sorry. Nenhum aviso ou tag específica, esse capítulo tá tranquilinho.

Espero que gostem e boa leitura!

***


Kelvin observava a chuva pela janela da sala com um sorriso no rosto. Ouvia Ramiro carregando uma caixa com as coisas da cozinha, assobiando uma melodia que se parecia muito com a de "Estrela". Kelvin cantava essa para ele no bar sempre que podia e era uma de suas favoritas.

Havia outras caixas pela sala e Kelvin devia estar ajudando mas não resistiu a uma pequena pausa para sentir o cheiro de terra molhada e admirar a paisagem. Ramiro e ele tinham planos para fazer um canteiro de flores na entrada e talvez até uma mini-horta na janela da cozinha. Eram muitos planos e ideias e Kelvin sabia que demorariam muito para concluir tudo, mas não se importava. Não tinha pressa. Estavam juntos e estariam para sempre.

Sorriu amplamente e tirou um porta retrato de uma caixa. Era uma foto que Luana tirara deles sem que percebessem, quando dançavam juntos uma noite qualquer no Naitandei. Colocou na mesinha em frente à janela e ajustou a posição. Nem conseguia acreditar que estavam mesmo arrumando a casinha deles com as coisinhas deles!

Aquele era um bom pedaço de chão, com a bendita terra vermelha, fértil e pronta para produzir. Quando percorreram o sítio na velha caminhonete, Ramiro sorria como uma criança, apontando onde pretendia começar a plantar milho e feijão. Apesar de ter crescido trabalhando numa lavoura de soja, queria mesmo era produzir comida. Também queria ter algumas galinhas e até umas vaquinhas (tinha uma vaga lembrança da infância de tomar leite fresco e pretendia resgatá-la). Prometeu a Kelvin que ia lhe dar um jardim de flores amarelas na frente de casa e o cantor não conseguiu segurar as lágrimas.

Mesmo agora, semanas depois do negócio finalizado, quando finalmente se instalavam na casa, se emocionou só de lembrar. Limpou as lágrimas, ainda sorrindo e tocou a foto com carinho. Assustou-se levemente quando os braços do namorado o envolveram por trás.

— Por que ocê tá chorando, Kevinho? Aconteceu alguma coisa?

— Não, Rams. É choro de alegria!

Kelvin se virou nos braços de Ramiro e o beijou, sem pressa. Não era nem de longe a primeira vez que se beijavam na casa nova, mas o barulho da chuva, a leve brisa que entrava pela janela, o cheiro da terra molhada pareciam trazer um sabor especial ao momento. Kelvin se lembrou de um desejo antigo, de sua adolescência. Um desejo simples, bobo até. Inclinou-se ligeiramente para trás, interrompendo o beijo e mordeu o lábio, sorrindo.

— Rams, tem uma coisa que eu queria fazer... Vem comigo? — pegou a mão do namorado e deu um passo na direção da porta.

— Ir pra onde, Kevinho? Na chuva?...

— Ir pra chuva, Ramiro! Vem! — e puxou-o o resto do caminho para fora.

Ficaram molhados em segundos e Kelvin riu e jogou a cabeça pra trás, quando Ramiro o pegou no colo e girou.

— E o que que ocê queria fazer, Kevinho?

— Beijar na chuva, Ramiro! Eu sempre quis beijar na chuva!

Ramiro sorriu e balançou a cabeça, mas não se fez de rogado. Puxou Kelvin com força para junto de si e atacou sua boca como só ele sabia fazer. Para surpresa de Kelvin, Ramiro tinha se mostrado um ávido aprendiz na arte de beijar. E um grande apreciador do gesto também.

Sempre que se encontravam ou se despediam, o namorado lhe dava ou pedia um beijo. Em uma ocasião memorável, ele passara o dia todo emburrado por que Kelvin tivera que sair muito cedo para viajar até outra cidade para conhecer potenciais novos fornecedores para o bar, além de ter uma reunião com o empresário de uma dupla famosa e saíra sem acordá-lo (e consequentemente sem lhe dar o costumeiro beijo de bom dia).

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