no escuro (único)

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Felix resmungou pela segunda vez enquanto revirava a gaveta da cozinha à procura de uma vela, ele se sentia um pouco patético pelo desespero que estava fazendo isso, ainda mais pelo motivo, mas ele não podia evitar.

Ele não gostava de ser um adulto de vinte e três anos com medo do escuro, ele sempre dormia com um abajur no quarto, uma luz acesa perto do quarto ou a janela aberta para a luz do poste da rua invadir um cômodo escuro.

Desde pequeno Felix nunca gostou do escuro, esse medo o acompanhou pela vida inteira e ele o odeia agora na fase adulta.

O loiro estava em casa terminando o jantar, quando de repente todas as luzes se apagaram, ele deu um salto no lugar e correu para pegar seu celular no quarto,  descobrindo na pior hora que não havia conectado no carregador quando chegou em casa e a bateria havia acabado totalmente. Ele foi para a cozinha procurar uma vela que ele sabia que Chan havia guardado ali há meses, mas por algum motivo não estava encontrando.

O medo já tomava conta dele, ele já não sabia mais onde procurar algum pontinho de luz sequer, o apartamento estava completamente escuro e silencioso, Felix sentia seu coração acelerado, suas mãos já estavam começando a suar e uma vontade de chorar enquanto o desespero de não achar qualquer coisa que pudesse iluminar um pouquinho sequer a casa.

Ele deu um salto no lugar quando ouviu um barulho na porta da frente, mas cinco segundos depois ficou mais aliviado se lembrando qua Chan chegaria mais cedo do trabalho hoje.

— Amor? — Chan chamou assim que entrou no apartamento e enquanto trancava a porta sentiu seu corpo ser agarrado.

— Ainda bem que chegou. — Felix diz. — Eu ia morrer se você não chegasse logo.

— Eu estou aqui, está tudo bem. — Chan o abraçou de volta, sentindo o corpo menor envolvendo o seu com conforto. — sabe o que houve com a luz? O bairro inteiro está assim.

— Não sei, eu nem pensei em descer na portaria para perguntar, fiquei concentrado em não acabar desmaiando de medo.

Chan riu fraco.

— Está tudo bem, Lix.

Chan tirou o celular do bolso e ligou a lanterna, deixando Felix aliviado ao ver a sala do apartamento se iluminar um pouco.

— Desculpa, eu nem perguntei se você está bem.

— Eu estou, amor. Cansado, mas bem.

— Eu deveria te soltar então... — Felix desfez do aperto na camisa de Chan que ele não tinha percebido que estava assim tão apertado.

— Não solta não. — Chan negou, trazendo ele para mais perto outra vez. — Eu gosto de você pertinho.

Chan beijou a bochecha cheia de sardas e Felix sorriu.

— Você já comeu? Está com fome?

— Eu estava fazendo o jantar, mas a luz acabou e... eu estou com fome.

Chan ri.

— Vamos comer então. Espera eu tomar um banho?

— Banho? Mas não tem água quente, Channie.

— Vai ser rápido.

— Eu posso esquentar água para você no fogo, nós temos uma panela gigante aqui? — Felix ficou pensativo.

— Não precisa, bebê. — ele ri enquanto caminha abraçado com Felix. — não me importo de tomar banho frio, eu até prefiro às vezes.

— É ruim tomar banho frio. — os dois chegaram no quarto e Felix se sentou na cama, Chan deu seu celular para ele e foi procurar algo no guarda roupa. — quando será que a luz volta? Acho que eu deveria descer para falar com o porteiro... bom, mais tarde talvez.

— Eu posso ligar para ele se você quiser.

— Isso significa que você teria que desligar a lanterna, não é? — Chan assentiu. — Então deixa pra lá. Uau. — Felix olhou na direção do mais velho. — a sua bunda fica maior nessa calça.

— O que? Não fica não. — Chan riu tocando seu próprio traseiro.

— Fica sim, vem cá. — Felix esticou o braço em sua direção.

— Ei, não toque minha bunda. — Felix ri com Chan tentando fugir dele. — Você quer me esperar aqui no quarto?

— Não vou ficar sozinho. — Felix se levantou, agarrando o braço de Chris. — Espera.

— O que foi?

— Eu não beijei você hoje.

— Você literalmente me acordou com beijos hoje de manhã.

— Ah, mas eu quase nem lembro.

Chris ri.

— Deixa eu refrescar sua memória.

Chan deixou um selinho nos lábios dele.

— Eu continuo sem lembrar.

Felix segurou o rosto de Chan e juntou seus lábios, começou devagar, as bocas se movendo lentamente até que suas línguas se tocaram e a mão de Felix foi parar nos cachos macios de Chan.

As línguas se moviam lentamente em sincronia, as mãos grandes de Chan foram para a cintura do loiro e Chan chupou sua língua, fazendo todo o corpo de Felix ficar sensível.

— Céus, não faz isso... — Felix separou o beijo para sussurrar.

— O que, gatinho? — Chan beijou o pescoço dele.

— Não me beije assim... — Felix sorri quando Chan passa seus dentes pelo seu pescoço e deixa uma mordidinha.

— Eu te chamaria pro banho se você não odiasse água fria, mesmo que não precise de um convite.

— E se a gente ficasse aqui no quarto? Ficamos abraçadinhos e damos vários beijinhos... é uma ideia melhor.

— Quer mesmo dormir com um namorado fedorento?

— Eu não me importaria, você nem é fedorento...

— Eu vou ser rápido, tá bom?

Chan precisou convencer Felix de que ele tinha que tomar banho, e o loiro acabou sentado na privada com a lanterna nas mãos enquanto receoso esperava seu namorado tomar banho. Yongbok se livrou do banho frio porque tomou banho assim que chegou do trabalho mais cedo, então apenas Chan foi quem o tomou frio enquanto distraía Felix conversando com ele sobre uma borboleta que viu no trabalho hoje.

Quando terminou, os dois saíram do banheiro e talvez tenha rolado uma longa sessão de beijos, terminando com um Felix despenteado e um Chan com lábios vermelhos.

Os dois decidiram jantar na sala, comendo a carne assada que Felix fez, que mesmo fria estava muito saborosa. A sobremesa eles dividiram a última fatia de um bolo de chocolate que Chan havia feito.

Eles acabaram jogando uno porque ainda não estavam com sono e Felix acabou esquecendo que estava com tanto medo antes, já que a companhia de Chan era tão divertida, principalmente enquanto ele próprio tinha uma crise de riso após ganhar - segundo Felix, injustamente - a partida do jogo.

Eles ficaram no sofá contando sobre o dia um do outro no trabalho, Felix fez uma nota mental de comprar meias de casal para os dois depois de olhar para seus pés e sentirem eles tão despidos, enquanto ouvia Chan falar com tanto amor sobre seu trabalho.

Felix acabou pegando no sono primeiro, depois que o assunto acabou e eles ficaram abraçados aproveitando a companhia um do outro, quando Chan começou a cantarolar baixinho uma música que ele não conhecia, o loiro acabou por pegar no sono primeiro abraçado no mais velho.

Chan o levou para o quarto e o cobriu com um cobertor quentinho, Chan se deitou ao seu lado e Felix abraçou seu corpo no mesmo instante, resmungando algo parecido com um "eu te amo" e recebendo um sorriso e um "te amo também" de volta.

A luz não voltou naquela noite, mas ao lado de Chan, aquilo já nem fazia tanta diferença para Felix.

𝗱𝗮𝗿𝗸𝗻𝗲𝘀𝘀, chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora