O Borrão negro

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No espelho me vejo, um borrão negro,
Defeitos em profusão, não nego.
Não me reconheço, nem me amo mais,
Lastimo o ar que respiro, jamais.
Um labirinto de desilusão,
Onde me perco na escuridão.
Sinto-me afundar, sem esperança,
Num mar de tristeza, sem bonança.

Mas há luz além do breu,
Um caminho que desconheço, eu sei.
A jornada da autoaceitação,
Onde encontro paz e redenção.
Não sou apenas falhas e sombras,
Sou feito de luz, também de sombras.
Ame-se, ainda que imperfeito,
Pois só assim se quebra o despeito.

Do espelho, um novo olhar,
Reflete o amor, sem se ocultar.
Encontre-se, pois aí reside,
A verdadeira beleza que nos guie.

No brilho dos olhos, a compaixão,
No sorriso, a mais pura expressão.
Aceite-se, com toda a intensidade,
Desperte a alma, liberte a verdade.
No abraço caloroso do autoamor,
Encontra-se a cura, o resplendor.
E assim, diante do espelho, enfim,
Vejo-me completo, em mim mesmo, sim.

Nessa jornada de autodescoberta,
Desfaço as amarras da dor incerta.
Reconstruo-me, pedra sobre pedra,
Na essência mais pura que me medra.
E ao fitar-me no reflexo sem véu,
Vejo a beleza que em mim se revela.
Um ser de luz, com defeitos e brilho,
Amor-próprio, o maior dos trilhos.

A.C.L.V.

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