capítulo 2

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Ja passava das duas da madrugada e Chaeyoung ainda não tinha aparecido em casa e nem sequer respondia as minhas mensagens.

Não sabia que ja tínhamos chegado nessa fase de evitar uma a outra tão rápido. Tá a cada dia que passa se parecendo ainda mais com um casamento de verdade, que irônico.

Por mais que eu possa supor que ela deve estar bem e só está me evitando, isso não me impede de ficar extremamente preocupada. O que me fez sair de casa e estar nesse exato momento a caminho do ateliê dela.

Foi o primeiro lugar que pensei em vir, já que normalmente quando ela sai é para vir pra cá. Mas, caso não esteja só me resta procurar ela pelas ruas e torce para que esteja bem.

Depois de mais alguns minutos andando, finalmente chego em frente ao pequeno galpão que a Chae fazia de ateliê.

Me aproximo mais um pouco e percebi que a pequena porta de correr estava entreaberta, revelando que as luzes de dentro do local estavam acessas. Só restando assim duas opções, ou ela está aqui ou um ladrão louco por arte decidiu roubar uns quadros e tintas.

  Tomo a liberdade de abrir a porta e entrar no local e vejo dois olhares distintos me observando. O de Chaeyoung que nesse momento havia parado de pintar seu quadro para me observa e um homem sentado no pequeno sofá  a poucos metros do cavalete aonde Chaeyoung tinha seu quadro apoiado. Não gostei muito dele.

—ah...oi, eu só vim verificar se você estava bem, ou viva....está tarde e você não respondia minha mensagem e ligações— disse um pouquinho constrangida com a situação. Nunca gostei muito de chamar atenção para mim.

—ahhh, então era você ligando pra ela. Tô vazando chaechae, fica aí com sua esposinha de aluguel.— o homem falava aquilo com tanto deboche que se eu não estivesse tão cansada da minha caminhada e não fosse tão Cortez, daria um soco na cara dele. "Esposinha de aluguel" que idiota.

Ele apenas se levantou,  passou ao meu lado sem me cumprimentar e saiu do lugar, nos deixando sozinhas.

—Quem ele era?

—quer saber por???

—porque você está num galpão as duas da madrugada em uma rua aonde não tem uma pessoa se quer e sua única companhia era um homem que por sinal é  bem babaca.— eu tinha falado sério, mas por algum motivo ela riu. Não faço ideia se isso é uma coisa boa ou ela só tá rindo da minha cara por estar fazendo papel de idiota, mas eu sei que estou feliz por vê aquele sorriso de novo depois de tanto tempo.

Puta merda, eu sou tão trouxa.

— por mais que eu não te deva explicação alguma, ele é só um amigo que estudou comigo na faculdade, hoje ele tem parceria com uma renomada galeria de arte aqui na cidade. E ele me convidou para expor alguns dos meus quadros lá—ela falou tão rápido que quase me perdi em suas palavras, ela estava totalmente focada passado um pequeno lápis preto freneticamente no quadro, o que me deixou confusa, mas não achei muito seguro questionar o motivo.

—ah, isso me parece ser uma coisa muito boa, mas, você vai receber por isso ou ganhar alguma coisa? Parece está se esforçando bastante— nesse momento tomei a liberdade de me aproximar e sentar no sofá já que ela nem olhando para mim estava. Poderia ser uma boa oportunidade para começar uma conversa.

  —Claro que não, por sinal algumas pessoas pagam para ter suas artes expostas em lugares assim.

—Que?

—É muito normal. Lugares como aquela galeria atraem visitantes todos os dias, inclusive alguns críticos e compradores, é importante essa visibilidade. 

— vai ser muito idiota perguntar o porquê?

—Nao se preocupe, eu já te acho uma completa idiota.

—tava demorando

—falar a verdade não ofende

—chaeyoung, da pra parar um pouco e  sentar aqui?— ela finalmente me encarou, mas totalmente descontente com a situação.

— não vê que eu estou ocupada?

— eu não me importo, senta aqui. Eu posso ser bastante insistente e você sabe disso. Por favor... só quero conversar.

A garota finalmente cede ao meu pedido e se senta ao meu lado, mas nem um pouco feliz.

—O que quer em?

—conversar ou talvez me explicar, eu não sei ok? Mas não gosto disso

—Eu não sei se percebeu mas "isso" é culpa sua

—Nao é! e eu já tô cansada pra cacete para ficar dizendo a mesma coisa todos os dias a todo momento em que conversamos, você não é nenhuma criança— ela me olhou assutada, em outra ocasião eu pediria desculpas pela forma como falei, mas ela merecia ouvir isso.

—eu acho melhor você ir embora

— e eu acho melhor você ficar sentadinha aí e me ouvir. Você era a minha amiga, a minha melhor amiga porra, nos conhecemos a anos você deveria ao menos saber do meu caráter. Eu sei que não está feliz com a situação, mas não fui eu que fali a sua família, não fui eu que coloquei a vida de vocês em perigo e também não fui eu que dei a ideia desse casamento idiota. Você acha que eu estou feliz?! Acha que estou feliz sabendo que minha amiga me odeia, que tô vivendo uma mentira dentro de casa, e que você não consegue me tratar com o mínimo de respeito porque decidiu que o papel de vitima te serviria bem.— eu juro por tudo que é mais sagrado que nesse momento eu estava tentando ao máximo não chorar mas me parecia impossível—  eu só queria que você pelo menos tentasse me entender, eu nunca aceitaria isso se eu também tivesse escolha Chaeyoung.

—Sabe o que eu acho? É que pra você minha amizade nunca serviu, nunca foi o suficiente, a anos você vem guardando ressentimento por eu nunca querer ter tido "algo a mais" com você. Sempre chateada quando falava de algum garoto, sempre odiou todos os caras com quem fiqu-

—vai se fuder porra, você namorou um imbecil que nunca ia as aulas e ngm nunca o via sóbrio e depois começou a ficar com um moleque pervertido que tentava te comer em qualquer canto daquela faculdade. Não venha me culpar por ter o mínimo de noção— eu acabei interrompendo ela por estar com raiva, mas ainda sim é melhor do que dar um soco na cara dela.

—a única coisa que eu vejo aqui Mina, é você se aproveitando de toda essa situação, porque você é uma mimada que não sabe lidar com um Não.

— Então é isso que pensa ao meu respeito, que tirei proveito do momento de fragilidade da sua família pra te manter minha refém? Que eu tô usando você pra amaciar meu ego ferido pela garotinha hétero. Eu não sei o que é mais sem noção, você ou essa teoria idiota— eu não sei dizer se tô com raiva, magoada, triste, ou os três juntos. Chega a ser um absurdo ela pensar algo desse nível ao meu respeito.

Eu não daria o prazer de me ver chorando a ela. Já me sinto uma idiota só por ter me preocupado e ter vindo até aqui. Talvez eu mereça isso por pensar que se tentasse algo mudaria.

  É tão estúpido eu ficar todos os dias me esforçando para que ela pelo menos entenda meu lado, sendo que Ago vejo que para ela eu sou só uma aproveitadora.

—pode pegar as chaves de casa, não se preocupe, não vai precisar me vê novamente. E se sinta totalmente livre pra fazer o que quiser com quem quiser. Aquela merda é só um pedaço de papel mesmo— eu jogo as chaves no sofá perto de onde ela estava sentada. Não iria mais precisa delas, não voltaria la enquanto ela não tiver um lugar para ir

—Não vai pra casa?

—Eu acho que não te devo satisfação a respeito de nada, Chaeyoung

Casamento arranjado  [michaeng]Onde histórias criam vida. Descubra agora