Prólogo

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MARIA SABINA HIDALGO PAÑO.

O meu pai foi embora quando eu completei cinco anos de idade, e a partir dessa data comecei a odiar meus aniversários. Mas agora, sinto que tudo pode ser diferente, estive observando com atenção os balões prateados que juntos completavam o número "19", preso em minha parede com fitas metalizadas pretas e alguns enfeites sobre a mesa decorada por minha irmã mais nova Maria.

A pequena de cabelos cacheados que na semana passada completou cinco anos, brincava feliz da vida com as crianças do bairro —, que não eram muitas, mas eram fiéis a nossa família e ao que acreditamos.

No Bronx, se você não se acostumar rápido com o jeito que tudo acontece, as pessoas se aproveitam da sua ingenuidade para pisar em você, a minha mãe nos protegeu disso assim que colocamos nossos pés no bairro. Os bandidos não se metem com a gente, e muito menos nos prejudicam, mas algumas pessoas, não têm a mesma sorte.

E eu acredito que meu pai não teve essa sorte.

Pois, ainda não entrou em minha cabeça que um pai teve coragem de abandonar a filha no dia do seu aniversário, ele e eu sempre fomos próximos e ele sempre fez de tudo para estar por perto nos meus dias bons e ruins, então, não consigo entender o motivo do seu afastamento repentino.

A música que ecoava da caixa de som da minha festa, tomava conta de todas as ruas do Bronx. Os fundos da minha residência era preenchida por pessoas que eu gostava e amava, em todos os cantos se encontravam copos vermelhos de bebidas, e algumas garrafas já vazias e outras pela metade.

E enquanto estava sentada no sofá de dois lugares que se encontrava na parte da frente de meu quintal, pensava em meu pai, gostaria muito de aproveitar a festa, mas não conseguia. Minha mente sempre voltava naquela comemoração onde ele não estava.

— Saby. — escuto a voz de minha mãe, e sinto o sofá afundar ao meu lado. — Está aqui por que sente falta do seu pai?

— Pois é, mas eu quero saber o que aconteceu, antes de decidir se sinto falta ou ódio. — respondo. — Ele e eu brincávamos aqui na frente de casa antes de ele ir embora, e agora, só tem esse sofá.

— Quando ele deu a ideia de deixar o sofá aqui fora, achei que ele estava louco. — disse. — Mas ele sempre se sentava aqui para esperar você chegar da escola, e agora está sozinha.

— Por enquanto, daqui a pouco vou entrar para ficar com o pessoal. — suspiro. — Lá dentro todos estão aproveitando, pode pegar mal eu ficar sentada aqui sozinha. Não quero parecer mal educada.

— E quem sabe seu humor não melhora, o Oscar chegou. — apontou para o 1963 Chevrolet Impala SS vermelho. — Vou deixar vocês conversarem, te quiero. — beijou minha testa, e voltou para dentro de casa.

Minha mãe sabia da importância que meu melhor amigo tem em minha vida, e por mais que ele seja conhecido como um dos maiores traficantes do bairro, nossa amizade era bastante respeitada por meus familiares —, já que era ele que nos protegia. E já me defendeu de assédios dos homens nojentos da vizinhança.

Oscar Diaz era conhecido como "Spooky", ele tem uma aura muito intensa e intimidadora, vem daí o apelido de "Assombrado". Ele é quieto e calculista, nem sempre deixa a mostra o que pensa, e um dos motivos que certamente causa medo nas pessoas é o fato de ele estar profundamente envolvido com uma gangue violenta.

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