• Festa do pijama: estava com sono, Tozaki?

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Minatozaki Sana

Nos últimos dias, eu só tenho pensado em Tzuyu. Essa garota parecia ter se instalado na minha mente como uma melodia persistente. Eu me pegava refletindo sobre o que ela pensava de mim, como suas expressões se iluminavam ou se entristeciam, e isso dominava meus pensamentos de uma maneira que eu nunca esperava. Era como se cada interação nossa estivesse gravada em uma fita que eu não conseguia pausar.

Depois do incidente no corredor, em que nossos olhares se cruzaram de uma forma que me fez sentir um frio na barriga, Momo teve a ideia de organizar uma festa do pijama em sua casa. Era um costume antigo nosso desde que Mina entrou no grupo, uma tradição que sempre trazia risadas e confidências. E talvez, só talvez, essa fosse uma oportunidade perfeita para me aproximar de Tzuyu.

Por que eu queria isso?

Ela concordou rapidamente, sua resposta foi tão animada que me fez sorrir involuntariamente. Mandou uma mensagem para a mãe e, em poucos minutos, éramos um grupo de quatro meninas animadas a caminho da casa de Momo, como as garotinhas do 8° ano.

— Bem-vindas, meninas! — exclamou a mãe de Momo da cozinha com o cheiro de bolinhos recém-assados preenchendo o ar. Fomos até lá para cumprimentá-la. Momo sempre tinha um pouco de receio de incomodar sua mãe, mas a Sra. Hirai parecia realmente encantada com Tzuyu. Eu entendi a razão de seu encanto... calma, não, eu não estava encantada com Tzuyu, ou talvez... Não!

Subimos para o quarto de Momo como um bando de crianças empolgadas. Tomamos banho e, claro, Momo nos obrigou a usar pijamas combinando. Tzuyu achou a ideia divertida, e eu não pude deixar de notar como a presença dela tornava as coisas diferentes do convencional. Passamos um bom tempo fofocando, rindo e decidindo como fazer as unhas umas das outras, criando um verdadeiro estúdio de beleza improvisado.

— Nós já passamos a senha para Tzuyu? — Mina perguntou, enquanto empurrava as cutículas de Momo com um cuidado meticuloso, como se estivesse moldando uma obra de arte.

— Senha? — Tzuyu perguntou, parecendo curiosa e ligeiramente intrigada.

— A senha do nosso Twitter de fofocas — eu expliquei, tentando não parecer tão ansiosa, meu coração acelerando a cada palavra.

O que eu fiz? pensei, mas logo esses pensamentos foram eclipsados pelas perguntas persistentes: "Por que eu quero que a garota nova pense bem de mim?" Era como se eu estivesse em um labirinto emocional, e Tzuyu era a luz no final do túnel.

— Vocês têm um Twitter de fofoca?! Eu quero participar! — Tzuyu respondeu com entusiasmo com seu brilho contagiante iluminando o ambiente. Aquilo foi surpreendente, ela parecia tão certinha e, ao mesmo tempo, tão divertida.

Mina rapidamente pegou seu celular e passou a senha para Tzuyu, enquanto Momo escolhia a cor do esmalte. Tzuyu fez uma expressão de surpresa enquanto navegava pelo nosso Twitter, analisando nossas postagens com um olhar curioso.

— Tzuyu, você está interessada em alguém? — Momo mudou de assunto, com uma expressão curiosa e um sorriso travesso nos lábios.

— Eu? Não exatamente — Tzuyu respondeu com sinceridade, fazendo uma pausa como se estivesse ponderando suas palavras.

— E você joga para qual time? — Mina perguntou, com um sorriso de canto. Eu demorei um pouco para entender a pergunta, mas o ar de curiosidade na sala pareceu aumentar.

— Acho que para os dois. Nunca estive com ninguém antes. Estou mais interessada em um amor recíproco. Não tenho uma preferência específica quanto ao gênero — Tzuyu explicou. A ideia de que ela nunca tinha se envolvido com ninguém me surpreendeu e me fez sentir uma onda de empatia por ela.

Tzuyu não parecia precisar da minha empatia.

— E você, Momo? Está de olho em alguém? — Perguntei, tentando parecer casual, mas a curiosidade me queimava por dentro.

— Eu? Não, talvez sim, talvez não. Por quê? — Momo respondeu, sua expressão revelando um misto de timidez e desinteresse. Sabendo que Hirai costumava se apaixonar por qualquer pessoa que a tratasse bem, eu imaginava que havia uma grande chance de ela estar interessada em alguém, mas isso provavelmente mudaria em breve.

— Não vamos maratonar filmes hoje? — Mina sugeriu, mudando de assunto de forma inteligente, com medo de que o foco se voltasse a ela e Chaeyoung. Maratonas de filmes de terror eram nossa tradição, mas depois teríamos que decidir no jokenpô quem ia dormir abraçando Momo, que tinha medo de tudo. Quem sabe hoje Tzuyu teria essa "honra"?

— Hoje eu posso escolher o filme? — Momo perguntou com um brilho de esperança nos olhos, como uma criança pedindo para escolher a sobremesa.

— Você sempre escolhe filmes de terror pesados e acaba não conseguindo dormir — Mina respondeu, com um tom brincalhão. Momo fez uma carinha triste, fazendo-me sentir um pouco culpada.

— Decidido, vamos assistir "Crepúsculo" — eu declarei, tentando encerrar a discussão. Mina concordou rapidamente, Momo não parecia muito preocupada e Tzuyu simplesmente disse "por mim tudo bem"com um tom relaxado me fazendo sentir que tudo estava certo.

Sentei-me no sofá ao lado de Tzuyu, enquanto Momo e Mina estavam no chão, pintando as unhas com cores vibrantes. Se Momo manchasse o sofá com esmalte, ela não viveria para contar a história.

Algumas horas se passaram. Já estávamos em "Eclipse". Momo ainda estava acordada, Mina estava filmando cenas aleatórias para os stories, e Tzuyu assistia com uma serenidade que me intrigava. A forma como ela se concentrava no filme me fazia admirar sua calma desfocar a atenção no filme.

Quando "Amanhecer" começou, eu estava começando a sentir o peso do sono. Já eram 1h25 da madrugada. Não consegui mais manter os olhos abertos e, sem perceber, deitei em um lugar que parecia confortável. Só percebi onde tinha caído quando acordei... Eu tinha dormido no colo de Tzuyu?!

O calor do seu corpo e a suavidade do seu cabelo contra minha bochecha me despertaram de um jeito gentil e confuso. Olhei ao redor, percebendo que as outras duas estavam tão envolvidas em suas próprias conversas que não notaram meu momento de fraqueza. Tzuyu me olhou com um leve sorriso, e a conexão que senti naquele instante foi indescritível. O que eu deveria fazer agora?

O calor e o conforto daquele momento foram rapidamente substituídos pela ansiedade. Eu sabia que precisava manter a pose, manter a imagem de "menina má" que sempre carreguei. Afinal, eu era Minatozaki Sana, a "abelha rainha" do nosso grupo, e não poderia deixar que um momento vulnerável como esse me derrubasse.

— Estava com sono, Tozaki? — Tzuyu perguntou, sua voz suave e brincalhona, como se estivesse ciente do poder que tinha sobre mim naquele momento.

Engoli seco, tentando encontrar as palavras certas. O que eu diria? Que estava aproveitando o conforto dela? Que, de alguma forma, me sentia à vontade ao seu lado? Não, isso não era uma opção. Eu precisava manter minha postura.

— Ah, você sabe, apenas testando a qualidade do seu colo — respondi, com um sorriso que tentava ser provocador, mas que provavelmente saiu mais tímido do que pretendia. O olhar de Tzuyu me desarmava e, por um breve momento, eu pensei que ela poderia ver através da minha fachada.

Momo e Mina, percebendo o clima, trocaram olhares cúmplices. Mina, sempre a mais atenta, começou a filmar com o celular, rindo e sussurrando algo para Momo, que parecia estar se divertindo com a situação. Eu podia sentir a pressão crescente. Precisava agir, precisava ser a Sana que todos conheciam.

Evite a vulnerabilidade se quiser se manter no topo.

High School Queens ︴ˢᵃᵗᶻᵘ •em reescrita•Onde histórias criam vida. Descubra agora