Garganta Dilacerada

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Coisas ruins acontecem
naturalmente com cada ser humano.
Os problemas se adaptam a vida de cada pessoa. Algumas pessoas tem gargantas resistentes para isso pois são poucos os que aguentam ficar calados diante ao horror no qual a vida vos presenteia.

🏮

S/n estava de joelhos na frente do rio perto de sua casa. A mesma enchia dois baldes de água e levava ladeira acima.

Hanako: — Já, maninha? Você normalmente demora tanto lá embaixo. — Seu irmão mais velho pegou os baldes, usando um pouco da água para fazer o almoço já que já ía amanhecer.

S/n: — E a Onka... Ela não voltou?

Hanako: — Ela vai voltar, maninha, fica calma. — Ele provou o sabor do arroz com uma colher separada.

S/n: — Mas já faz uma semana! Eu vou procurar ela! — Enraivou-se e saiu de casa.

Hanako: — S/n, não. É perigoso lá fora. — Deixou a cozinha e agarrou o braço da garota, a impedindo de ir longe.

S/n: — Eu não vou demorar. E é a minha gata, eu não quero trocar ela. — Se liberou do aperto e correu, gradualmente sumindo por entre as árvores.

Hanako: — Quero você aqui antes do sol nascer! — Gritou em um volume suficiente para que a menina ouvisse.

A garota escutou e se apressou ainda mais pois não demoraria muito para amanhecer. A neve caía suavemente, manchando seus cabelos de branco. Logo ela parou e olhou ao redor.

S/n: — Onka! Psst, psst, psst.

Obviamente não teve sucesso. Como um gatinho indefeso pode sumir da noite pro dia, afinal?
“Será que algo a levou?... Claro que não. Acho que onis só comem gente”.
Era o que ela pensava até se encontrar com bastante frio no meio da floresta. Suspirou profundamente, se arrependendo de ter se afastado tanto de casa, por mais que não parecesse tão longe. S/n nem notou que já estava a um triz para amanhecer, ela continuou procurando até entre os galhos das árvores mais altas mas foi tudo em vão. A menina ficou chateada pois amava muito sua felina.
Ela ía voltando para casa até escutar um galho quebrar bem próximo dela. Se virou para identificar a origem do som brusco mas tudo que encontrou foi neve, árvores e mais neve.

S/n, com sua inocência pensou que fosse apenas um coelhinho, por isso mostrou um sorrisinho singelo. Mas o que saiu de trás da árvore não foi nada como ela pensava. Um homem alto com cabelos longos e ruivos escuro, vestia um haori roxo com detalhes rubros, portava uma katana estranha e o pior de tudo... Seis olhos dourados estampados em sua face. Dois deles diziam “1” e o outro “Superior”.

S/n caiu no chão, apavorada com o a silhueta.  Ele nada dizia, sua expressão era completamente petrificada e seu cenho totalmente fechado. Não, isso com certeza não é nada humano. Claro que não...

A reação do mais alto foi aproximar-se com lentidão, suas madeixas ruivas e escurecidas esvoaçando pela brisa fria. Seus passos cada vez mais pesados e mais próximos. Ele com toda certeza não teria misericórdia alguma ao pisar com força na cabeça da menina.
A esta altura, S/n tinha sua respiração totalmente desregulada, levava ondas de arrepios misturados com calafrios a cada passo mais próximo, seus olhos arregalados continham lágrimas intimidadas pela aura assassina que emanava ao redor daquele ser.
E tudo o que a pequena queria era encontrar sua gatinha...

Logo, aquele homem ergueu a mão lentamente em direção ao rosto da menor. Sua mão imensa cobriria facilmente seu rosto mas antes disso acontecer, Hanako se pôs na frente da amada irmã, interrompendo a aproximação. O homem mais alto, que só se via seus olhos brilharem em chamas douradas pois ele estava contra a luz do sol que vinha se aproximando bem lentamente mas ele pareceu não perceber no momento.

O ser não emitiu nenhum som, não mostrou nenhuma expressão e sua aura demoníaca continuou bem notória. Logo, ele enrigeceu o olhar, e em uma velocidade sobre-humana, arranhou o pescoço de Hanako. Mas não foi um simples arranhão, ah não...
Hanako caiu no colo de S/n, então sem nem conseguir se mover direito, se ajoelhou na neve, segurando seu querido irmão. Sua garganta estava cortada de um jeito desastroso, S/n podia ver todo o interior ensanguentado daquela região. Ambos tinham seus olhos arregalados.

Hanako fixou seus olhos lacrimejados nos de S/n, com sua boca entreaberta, chocado pelo que acabou de acontecer. Mal pôde sentir o ataque. S/n, por outro lado, não conseguia acreditar. Ela mal conseguiu acompanhar aquele movimento, o que aconteceu, afinal!?

Rapidamente o sangue de seu irmão mais velho começou a se espalhar pela neve, tingindo-a de vermelho. S/n tremia muito com seus lábios entreabertos. Lentamente ergueu a cabeça para olhar novamente o mau feitor daquele incidente. Os olhos da garota tremiam, acompanhando seu corpo. Ela estava se mantendo firme até encontrar aqueles seis olhos dourados daquela desgraça.

“Seres abomináveis como você, sem luz e sem utilidade não deveriam existir.”

Sua voz grossa e grave falou mais do que a própria aura assassina. Ele estreitou os seis olhos, o que fez seu olhar mais intimidante.

“... Se algum dia me encontrar de novo, espero que esteja mais evoluída. Pois eu não vou lhe deixar escapar tão facilmente como hoje.”

Ele a intimidou ainda mais com o olhar antes de sumir como um rabisco. Os primeiros raios de sol vieram acariciar a pele da garota que até agora estava chocada, com os olhos arregalados e o corpo tremendo.

Jogada no chão com o corpo do seu querido e amado irmão nos braços, a gigantesca quantidade de seu sangue carmesim espalhado na neve e sua garganta totalmente exposta.

S/n não aguentou. Suas lágrimas começaram a cair sobre a bochecha de Hanako. Ela ainda estava totalmente petrificada.
Então, para expressar tudo o que estava sentindo, se inclinou para frente e um grito horrível e estridente saiu do fundo de sua garganta. Um grito de sofrimento, como se estivesse sendo torturada. O suficiente para rasgar suas cordas vocais. Então a ansiedade da garota foi elevada em um nível tão absurdo que sua visão ficou embaçada, não se podia escutar nada mais além de um ruído.
E antes de cair, pôde enxergar um borrão escuro se aproximando às pressas.

Então finalmente caiu para trás, seus olhos se tornaram pesados e sua respiração cessou por um momento.

Ambos estavam estirados no chão.
Agora os dois irmãos tinham suas gargantas dilaceradas.

 Agora os dois irmãos tinham suas gargantas dilaceradas

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Olá novamente!
Me perdoem pelo capítulo pesado.
Mas posso prometer que o próximo será mais romântico, hehe!
Muito obrigado por terem lido até aqui,
espero que continuem e comentem bastante!

Imagine Tokito Muichirou - ImprevisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora