Tudo a dizer • JJK

Se sacrificar por um bem

Apenas um dia havia se passado e Aris sentia que sua vida tinha virado de cabeça para baixo em poucas horas. Atordoada, após sair dos aposentos da rainha a dama de companhia andava distraída pelos corredores do reino.

Agora, mais do que nunca precisa saber onde sua irmã estava, precisava conversar ela, deixar tudo esclarecido, Aris sabia que cada pessoa tinha seus motivos e que antes de deixar-se levar em apenas escutar um lado da história, iria escutar o ponto de vista de todos os envolvidos.

Assim, teria uma decisão.

Rapidamente uma mão que parecia ser masculina segurou em seu pulso, impulsionou seu corpo para frente a fazendo seguir seus passos, o homem que aparentava jovem e que vestia um traje preto azulado a fez correr junto com ele por um jardim após abrir uma das portas do corredor.

— me solte — pigarreou — seu insolente, solte-me agora — pigarreou novamente e então sentiu que não estavam mais correndo — quem é você? — franziu o cenho enquanto observava o homem virar-se para si.

Ele era incrivelmente bonito, não tanto quando o rei, mas ele era muito peculiar, seus cabelos eram castanho claro com pontas loiras desbotadas, ele possuía um olho verde, tão verde quanto as folhas da árvore que ele se apoiava, tinha um corpo forte e um olhar intimidador.

— sou Kim taehyung, um prazer milady — respondeu com rouquidão, uma voz leve mas carregada de potência.

— nome de batismo? — Lady Aris nunca tinha visto uma pessoa com um nome daquele de batismo morando no Reino Unido, a não ser que ele tenha nascido em outro país.

— Thomas, o outro nome herdei do meu pai cujo descendência era asiática.

— entendi — cruzou os braços, cerrando os olhos — por que me puxou daquele jeito?

— ah, soube que uma bela mulher havia chegado de viajem e que estava na corte, fiquei com vontade de vê-la para saber se realmente era tudo isso que os outros falavam.

Que ousadia.

— é do tipo que se quiser vai e faz? — no fundo Aris gostava do jeito astuto do moreno barra loiro, mas não era tola para confiar em um homem de alguns minutos para outro.

— se é isso que tem em mente, devo concordar com a senhorita — sorrio de lado deixando um risinho escapar, tão modesto! — aliás, o que fazia no quarto da rainha?

— isso já não é da sua conta, meu senhor Thomas — a jovem o reverênciou e fez menção de sair, mas novamente teve a destra do homem puxando seu pulso de volta para si, seu peito subia e descia sobre o decote, estava furiosa.

— provavelmente ela deve ter lhe contaminado com suas loucuras...

— do que está falando?

— a rainha Eliza não tem um histórico tão bom assim — Thomas largou o pulso de Aris e voltou a se escorar na árvore — rainha Eliza, embora seje bonita e respeitosa, não é tão certa da cabeça, ela tem alucinações, paranóias e acredita nelas como se fosse uma verdade, ela ficou assim após a morte de seu pai.

— como sabe disso? — não deixaria de fazer perguntas, queria saber mais sobre ele.

— você não foi a única dama de companhia que ela chamou para conversar em seu quarto, as outras não eram como você, vendiam informações da rainha, quando ela descobria, as mandava embora — céus, que terrível não poder confiar em suas próprias damas de companhia, Aris faria o mesmo, as trocava.

— você trabalha aqui, o que faz?

— meu pai é conselheiro do rei, ele está de férias e eu resolvi voltar de viajem...

— entendo, bom, obrigada pelas informações — agradeceu.

— eu queria lhe fazer outra pergunta..

— diga — deu permissão.

— não, não é nada — passou as mãos sobre as bochechas e então foi se distanciando — não, quer saber, amanhã, as 11:30 venha me encontrar neste mesmo lugar — sorrio pequeno com que tinha em mente, mas foi ela se virar para trás deu de cara com ele, sim, o culpado disso tudo.

— m-meu rei — o cumprimentou — o que faz aqui?

— queria respirar um pouco, estava dando uma volta e os encontrei aqui — os olhos de Jungkook estavam cerrados na direção de Thomas, aquilo era ciúmes? — vocês tem alguma relação?

— não, conheci este rapaz hoje, ele não me convém em nada — respondeu rapidamente, e então se aproximou do mais velho para o acalmar, deixou um selar molhado em sua bochecha e então andou atravessando seu corpo, tipo de atitude que fez o rei se derreter mais ainda pela dama. Mas ao estar alguns passos de distância dos dois, Aris se virou novamente e então sorrio provocante para Thomas, enquanto Jungkook estava de costas.

Agora, precisava dormir, descansar sua mente e então procurar Mary.

• • •

Depois de Aris acordar, apenas colocou o espartilho branco, arrumou seus fios e colocou a parte de baixo do vestido acinzentado o deixando alinhado na cintura fina. Estava pensativa. Apoio seu queixo sobre sua mão enquanto se encarava no espelho.

Como acharia Mary?

Mas foi apenas pensar que viu pelo espelho seu pai adentrar em seu aposento, Aris pensou que aquilo era a resposta que precisava.

— papai — o chamou — o que faz aqui?

— apenas queria saber como estava — respondeu, quando na verdade queria saber como o plano estava — pareçe estar pensativa.

— eu estou bem — proferiu vendo o mais velho se sentar na ponta de sua cama — papai, onde Mary está? — rapidamente Colin que estava acariciando o tecido do lençol que cobria a cama com sua destra parou de a movimentar.

— por que quer saber?

— eu ainda me preocupo com ela independentemente do que fez, ela é a minha irmã — como uma bela atriz, Aris fingiu estar comovida.

— eu não me importo aonde aquela prostituta está — respondeu arrogantemente — apenas sei que ela está hospedada no novo hotel que foi inaugurado, provavelmente fazendo orgias. Repugnante.

— papai! — o chamou atenção novamente — enfim, já chega desse assunto.

— é melhor. Como está indo nossos planos com o rei? — o sorriso de lado de Colin não passou despercebido, então tornou-se a movimentar sua mão no lençol.

— está indo bem, a rainha me tem como sua dama de companhia, me chamou em seus aposentos ontem para me ter como sua confidente fiel, preciso provar minha confiança, não sei o que fazer — abaixou sua cabeça pensativa.

— Aris, não está pensando em ficar ao lado da rainha, está? — o silêncio da filha foi o ápice para Colin se levantar, se aproximou de Aris e a virou para si enquanto apertava seus ombros.

Sua jovem filha tinha herdado aquela ingenuidade da mãe,  acreditava em tudo facilmente e se deixava levar.

— o que está fazendo?

— minha querida, prefere sacrificar a felicidade da sua família para felicidade de outros? — questionou — essa rainha, com ou sem você, vai acabar caindo e virando apenas mais uma dama na corte, e se você ficar ao lado dela vai cair também e arrastará nossa família para o túmulo, você quer isso?

As palavras de seu progenitor estava martelando nos pensamentos de Aris, talvez ele estivesse certo, não poderia pensar no bem estar dos outros enquanto sua família estava no mais puro pó.

— não, não quero isso...

— então comece a agir como uma rainha até realmente virar...

Após dito, Colin tirou suas mãos de Aris e saiu em disparado pela porta do quarto. Agora só bastava resolver aqueles problemas aos poucos e começaria por Mary e seu sobrinho.