15 de marzo

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-Acho que é melhor nós irmos embora agora… queria poder tomar um último café da manhã com você, mas não vai dar - Tentou manter sua voz firme, sem falhas
-Está tudo bem… quem sabe um dia, vamos deixar o destino decidir por nós duas - Levantei da cama e tentei guardar cada detalhe do seu corpo nu. Ela me olhou sorrindo e me beijou
- Ainda temos tempo para uma ducha rápida?
-Sim, mas não vou entrar com você senão não vamos sair na hora - Acariciei seu rosto, e dei um selinho antes dela entrar no banheiro.

                             24 horas antes

  Conheci Anahí em uma festa, uma festa de aniversário que eu preparei para minha namorada. Ela também fazia aniversário naquele dia e seus amigos também estavam lá para comemorar mais um ano de vida. Nos esbarramos, nossos olhares se cruzaram e eu senti que já nos conhecíamos de outras vidas. A princípio tentei não dar ouvidos aos meus instintos e achei que nunca mais voltaria a vê-la. Mas o destino quis um novo encontro, e dois meses depois nos esbarramos de novo em outra festa. Dessa vez eu senti que deveríamos nos apresentar, deveríamos não ir contra o Universo.
Ela pegou meu número, eu dei também meu Instagram e ela me pagou uma bebida. Não falamos mais nada além disso, nossos olhos já eram íntimos antes mesmo de saber seu nome.
  Alguns dias depois nós já estávamos conversando por mensagem, e descobrimos que nossos signos combinam! Descobri também sua idade e sua profissão. Ela soube dos meus gostos musicais, hobbies e que eu era comprometida. Contei que vivíamos a alguns anos juntas e nosso relacionamento estava aberto a alguns meses. Ela pareceu satisfeita com a informação.
  As nossas conversas ficaram cada vez mais longas e íntimas, até o dia em que ela me convidou para sair, pela primeira vez. Antes disso me fez uma pergunta, eu tive que ler mais de cinco vezes para ter certeza que não estava sonhando, ela perguntou despretensiosamente se eu ficaria com ela. Depois de rir como uma boba no banheiro do trabalho, eu respondi que sim. Nosso primeiro encontro não aconteceu do jeito que queríamos, teve muita chuva e frio no lugar do piquenique em uma manhã ensolarada de domingo. Tivemos que desmarcar duas vezes, nossas agendas não batiam, e eu tive compromissos conjugais a cumprir.
  Na noite que antecedeu nosso primeiro encontro, foi difícil controlar a ansiedade e as expectativas. Marcamos de nos encontrar num domingo à tarde, para assistir a um showzinho em um bar intimista. O encontro aconteceu horas depois do planejado, porque tive uma discussão calorosa com minha namorada antes de sair de casa. Ela estava inconformada de me ver sair de casa tão arrumada para me encontrar com meu melhor amigo gay. Sim, nosso trato para ter o relacionamento aberto era não deixar que a outra soubesse dos nossos encontros nem muito menos ficar com alguém na frente uma da outra. Eu sou uma péssima mentirosa, era óbvio que eu não estava indo sair com meu melhor amigo Christian, mas foi a única coisa que consegui pensar naquele momento.
  Quando cheguei no local de encontro, senti que ela me comeu com os olhos mas estava tímida, e eu amei descobrir seu lado retraído! Comecei um assunto bobo só para ver seu sorriso e nele eu me descobri e me perdi cem vezes antes dela perceber. No caminho até o barzinho ela foi me contando histórias doidas, e o som da sua voz rouca me embriagou.
Em algum momento da nossa conversa eu parei de prestar atenção no que dizia e pensava como seria nosso primeiro beijo,ela parecia querer muito esse momento pois olhava minha boca a todo instante e molhava os lábios mexendo no cabelo.
  Chegamos! A música ao vivo ainda não tinha começado, ela pediu nossas bebidas e sentamos numa mesa longe do palco, afinal não estávamos ali para assistir ao show. Me lembro do som da sua respiração quando se aproximou de mim na primeira tentativa de me beijar. Me disse num sussurro que tínhamos um assunto para resolver, virou meu rosto lentamente em sua direção e encostou seus lábios nos meus. Meu corpo estremeceu, suas mãos foram imediatamente para minha cintura e meu coração por um segundo teve certeza que achou sua metade. O beijo tinha sabor de fruta fresca, era molhado e intenso sem ser desesperado. Any enfiou a língua na minha boca e senti vontade de gemer quando senti o contato, ao invés disso passei minha mão por sua nuca e deixei seu cabelo entre meus dedos. Ela guiou o beijo até o final e depois me olhou satisfeita, tomou um gole da sua bebida e acendeu um cigarro. Outros beijos aconteceram durante a noite, um deles quase me fez esquecer onde estávamos.
  Depois daquele show ela me convidou para passar a noite em sua casa, e eu não consegui dizer não. Estávamos bêbadas, felizes, de mãos dadas como um verdadeiro casal e qualquer pessoa na rua diria que nós nos conhecíamos a tempos. Entramos no Uber e ela não soltou minha mão, acariciava e vez ou outra me olhava sorrindo. Eu queria que aquele dia tivesse sido eterno. Chegamos na sua casa, mas não me lembro de nenhum detalhe, assim que fechou a porta ela me beijou e me pegou no colo. Fomos para seu quarto e desse cômodo eu me lembro bem, sua cama estava perfeitamente arrumada, a tv desligada e uma brisa fresca entrava pela janela.
-Eu quero te chupar - Sussurrou contra minha boca, me jogando na cama. Eu não sabia o poder que suas palavras tinham até aquele instante. O meu corpo inteiro se excitou com sua frase, e dali em diante eu descobri uma Dulce María que ainda não conhecia.
  Na manhã seguinte acordei deitada em seus braços, ela ainda dormia e sua respiração estava lenta, serena e feliz. Suspirei sorrindo e beijei sua boca para ter certeza que não estava fantasiando. Ela custou a abrir os olhos, fez carinha de preguiça e sorriu me vendo ficar em cima dela
-Desse jeito não vamos sair dessa cama - Trocou de posição comigo, ficando por cima. Me deu alguns selinhos e levantou. Tomamos café da manhã juntas e ela fez questão de me servir cada coisa.

Cianuro y Miel  - ONESHOT (Portinon)Onde histórias criam vida. Descubra agora