Capitulo 1

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                       Jordana Point of View

— Você tem alguma experiência anterior em marketing, Luara? - Eu estava examinando seu currículo meticulosamente.

— Não exatamente, mas eu já criei vários vídeos para a internet, sou meio que uma influenciadora digital... - Ela mexe nos cabelos com um gesto sutil. — Na minha comunidade, sou um pouco famosa, sabe? As pessoas sempre me reconhecem e...

Eu a interrompo. Já percebi que ela é do tipo que fala sem parar.

— Como você mencionou, na sua comunidade, isso explica o porque eu nunca ouvi falar de você antes. - Percebo Egisto em pé ao meu lado, tentando segurar uma risada.

— Não precisa falar desse jeito com a moça, Jordana. - Ele tosse de leve.

— Não tem problema, senhor Egisto, ela está certa. Mas eu sou bastante útil quando se trata de marketing, isso eu garanto a vocês. - Ela diz convicta.

— Só a sua palavra não basta, Luara. Precisamos ser justos. Tenho que contratar alguém que realmente saiba o que está fazendo, entende? - Encosto-me na cadeira, cruzando os braços.

— Sim, perfeitamente! - Ela responde com entusiasmo, parecendo ansiosa para provar seu valor.

— Luara, podemos te oferecer alguns dias como um período de teste. - Egisto intercede, algo que ele nunca havia feito antes. Sua iniciativa me surpreende. — Se percebermos que você se adapta bem ao cargo e se a Jordana concordar, a vaga será sua.

Egisto lança um olhar confiante para mim, esperando minha resposta. Eu pondero por um momento, observando a expressão esperançosa de Luara.

— Muito bem. Se você conseguir demonstrar habilidades práticas e entregar resultados, podemos considerar a sua contratação. - Concluo, tentando manter minha voz firme e imparcial. Luara sorri amplamente, claramente aliviada e animada com a oportunidade.

                                         (...)


— Algo me diz que você não gostou dela. — Estávamos andando pelo o ambiente amplo e elegante da nossa grande mansão. Tínhamos acabado de chegar da gravadora, e a noite já havia caído, envolvendo tudo em uma quietude serena.

— Não é isso, só preciso ver se ela realmente vai ser útil como diz ser. — Tirei minha jaqueta lentamente, sentindo o peso do dia nos ombros, e a coloquei com cuidado no sofá antes de me sentar. Meu marido, seguindo meu exemplo, fez o mesmo e se acomodou ao meu lado. — O que eu queria mesmo era lançar algo novo, mas como posso fazer isso se ainda não encontrei o artista certo?

— Isso leva tempo, Jordana. — Ele falou com um tom calmo e compreensivo. — Até lá, podemos lançar compilações, remixes, reedições dos nossos antigos sucessos. Já conversou com aquela moça, a dona da boate?

— Kellen? - Ele assente. — Por qual motivo eu deveria ter falado com ela?

— Não lembra do que ela disse sobre uma possível colaboração conosco? Sobre como poderíamos organizar eventos na boate dela? — Sua voz era serena, mas carregava um toque de entusiasmo contido.

Incrédula, virei-me para encará-lo, buscando compreender o que ele tinha em mente.

— Parcerias com esse tipo de lugar? - Escolhi as palavras com cautela, consciente da mensagem que queria transmitir. — Isso está fora de cogitação.

Egisto se acomoda mais ao meu lado.

— Pense bem, Jordana. Nessa boate, circulam personalidades influentes, artistas renomados. Quem sabe não seja uma oportunidade única de expandir nossos horizontes e atrair novos talentos?

— Egisto, nossa gravadora já conquistou seu espaço. - Interrompi-o, deixando escapar a frustração contida em minhas palavras. — Só preciso encontrar o talento certo.

Ele segurou minha mão com delicadeza, fitando-me com aquela mesma paciência que sempre me cativou.

— Eu sei, amor. - Sua voz era um murmúrio reconfortante. — Mas às vezes, as oportunidades mais significativas estão onde menos esperamos. Não estou sugerindo que mudemos nossos padrões, apenas que estejamos abertos a novas possibilidades.

Refleti sobre suas palavras, consciente do peso da busca incansável por um talento que pudesse revolucionar nossa gravadora. Talvez fosse hora de arriscar, de explorar territórios desconhecidos em busca daquele brilho único que tanto almejávamos.

— Vou considerar. - Finalmente, cedi, apoiando a cabeça em seu ombro. — Mas não prometo nada.

Um sorriso tranquilizador se formou nos lábios de Egisto, enquanto me envolvia num abraço reconfortante.

— Vamos dormir? - Ele deposita um beijo na minha cabeça.

— Vai indo, daqui a pouco te encontro no quarto. - Ele se levanta e me da um selinho, logo caminhando em direção ao quarto.

Suspiro, pensando na possibilidade, talvez Egisto esteja certo.


                                          (...)


— Então, amiga, você deu uma boa pensada na proposta? - Kellen pergunta, com um sorriso esperançoso brincando em seus lábios.

— Não somos exatamente amigas, Kellen, por favor. - eu respondo, enquanto ela faz um gesto de surpresa fingida. — Mas sim, eu considerei e...

— E vai topar? - ela interrompe, com os olhos brilhando de curiosidade.

— Vou. - eu respondo com um suspiro, e ela solta um pequeno grito de empolgação, chamando a atenção de alguns curiosos na mesa ao lado. — Nunca mais faça isso.

— Você e seu marido não vão se arrepender! - ela exclama, dando um gole em seu vinho.

— Esperamos que não. -  eu respondo, com um sorriso incerto. — Minha equipe de marketing está praticamente completa, recentemente contratei uma garota por um período teste, vamos ver como ela vai se sair, agora só precisamos da voz principal.

— Bem, se não for inconveniente, tomei a liberdade e já resolvi isso. - ela diz, com um brilho travesso nos olhos. Fico perplexa, sem entender sua abordagem. Kellen tinha um jeito peculiar de se expressar.  — Conheço alguém que vai se destacar! Fazer um sucesso estrondoso. Todo mundo lá da comunidade conhece ela. - ela explica, com entusiasmo.

— Comunidade? olha, Kellen, na minha gravadora, espero profissionalismo. Não quero brincadeiras. - eu a lembro, enfatizando minha seriedade em relação ao trabalho. — E eu aceitei essa proposta para explorar novas oportunidades, não para entretenimento.

— Que brincadeiras? Calma lá, só porque ela é da comunidade não significa que não tenha talento. Fique sossegada mulher, que preconceito é esse? Kellen responde, com um tom de indignação, desafiando qualquer visão estereotipada que eu possa ter.

— Não foi essa a minha intenção, vamos nos concentrar na proposta, está bem? - Eu peço, notando o leve ar de desconfiança em seu olhar, mas decidimos prosseguir com a conversa.

— Certo, então vou passar o contato dela para vocês. - Ela assente. — A festa acontecerá daqui alguns dias, com a presença de muitos políticos e pessoas de grande importância, sabe?

— Entendido, vou me preparar. Teremos ensaios durante a semana. Alguma música precisa ser gravada? - Eu pergunto, enquanto ela saboreia um pedaço de carne.

— Não creio que seja necessário, ela geralmente faz tudo ao vivo mesmo.

— Certo... Anoto algumas informações em meu celular. — Ah, quase esqueci, como ela se chama?

— Milena.

— Milena.. - Murmuro seu nome, deixando as sílabas dançarem em minha mente enquanto pondero sobre a colaboração com essa garota, e como será trabalhar com ela.

Um sorriso brota em meus lábios e um calorzinho de expectativa se espalha dentro de mim, curioso para ver as cores que ela trará ao nosso projeto.




>>>>>> Continua! ✨

Just Us - JorlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora