01 " Se lembra?

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  Aquele refrão da música favorita de June tocava repetidamente na sua cabeça, e vez ou outra deixava escapar alguns sussuros do resto da música, perdida em seus próprios pensamentos; não conseguia se concentrar em apenas uma coisa, por isso cantarolava enquanto batia a caneta na prancheta, lia as informações e ainda pensava como "You give love a bad name" era incrível. Poderia ser uma missão impossível para muitos, até mesmo para ela há um ano atrás.

   Tinha quantos minutos até sair de casa? 30. Tinha uma curiosidade enorme nas perguntas que sempre faziam, uma mais diferente que a outra, e por ser tudo novo — já deveria ter se acostumado — se sentia sempre em um auge de felicidade, e pra falar a verdade todos apreciavam aquilo.

— June, já está tudo pronto.

   Sua mais nova amiga, sua estilista, loira e meiga. Nunca me lembro seu nome direito, seria Mariana ou Marina?

— Ah muito obrigada, Mari. Eu particularmente gosto do vermelho.

— Por isso o escolhi. — ela sorriu e saiu do quarto.

   June se virou e dessa vez abriu um sorriso de verdade, encarando o vestido que usaria para o evento que esperou um ano todo. O ano todo.

   Com ele vestido, abraçava todas as suas curvas, a ansiedade nervosa que tinha se tornou uma ansiedade ansiosa. Ela queria sair, demonstrar que foi ela a criadora daquele começo e principalmente, abraçar as pessoas mais importantes que fizeram ser possível todo aquele sonho.

   Foi um desafio, foi uma dor e principalmente um amor. Apesar de tudo que conquistou só o veria de noite, na hora certa.

   Saindo, toda aquela empolgação alheia já começou a ser algo normal. Uma mão lhe segurou pelos ombros e seus olhares se penetraram, um sorriso satisfeito surgiu nos lábios de ambos.

— Se lembra de quando tudo começou?

   Sim. June tem um cortador de grama, sem necessariamente ter um jardim. Isso acontecia por que desde que se mudou para o pequeno apartamento na Califórnia para estudar psicologia, recebeu muitas coisas inúteis de seus pais. Mas o final desse pensamento era o que ela realmente precisava: uma tesoura.

   Esse era o último ano da faculdade, faria 25 anos em breve, e já teria o diploma em mãos já no mês de dezembro, e se quisesse ter um corte maneiro seria bem melhor cortar agora, caso dê algo errado.

   June teria duas grandes conquistas nas costas logo nova e não poderia muito se gabar disso. A distração que arranjou foi recomeçar a explorar a paixão que tinha desde criança... Escrever. O grande marco na sua vida a fez ter um talento expecional para o drama e o rendimento melancólico da letras; foi assim que estava quase virando best-seller por uma segunda vez com seu livro de baixa renda.

   Se lembra exatamente de quando imprimiu a primeira cópia e surtou com pulos e sorrisos em casa mesmo, não tendo coragem de contar a uma pessoa que fosse conhecida sua. Ela se identificava com tudo aquilo e escrever sem demonstrar quem escrevia foi libertador.

   A autora que estava nos papéis e capas duras era uma tal de Maya. Sem sobrenome, sem endereço e só uma boa escrita para seu currículo. E isso por muitos motivos cativam seus leitores e fãs a descobrirem a identidade da autora.

   Mas June, estava em paz. Sua renda extra fazendo o que amava era satisfatória e mesmo assim seguia a sua vida quase acabada de estudante normalmente. Desde que se passou os dois anos da publicação, teve sorte de fazer um ou dois amigos na faculdade, e se soltar mais começou a não ser um problema, mas ainda a atormentava.

   Com um bocejo escapando dos labios rachados da morena, ela saiu a passos rápidos. A bolsa no ombro prenssada em seus peitos e braços para passar com mais eficiência entre as pessoas no sinal e as multidões até chegar na sala. A verdade era que apesar de morar a menos de 2 quadras da escola sempre saia em cima da hora de casa. Em compensação era uma ótima aluna.

— Eu sei que são os dois últimos semestres do curso mas isso não dá direito a vocês de pararem de ler!

   A voz do professor baixinho e respeitável ecoou na sala. Querendo ou não, ler muito era o ponto chave para aquela profissão.

— Eu tenho uma última sugestão de leitura... Sei que recomendo os mais teóricos e diretos mas preciso que vocês acham na prática a famosa Psicologia do cotidiano. — ele andou pela sala, gesticulando — Creio, e espero que sim, que vocês leiam muitos livros fantásticos, romances e  outros gêneros... Devem perceber cada comportamento do personagem e tudo mais... Então vai lá minha última sugestão do ano... Capitão King.

   Uma sobrancelha se arqueou quase que involuntariamente, fazendo June levantar a cabeça para ouvir atentamente a opinião do professor sobre seu próprio livro.

— Esse deve ser um dos livros mais modernos e consistestes na decadência do psicólogo de um homem. Mas sinceramente sou suspeito para falar já que sou um grande fã da obra e tudo mais...

   Um sorriso satisfeito não saia dos lábios da jovem. Ela tinha aprendido direitinho com ele, o professor.

— É importante que vocês extraiam cada fase e as consequências do por que alguém ou algo chegou em seu estado final... Por exemplo, posso dar spoiler do livro? — ele perguntou com um sorriso careca e recebeu vários nãos, mas prosseguiu — Capitão King começou lá do chão... Como soldado, a antiga hierarquia do exército que conhecemos até hoje, e pelos seus eventos traumáticos e experiências próprias, foi se moldando uma personalidade. — Ele rabiscou algumas palavras no quadro branco. — É de saber de vocês, explicar o comportamento dele de acordo com seus hábitos e convivências... O mais visível, a falta de comunicação nas idades avançadas, por que na infância não houve... King não teve liberdade de expressão logo cedo, por isso não é comum que ele tenha agora com o seu ser independente.

   O seu ego podia e foi aumentado apenas com aquela aula sendo exemplo para uma lição que aprendeu bem ali. Com os pés bem rápidos e uma manhã bem agitada, June passou o dia estudando, pegando livros e escutando música no seu fone. Nao tinha nada que a incomodasse agora, estava tudo perfeito na medida e poderia dizer que até mesmo suas provas seriam suas bençãos nas próximas semanas.

   Com um manegar diferente ela chegou em casa abrindo com as chaves, atrapalhada por estar muito ocupada tentando copiar as posições de dedos exatamente no solo de guitarra da música, deixou as bolsas no chão e tirou seu tênis se jogando no sofá esquecendo por um momento que ela mesma faria o almoço.

   Seu corpo se esticou para se alongar e um grunhido libertador a fez voltar a realidade e encarar a porta ao seu lado por completos um minutos até ouvir a campainha novamente. Talvez fossem as muitas horas de fone.

— Tem alguém em casa?

   A voz não era não conhecida por ela e nem mesmo o olho mágico no topo da porta a fazia decifrar quem é que fosse. Com uma mão ajeitou o cabelo e abriu a porta vendo de lá um homem de estatura média, óculos redondos e uma carismática careca.

— June O'brien? — Ela? — Ou melhor, Maya?

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"Capitão King, ou Captain King é uma narrativa em primeira pessoa de um capitão do exercício americano meio a segunda guerra mundial. A história conta a trajetória de Richie até se tornar o capitão mais arrogante e respeito; se afundando nas próprias experiências de tentar se tornar o melhor. Ele se apaixona, confia e trai seus companheiros por ambição sem nenhum remorso no peito, que no final do dia o fez ser sozinho"

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⏰ Última atualização: Mar 30 ⏰

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In the vain of fameOnde histórias criam vida. Descubra agora