Capítulo VI - Na Boca do Lobo

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Perspetiva do Assassino

- Finalmente encontrei-te...

( continuação )

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Após a saída da rapariga, do elétrico, ela decidiu esperar pela próxima paragem para puder descer.
Dentro do elétrico ainda conseguia seguir os passos da rapariga pois de uma paragem para a outra a distância não era muita e o caminho do elétrico era o mesmo que ela estava a fazer. 

O elétrico ao fazer uma curva, deixou a rapariga para trás, parou ela desceu e decidiu ficar à espera que ela passasse pela paragem para que pudesse começar a segui-la.

Seguiu-a sempre de maneira discreta, com o rosto tapado com uns óculos, tinha um vestido simples, ninguém pensaria que estaria a segui-la.
Andaram até à estação do metro mais próxima, todas as carruagens em que a rapariga entrava, ela seguia, mas sempre com uma distância considerável ela misturava-se entre a multidão. Estudantes, trabalhadores, todos misturados nas carruagens, era simple passar despercebida.

Ao saírem do metro, apanharam um autocarro, de repente aquele percurso estava a começar a parecer-lhe demasiado familiar, não podia acreditar que durante todos aqueles meses tinham estado tão perto uma da outra mas nunca soube que era ela a pessoa que a tinha visto naquela noite.
Como a rapariga esteve sempre com um capuz e  durante todo o percurso apenas a viu de costas, ainda não tinha tido a oportunidade de ver o seu rosto por completo.

Foi então que chegaram aparentemente à sua morada, parou à distância a vê-la e quando ela ia para tirar as chaves do bolso, deixa cair o capuz e o rosto fica exposto.

Perspetiva da Assassina

" pupilas a dilatarem quando começa a perceber a partida que o destino tinha-lhes pregado "

Tinha acabado de reconhecer a jovem, era uma das amigas da sua irmã gémea, como estava tão focada em não perde-la, ainda não tinha reparado que aquele era o bairro onde tinha visto a irmã pela primeira vez, e onde tinha passado os últimos anos a vigiar todos os seus passos. 

Sabia perfeitamente que aquela era a Joice, uma das amigas mais próximas da irmã e que elas tinham por hábito irem juntas para escola e voltarem também.
Nunca esperou que tivesse sido ela a vê-la naquela noite...
Foi então perante esta situação, que um plano começou a formar-se.

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* Flashback
( dia da morte do pai e da madrasta)

Tinha anoitecido, os corpos já apresentavam-se com uma cor roxa, todo o sangue que tinha escorrido fora absorvido por toalhas estendidas junto aos corpos.
Depois de ponderar bastante chegou à conclusão de que apenas cortando os corpos em pedaços, conseguiria livrar-se deles sem chamar a atenção na rua.

Todo o processo foi bastante demorado, apenas conseguiu terminar de os cortar, com um cutelo com punho preto ideal para partir ossos e cartilagem, por volta das 3h da manhã.
Arranjou uns sacos pretos do lixo e sem mostrar, medo, remorso ou um simples traço de humanidade, colocou-os pedaço a pedaço dentro dos sacos.

Até já sabia como levaria os corpos, tenha um vizinho que deixava a chave sobresselente do tuk tuk, com que trabalhava, atrás do extintor de incêndio do prédio. Viu a certificar-se de que ainda se encontrava lá a chave, uma vez, quando estava a voltar para casa.

Eram agora quase 4h da manhã, pegou nos sacos, saiu e tirou a chave do tuk tuk.
Colocou os sacos para parte traseira, procurou no telemóvel qual seria a rota mais rápida para chegar ao rio Tejo, ligou-o e começou o seu percurso.
Não teve dificuldades ao chegar, passou pelo Caís do Sodré, e andou até perto da terminal fluvial.
Desceu, pegou nos sacos e andou até à ao rio, tentou fazer tudo o mais rapidamente possível pois a polícia tinha tendência a fazer rondas àquela hora.
Voltou a abrir os sacos e colocou umas pedras para que os sacos não viessem à superfície.
Arrastando-os, deitou-os ao rio e viu como afundavam.

Achava que ninguém a tinha visto, mas estava enganada, um sem abrigo visivelmente embriagado tinha testemunhado tudo, andava aos zig zag's pela rua.
Não queria deixar evidências nenhumas que levassem à sua descoberta, decidiu chamá-lo com a desculpa de que tinha algo para oferecer-lhe, nada desconfiado, andou até ela.
Ao chamá-lo dizia:

— Venha... venha...
Deixei algo para si à beira do rio.

Apontou e disse para que andasse até à beira do rio, que inclinando-se, conseguiria ver o que tinha deixado para ele.
O tolo caiu na armadilha e ao inclinar-se desequilibrou-se e caiu...
Começou visivelmente a afogar-se, tal como era intenção dela, e não tardou a perder os sentidos.
Estava agora livre para partir, pensava ela, mas assim que ligou o tuk tuk e decidiu arrancar, viu que uma rapariga estava a correr à beira rio, naquele momento tinha mesmo de voltar para deixar o tuk tuk então não tinha a certeza se ela tinha visto alguma coisa.
Voltou para casa, estacionou no mesmo lugar de forma praticamente idêntica e deixou as chaves no mesmo lugar.

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* Voltando ao presente

Perspetiva da Assassina

Falando para si:

Esta situação é ideal, já tinha vontade de
conhecer -te à imenso tempo...
Tenho a certeza de que seremos grandes amigas.
Desculpa maninha, mas vou precisar de ti agora mais do que nunca.

Tinha como plano, trocar de lugar com a irmã, para puder saber o quanto ela estava a par do
" assassino ".

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⏰ Última atualização: May 25 ⏰

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