Prólogo

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"Say you can't sleep, baby, I know
"That's that me espresso"

Espresso ~Sabrina Carpenter 


A madrugada caiu gélida, conduzida pelos fortes ventos veranis que cortavam a escuridão de Londres, acompanhados pelas finas gotas de chuva que riscavam a superfície lisa da janela. A chuva havia caído copiosamente durante toda a tarde e no início da noite se tornou mais forte, se estendendo pela madrugada sem qualquer indício de que cessaria pela manhã. A neblina fraca que embaçava o vidro indicava que a manhã seguinte seria igualmente acompanhada de chuva.

As grandes construções em pedra, desgastadas pelo tempo e pela falta de manutenção se destacavam em meio aos postes de luz fraca que tentava cortar o crepúsculo em meio a garoa. Os edifícios de números onze e treze, um ao lado do outro, estavam completamente mergulhados no escuro, sem que nenhuma luz fosse visível do lado de dentro. A vizinhança silenciosa indicava que nenhum morador permanecia acordado.

Mas, camuflada em meio as fachadas desgastadas das casas onze e treze, a casa de número doze ainda tinha uma das luzes acesas.

Estava quieta. Seus moradores haviam se recolhido algumas horas antes quando a noite fria começou a cair e o relógio alcançou o número dez. A residência estava afundada no escuro, com exceção da luz vinda por baixo da fina fresta da porta do primeiro quarto em frente a escada. A luz fraca do cômodo indicava que seu habitante ainda não havia sido capaz de se render ao cansaço e se juntar ao mundo dos sonhos.

Do outro lado da porta, o garoto de rebeldes cabelos castanhos escuros anotava freneticamente informações no diário a sua frente, a ponta da pena riscando rapidamente a superfície do papel. Seu corpo dava seu melhor para ignorar o sono e manter-se acordado, embora suas pálpebras implorassem por descanso.

Mas James sabia que não conseguiria dormir. Não enquanto não terminasse mais uma das vinte e sete estratégias reservas que havia elaborado na última semana das férias de verão. Não podia dormir enquanto não garantisse que não aconteceria novamente.

A menor lembrança do ocorrido lhe causava náuseas, seu corpo odiava relembrar aquele momento, por isso se mantinha acordado mesmo diante da exaustão. Não seria capaz de recostar a cabeça no travesseiro sem ter total certeza de que o gosto azedo da derrota não voltaria a assombrá-lo.

Sabia que não conseguiria pregar os olhos antes de garantir que, dessa vez, seu plano seria infalível.

James estava obcecado.

Era como se sua mente estivesse impossibilitada de deixar esse assunto de lado por um segundo sequer. Era como se fosse incapaz de pensar em outra coisa, porque, na realidade, era incapaz.

Incapaz de pensar em outra coisa senão sua vitória.

Seus olhos cor de mel correram sobre a escrivaninha de seu quarto. Sua mão correu por seu rosto, estava, de fato, exausto. Passou o dia todo reforçando suas estratégias, tendo a certeza de que não deixaria nada passar. Com o corpo dolorido pelo longo período sentado, ele se levantou, olhando para sua parede de estratégias. A confusão de pergaminhos com desenhos mal feitos acompanhados de uma feia caligrafia, poderiam parecer bagunçados para a maioria das pessoas mas, para James, aquele caminho era tão brilhante e claro quanto a reluzente taça que teria em mãos quando o ano letivo terminasse.

Com as mãos nos bolsos de sua calça de pijama azul com vários pequenos pomos de ouro desenhados, um sorriso arrogante estampou os lábios de James ao encarar sua parede cheia de jogadas e seus olhos se encontrarem com o olhar dela.

— Parece que alguém vai perder esse ano, Wood — ele sorriu para a foto colada à sua frente.

Seus olhos, embora cansados e vermelhos, mantinham-se em tom de desafio, fixos sobre o rosto diante dele.

CHALLENGERS ~ James Sirius Potter Onde histórias criam vida. Descubra agora