Se Quiser Voar

avaliado, rotulado se quiser voar - capítulo único

Notas

Faz muito tempo que eu não publico (ou escrevo) nada, então nem sei para onde isso está indo. Esse fandom tem histórias sensacionais, e eu queria contribuir com alguma parte. Espero que gostem da ideia extremamente estranha que eu tive.

Outro adendo: o arquivo original, no Docs, tinha fontes diferentes nas falas porque era para simular os diferentes idiomas. Como no Wattpad não dá para fazer isso, esse recurso será utilizado com o ítálico e com o negrito.

Essa história também será publicada como oneshot no Twitter, caso você veja essa publicação por lá.

Boa leitura!

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Enid não saberia dizer o que era pior em toda aquela situação. Seria, talvez, a fila? O cheiro insuportável dos venesianos, com uma mistura de sol e basalto queimado? A voz eletrônica no portal, indicando, exaustivamente, a localização de cada Ponto Espacial e seus destinos? Talvez fosse a combinação cacofônica e estressante...

Mas (só talvez), o olhar estressado dos companheiros estivesse influenciando seu humor.

"Será que tem como vocês pararem de me encarar?"

"Ainda não acredito que você perdeu a chave..." Yoko disse, observando um mercuriano conversando com um marciano no Portal 04, enquanto ambos tinham lágrimas nos olhos. "Agora a gente vai precisar ir pelo Pedágio... tipo, tão vintage.".

"Começa errado quando tem tanto lugar pra ir e ela decide ir pra Terra, né." Murmurou Kent, enquanto observava as imagens de uma revista de Urano, sem compreender, de fato, o que as palavras diziam (visto que ele só falava duas línguas, de seu próprio planeta).

"A Terra é um lugar muito legal, viu? Parem de julgar! Vai ser incrível!"

"A gente vai é morrer." Disse Ajax.

"De tanto se divertir!" Rebateu Enid, observando os passageiros conversando com os terráqueos. Seus amigos não tinham tanta certeza daquela afirmação, mas estavam ali para apoiá-la e comemorar o tão aguardado aniversário.

Os 22 anos é a data mais importante de um saturniano. Era a idade em que se pode: a) beber amoníaco de forma legal; b) tirar uma licença para dirigir seu próprio Voyager; c) visitar Titã sem um responsável, e outras coisas ainda mais legais.

Além disso, ter 22 anos era o maior sonho de Enid, porque, agora, ela poderia viajar por toda a galáxia como um indivíduo emancipado.

Para contextualizar, em seu tempo de vida, a Sinclair teve três obsessões: uma minissérie jupiteriana chamada Edgeworth Belt, o Centro de Estudos Pandora e o planeta Terra. Os dois primeiros foram influência de seus irmãos, Enceladus e Epymetheus (nomes muito comuns em Saturno), mas o último... era o defeito fatal de Sinclair. Quando era pequena, seu pai lhe mostrou uma pequena teleprojeção da Terra, com seus carros que andam sobre o plano, as roupas diferentes, os esportes que praticavam e até mesmo os diferentes sotaques que eles tinham. A Terra era o planeta mais exótico do Sistema Solar, e todos sabiam disso.

A mãe de Enid odiava esse interesse implacável sobre o terceiro planeta do sistema. Esther Sinclair sempre achou o planetinha um inferior, com seus sistemas desatualizados e suas maneiras rudes de comer, beber e se reproduzir. Mas, por Hyperion, todas essas coisas faziam com que a pequena Enid, com o ápice de seus 7 anos, desejasse ainda mais visitar aquele lugar azul/verde. E, para a infelicidade de sua mãe, aquela "fase" perdurou até sua vida adulta.