Capítulo 1

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Não sei como começou essa história, mas sei como começou a minha. Sou Emily Lopes, uma psicóloga bem-sucedida de 29 anos. Meus pais... bem, eles se foram em um acidente de carro. Foi difícil no começo, mas estou melhor agora. Temos que seguir em frente, não é mesmo?

Não tenho namorado, apesar das insistências da minha avó para que eu me case. Moro sozinha, mas passo a maior parte do tempo na casa dela. Estava lá, neste exato momento, comendo lamé.

"Querida, já disse para procurar sua alma gêmea", ela insiste.

"Vovó, já lhe disse que não tenho interesse nisso."

"Por que não dar uma chance àquele seu amigo gatinho?", ela sugere, referindo-se ao meu melhor amigo, Jung Joo-woo.

"Ele é meu melhor amigo, não tem nada a ver."

"Você não beija seu inimigo", ela responde com sabedoria.

"Os homens desse tempo só pensam em sexo, eu não vou dar esse prazer. Eu queria um cavalheiro", explico.

"Então eu nunca vou casar por aqui."

"Nunca diga nunca, querida", ela diz, pensativa.

Depois disso, volto para casa e acabo dormindo.

Quebra de tempo

Acordo com a luz do sol invadindo meus olhos, tornando difícil abri-los completamente. Com esforço, me levanto e vou ao banheiro. Depois de fazer minhas higienes matinais, dirijo-me à cozinha. Enquanto tomo meu café da manhã, ligo a televisão para conferir as notícias.

Após terminar o café, sigo para a clínica. Começo a atender meus pacientes, e percebo uma ficha nova, de uma nova paciente.

**Ficha:**
- **Nome:** Lucy Listom
- **Idade:** 6 anos
- **Nacionalidade:** Coreana
- **Motivo de início de terapia:** Testemunhou a morte dos pais, que eram mafiosos.

Meu Deus, isso não seria assunto para um psiquiatra? Coitadinha, ela é apenas uma criança.

Atendo-a, e a garotinha está claramente abalada. Faço anotações em meu caderno.

"A paciente Lucy demonstra comportamento apropriado para o luto, tristeza evidente nos olhos. A criança está claramente traumatizada, gagueja ao falar. Talvez após o período de luto, ela apresente uma melhora."

Enquanto trabalho, recebo uma mensagem no celular, é da minha avó. Respondo, prometendo que passarei em sua casa amanhã.


Quebra de tempo

O melhor amigo de Emily, jung joo woo, chamou ela para beber em um bar.

Jung olhou para mim com uma expressão séria enquanto eu tentava manter o equilíbrio naquela atmosfera de música alta e pessoas dançando ao nosso redor. A vodka que ele insistiu em encher meu copo estava começando a fazer efeito, e eu mal conseguia pensar direito.

"Emily, você está bem?" Jung perguntou, sua voz soando distante através da névoa alcoólica que envolvia minha mente.

Eu balancei a cabeça, tentando focar nele. "Estou... estou bem. Só preciso... só preciso de um momento para processar tudo."

Ele assentiu compreensivo, seus olhos escuros cheios de preocupação. "Eu entendo. Foi um dia difícil para você, especialmente com esse caso da criança testemunha."

Assenti, sentindo um nó se formar em minha garganta ao lembrar daquela pobre criança que presenciou o horror de perder os pais de uma forma tão brutal. "É... é devastador. Eu não consigo nem imaginar o que ela está passando."

Jung colocou uma mão reconfortante em meu ombro. "Você fez o seu melhor, Emily. E tenho certeza de que vai ajudá-la da melhor forma possível."

Eu me forcei a sorrir, apreciando o gesto de apoio dele. "Obrigada, Jung. Isso significa muito para mim."

Enquanto continuávamos a conversar, percebi que a bebida estava começando a perder o efeito do choque do dia agitado que tivemos. A música alta, as luzes piscantes e a companhia de Jung estavam me ajudando a descontrair, mesmo que por um breve momento.

Mas mesmo com toda a distração ao nosso redor, uma sensação de inquietação persistia dentro de mim. Havia algo sobre o caso daquela criança que me deixava inquieta, como se houvesse mais do que aparentava à primeira vista.

Enquanto Jung e eu nos envolvíamos em conversa, eu sabia que essa noite não seria o fim das minhas reflexões sobre o caso. Havia segredos sombrios escondidos nas sombras, esperando para serem revelados, e eu estava determinada a descobrir a verdade, não importasse o que custasse.

Continua..

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