Cicatrizes do passado

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- O que ele faz aqui maman? - perguntei apontando para o meu irmão mais velho.

- Querido, por favor escute sua maman! - Disse ela preocupada comigo. - Antes, Khris, por favor não provoque seu irmão.

- Mas eu não fiz nada maman - disse Khris, vulgo meu irmão mais velho, se aproximando de mim, me dando um abraço e por fim sussurrando em meu ouvido, fazendo apenas com que eu escutasse. - Ainda...

Meu sangue ferveu que parecia que estava com febre interna. Me afastei de Khris e me sentei na poltrona ao lado de minha mãe, que me olhava ansiosa, pelo o que parecia, a notícia não seria muito boa para mim. Minha mãe se sentou em sua poltrona enquanto o Khris nos deixou sozinhos na sala, pois seu telefone havia tocado.

- O que houve maman? - perguntei com preocupação em meu peito, obviamente, não deixando transparecer, enquanto minha mãe tentava acalmar suas mãos trêmulas.

- Filho, nós... - disse ela enquanto sua voz falhou miseravelmente, por fim suspisrou enquanto saiu uma lágrima de seus olhos. - Filho, nós perdemos as economias de seu pai. Quando ele faleceu, ele havia deixado essa casa para nós morarmos, mas, descobri hoje de manhã que essa casa estava sendo vendida pois alguém havia comprado o terreno de nossa casa sendo que eu nem vendi, mas o governo não está disposto a devolver o dinheiro investido nesse terreno para o comprador e eu não pude comprovar que a casa era nossa por direito. Vamos ter que morar com seu irmão, querido.

- NÂO - disse protestando com a ideia de morar com meu irmão e com sua esposa e filhas, estava até disposto a dormir em um banco de uma praça, mas nunca que piso naquela casa. - Maman, temos vários parentes, por que justo com o Khris? Se esqueceu do que ele fez comigo no passado?

Minha mãe chorava muito, com a respiração acelerada me pedia perdão desesperada, enquanto eu processava todas aquelas informações. Khris de repente apareceu na sala e me olhou sério, aparentemente, ele parecia uma pessoa fria, como sempre. Me olhou de cima a abaixo e por fim disse:

- Não entende que estou fazendo um favor? Por mais que eu não seja um irmão mais velho exemplar, devo dizer que você não fica muito atrás em relação ao passado e...

- Fermez-la (Cala a boca) filho da puta - disse olhando-o com ódio. - Só porque você é o mais velho, não tem o direito de me julgar. Como você mesmo disse, você não é exemplar, então feche a boca e não se meta em assunto de família.

- Eu não sou da família, Kevin? - perguntou Khris indignado.

Não tendo controle de minha raiva, dei um soco na cara do Khris, algo que deveria ter feito há muito tempo. Minha mãe entrou no meio da discussão nos separando um do outro. Por fim, respirando bem fundo disse:

- Não e nunca foi, até porque, o que você fez no passado é demais até para mim e eu tinha apenas 09 anos. Apenas a porra dos 09 anos e, você fez aquilo comigo. Eu carrego a cicatriz nas costas até hoje, seu desgraçado.

Saindo da sala, indo para o banheiro do meu quarto, trancando a porta e por fim, me desabando em suspiros e lágrimas silenciosas de raiva. Retirei minha roupa, e entrei no chuveiro, colocando na temperatura fria, assim fazendo meu corpo rígido se contrair com a temperatura e por fim relaxando o músculo e tomando meu banho. Saindo do banho, coloquei uma roupa casual e me deitei na cama respirando fundo e parando para refletir sobre o que havia acontecido e, aos poucos meus olhos estavam pesados e tudo ficou escuro. 

Logo fui acordado por batidas na porta, ouvindo uma voz de longe. Murmurando algo, disse um "entra aí". Assim que estava acordado, vi que era meu irmão. De todas as pessoas, tinha que ser ele que havia deixado entrar em meu quarto.

- Vejo que ainda guarda o retrato do time de beisebol, lembra de quando você fez um gol? - disse ele tentando ser caloroso.

- Primeiro, beisebol se marca ponto e não gol's. Segundo, não vem tentar ser um irmão doce e nem nada não, porque nada do que disser, vai me fazer esquecer do que fez comigo. - disse para ele e, assim sua cara se fechou e o mesmo foi em direção a porta do meu quarto.

- Suas malas já estão prontas no carro. Vim te acordar para recolher o resto de suas coisas e vir comigo para minha casa. Lembre-se que nenhum dos nossos parentes, gostam da maman, já devia saber disso. - disse ele por fim, saindo me deixando a sós em meu quarto.

"Já que vi que vai ser uma longa noite"

Assim que eu reuni minhas tralhas, fui para o carro de meu irmão, colocando tudo no porta-malas e por fim, entrando em seu carro. Khris havia dado a partida em seu carro e o caminho todo até sua casa foi um total silêncio. Ao chegarmos lá, minhas sobrinhas saíram da casa do Khris para abraçá-lo, enquanto minha cunhada vinha receber minha mãe e a mim. Após as longas conversas que tivemos, finalmente pude ir para o meu novo quarto. Tudo o que queria era me deitar na cama e ir dormir, mas de repente meu celular tocou. 

Número desconhecido

- Alô? - disse ao atender o telefone.

- Oi sou eu a Amélia - disse ela com uma voz animada. - Como você está?

- Bem e você, Amélia? - disse me jogando na cama.

- Estou bem sim - disse a mesma. - Então, sobre amanhã a tarde...

- Nem comece a inventar desculpas, porque como seu professor não aceito qualquer ladainha - disse interrompendo-a, conseguindo arrancar uma risada e acabei rindo junto.

- Não bobo, queria perguntar se eu poderia levar meu livro de linguagens para me ajudar a falar Francês, junto com as minhas anotações passadas. Ou você acha que não seja necessário? - perguntou Amélia enquanto ouvia sua respiração.

- Uma boa idéia você levar, porque assim fica mais fácil de continuarmos da onde você pausou seu estudo para avançarmos seu progresso seletivo. - disse enquanto desfrutava em ouvir sua voz.

- Ok então, eu irei levar... - disse a mesma e por fim, houve um silêncio entre nós na ligação, até por fim ela dizer. - Obrigada pela ajuda hoje, Kevin.

- Não precisa agradecer, apenas não gosto de valetões ou de valentonas. Enfim... te vejo amanhã? - perguntei com um sorriso no rosto.

- Sim é claro. Boa noite Kevin, tenha bons sonhos. - disse ela com ternura.

- Boa noite, igualmente Amélia.. Tchau. - disse não querendo me despedir.

- Tchau - disse a mesma, por fim desligando o telefone.

Após desligar o telefone, peguei um cobertor para me cobrir, colocando meu celular para carregar e com o despertador pronto para tocar, fechei meus olhos e vaguei em meus sonos profundos e não tão emocionantes, igual a primeira vez.

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⏰ Última atualização: Mar 01 ⏰

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