Just Us - Jorlena

Capítulo 22

Milena Point of View

— O cabo do fluido de freio do carro do seu marido foi cortado. - A voz grave do delegado ecoou pela sala de interrogatório, carregada de um peso que fez o ar parecer mais denso.

Estávamos na delegacia. Jordana, ao meu lado, parecia ainda imersa em um estado de choque profundo. Eu também estava abalada, acreditava que com a morte dele, as coisas se tornariam mais simples, mas ver Jordana assim, lutando contra as lágrimas que teimavam em cair, partia meu coração. No entanto, o que aconteceu era inevitável.

— Cortado? - Ela repetiu, sua voz quebrando, revelando um misto de descrença e medo.

O delegado assentiu, mantendo seus olhos fixos nos de Jordana. Seu rosto era uma máscara de seriedade, como se ele compreendesse completamente o impacto de suas palavras. Jordana respirou fundo, tentando absorver a informação enquanto seus olhos brilhavam com lágrimas não derramadas.

— Sim, cortado intencionalmente. - Ele esclareceu, seu tom firme. — Isso transforma o que parecia um acidente em uma investigação de homicídio. Vamos precisar da sua total cooperação para identificar quem poderia ter motivos para fazer isso.

Jordana mordeu o lábio inferior, seus olhos se movendo freneticamente enquanto processava a gravidade da situação. Suas mãos estavam trêmulas, e eu podia sentir a tensão irradiando de seu corpo. Ela parecia estar à beira de um colapso, mas ainda lutava para manter a compostura.

— Quem... quem faria algo assim? - Ela perguntou, sua voz agora apenas um sussurro, repleta de uma dor profunda e palpável.

O delegado manteve sua expressão imperturbável, mas havia uma gentileza em seus olhos que sugeria compreensão. Ele pegou um bloco de notas e começou a anotar algo, talvez para dar a Jordana um momento para se recompor.

— É isso que estamos tentando descobrir, senhorita Juarez. - Ele disse suavemente. — Cada detalhe, cada pessoa que possa ter tido algum conflito ou desentendimento com seu marido, será crucial para nossa investigação.

Jordana desviou o olhar para o chão, suas lágrimas finalmente escorrendo pelas bochechas. Ver seu sofrimento dessa maneira era insuportável para mim. Queria abraçá-la, confortá-la, mas sabia que ela precisava de força e coragem para enfrentar essa nova realidade.

— Seu marido recentemente... ele teve alguma briga, qualquer coisa que possa nos ajudar? - perguntou o delegado, sua voz calma, mas cheia de urgência.

Jordana suspirou profundamente, seus olhos ainda marejados e cheios de dor. Podia ver que ela estava lutando para organizar seus pensamentos em meio ao turbilhão de emoções.

— Delegado, o Egisto nunca foi uma pessoa fácil. - Ela começou, sua voz suave e carregada de tristeza. — Ele tinha os negócios dele, e isso sempre trouxe complicações e desentendimentos.

O delegado assentiu, absorvendo a informação enquanto fazia anotações rápidas. Havia uma tensão palpável no ar, cada um de nós consciente do peso das palavras que estavam sendo ditas.

— Bom, isso aqui foi tudo que... que a gente encontrou no carro. - Disse ele, colocando uma pequena sacolinha transparente na mesa. Dentro dela, havia alguns pertences do Egisto, objetos pessoais que de repente pareciam imbuídos de uma importância sombria.

Eu engoli seco, a garganta apertada com a tensão. Permaneci em silêncio, observando enquanto Jordana olhava para a sacolinha, sua expressão uma mistura de dor e confusão. Ela estendeu a mão trêmula e pegou a sacolinha, examinando os pertences com cuidado.

— Esses eram os itens dele? - Ela perguntou, sua voz baixa e quase sem vida.

— Sim, encontramos esses itens no carro após o acidente. - Respondeu o delegado. — Estamos analisando tudo para ver se há alguma pista ou algo que possa nos ajudar a entender o que aconteceu.