Encarnação de Ísis

CAPÍTULO 2

Esse capítulo eu dediquei para falar um pouco mais da nossa Maya, então ele é um pouco mais longo. Não se esqueçam de votar e comentar o que estão achando, boa leitura

MAYA

Desde que nasci fui destinada para ser uma grande sacerdotisa. Por muitos anos esse foi o meu destino, e mesmo "conformada" eu ainda me perguntava porque não poderia escolher meu futuro como os outros. Do alto da janela do templo eu via as pessoas comuns, tendo mais um dia comum, eu acharia entediante não fosse pelo fato de que elas tinham algo que eu muito almejava e invejava: a liberdade. Desde poder escolher a roupa que usaria no dia, a qual caminho seguiriam pelo resto de suas vidas. Você vê que o mundo se torna complicado aos seus olhos quando percebe que você nunca está satisfeito com o que tem, sempre desejando mais e mais, essa é a sina humana. Estamos destinados a sempre querer o que o outro tem, eu por exemplo, daria tudo para ter a liberdade que eu tanto sonho e sei que qualquer pessoa ali em baixo também faria qualquer coisa para ter uma vida luxuosa como a minha. Mas isso não quer dizer que eu não tenha tentado ser livre, pelo contrário, lutei com todas as minhas forças para sair dessas correntes que me aprisionam desde que eu nasci.

Papai sempre disse que esperava que eu fosse um menino quando ainda estava no ventre de minha mãe, e isso sempre deixou um amargor em meu coração por saber e sempre ser lembrada de que eu o decepcionei logo ao nascer. Dói saber que quando seu pai colocou os olhos em você, ele não comemorou ou fez um grande sacrifício aos deuses em agradecimento e demonstração de felicidade como a maioria dos pais faria, ele teve que se conformar que todos os seus sonhos e visões sobre meu futuro estavam errados. Foi um baque pra ele ver que não havia um menino em seus braços, ele me disse que sempre era visitado pelos deuses em sonhos que o felicitavam pelo bebê que viria e de que seria um guerreiro forte e servo fiel a eles. Todo esse trauma de não ter sido planejada me deixou amargurada e fria no quesito sentimentos. Eu tenho dificuldade em demonstrar amor às pessoas, mesmo me esforçando ao máximo para ser mais amorosa, eu só consigo ser educada e formal na frente de todos, acho que tudo isso é uma grande armadura para não deixar ninguém ver a verdadeira fraca e sensível que sou.

Toda essa rejeição vinda do meu pai me fez crescer sempre me comparando com outras meninas, eu queria o compensar de ter nascido uma menina e me tornar uma mulher digna de admiração. Fiz o impossível para ter a melhor pele, a melhor maquiagem eu queria a qualquer custo ser como todas as belas moças do reino. Eu tinha que ser a mais bela de todas, mas para mim eu nunca consegui de fato.

Nunca deixei que soubessem muito sobre mim ou da minha vida, e muitos têm a ilusão em suas cabeças de que sou feliz e tenho a vida dos sonhos, melhor assim. E pensar que agora eu estaria servindo aos deuses grandes banquetes e preparando grandes sacrifícios para satisfazelos. Tudo mudou quando papai que já estava decidido a me mandar para Tebas para, segundo ele, me preparar, estudar e me consagrar sacerdotisa, (mas eu nunca acreditei nisso, sempre via aquilo como uma forma dele se livrar de mim definitivamente) teve um sonho angustiante nas palavras dele, que disse que nunca sentiu tanto medo em toda sua vida. No sonho a deusa Isis o visitava e o hipnotizava com seus magníficos olhos dizendo para ele desistir da ideia de me enviar para qualquer que fosse o lugar, que ele deveria me proteger e assegurar de que teria uma vida que era vista em bons olhos pelos deuses.

Meu pai depois disso procurou um partido para mim de forma incessante e mesmo não obtendo resultado, ele nunca desistiu. Quando recebeu o convite para irmos para Pi Ramsés, imediatamente nos preparamos e partimos e dessa vez eu via um brilho diferente em seus olhos, como um renovo de suas esperanças. Confesso que não me animei muito, até porque minha vontade era de pegar um cavalo e sair por aí sem rumo ou responsabilidade, mas a realidade logo que acordava e aqui estava eu de frente para as portas da sala do trono aguardando saber se meu destino era tão aterrorizante quanto eu imaginava.