Cara ou coroa?

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O dono

Thor sabia que nada era para sempre, ele vivia em um mundo onde podia morrer a qualquer momento, tudo era risco, tudo era perigo, ainda assim havia tantas coisas boas em seu trabalho que aos seus olhos todos os riscos valiam a pena.

Claro que aquilo era ele e sua mente jovem, antes do teto desabar em sua cabeça e seu mundo meio que ruir.

Clint tinha lhe prometido que podia lidar com tudo, que o importante era eles ficarem juntos. Clint lhe fez acreditar que era possível e então... Três anos depois já não o mesmo. E isso o destruiu mais do que todo o resto.

Ok que ele era um agente secreto e tinha coisas que não podia falar com o marido, mas ele concordou, ele disse que entendia... Então por quê? Porque...?

"Não posso mais, Thor, não posso mais ficar nessa vida te esperando em casa sem saber se irá voltar. Eu estou indo, sinto muito".

E foi isso, era tudo isso o que Clint lhe deixou levando apenas as coisas pessoais e todas as explicações. Deixou para trás o anel de casamento em cima da mesa da cozinha e a chave do apartamento. Ele lhe deixou sem olhar para trás.

— TR, já faz quase um ano, cara, sai dessa. Clint não quer ser encontrado, seu casamento não existe mais, mano.

Rocket era um colega de trabalho, eles geralmente não tinham missões juntos, mas daquela vez foram escalados para lidar com um grande caso e por isso estavam disfarçados naquele cassino luxuoso em Las Vegas e como precisavam matar o tempo, estavam em um dos balcões do bar da casa jogando conversa fora.

TR assentiu bebericando um pouco mais do martini em sua taça. Rocket tinha razão, porém o abandono ainda pesava, afinal um fim unilateral era pior do que um tiro.

— Você tem razão... É só que... Sei lá, ainda dói cara.

Seu companheiro de missão e agora amigo de bar de fachada rolou os olhos e engoliu o resto de whisky:

— Quer saber? Você precisa de um novo namorado, é isso. Sei lá, vá caçar alguém cara, mas sai dessa. Já deu.

Thor assentiu. Sim, era isso, era isso que ele devia fazer, trabalhar menos e sair para conhecer pessoas. Ponto.

Ele só precisava mudar de ares, mudar de círculo, dar um jeito...

E então Rocket virou o rosto discretamente e o alvo deles entrou na casa.

— A gente se fala depois, fique de olho.

Ele saiu de perto de si e Thor deu um tapa de leve na sua escuta só para confirmar o aparelho. Sua parte na missão daquela noite era cobertura e garantir que Rock tivesse tempo sozinho com o alvo.

TR terminou de beber, colocou a taça no balcão e saiu para circular, cuidando disfarçadamente da entrada do cassino e dos seguranças à paisana. A missão consistia em tirar informações e sair sigilosamente. Coisa simples, embora o caso todo não fosse.

Ele se curvou com falso interesse sobre a mesa de roleta e alguém esbarrou nele o empurrando para o lado e terminando com ele quase em cima de um dos homens que passava pelo corredor.

De primeiro momento TR apenas pediu desculpas e já ia se afastar quando acabou olhando o homem nos olhos e quase ofegou praticamente por instinto.

O homem era alto, quase sua altura, esguio, mas visivelmente musculoso debaixo do terno risca de giz, tinha olhos asiáticos graciosos e queixo arrogante. Os cabelos negros estavam em estilo executivo e não parecia alguém acostumado com o local se o olhar de julgamento pelo entorno fosse uma dica. E Thor era ótimo em leitura humana, fazia parte do seu trabalho, afinal.

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