Capítulo 4

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— Tem certeza que ela vai ficar bem?

Vanessa perguntou preocupada, olhando para a porta onde Beatriz estivera trancada pelos passados 6 minutos. Alane mordeu o lábio, balançando a cabeça.

— Eu não sei, mas também não sei como ajudá-la.

Vanessa concordou, se encostando no mármore da pia. Desde que aquela aula começara e Fernanda fizera Beatriz ir para a frente da classe explicar a matéria a garota estava chorando compulsivamente. Cada pergunta que a professora fazia enquanto a garota se esforçava para explicar sem gaguejar a deixaram mais e mais nervosa e ela saiu correndo da sala, tendo Alane e Vanessa atrás dela logo em seguida.

— Talvez devêssemos falar com a diretora? — Vanessa perguntou receosa. Alane passou a mão pelo cabelo e suspirou, negando.

— A senhora Brunet e a senhora Bande são amigas, nada iria acontecer.

— Isso é injusto demais! — a garota bateu o pé, estava indignada. Alane concordou.

As duas se calaram quando a porta da cabine abriu e uma Beatriz com olhos e nariz vermelhos saiu de dentro, enxugando o restante das lágrimas que caíam. Ela passou por Vanessa e Alane, que permaneceram em silêncio, e foi até a pia lavar as mãos e o rosto. Por fim, suspirou e se virou para encarar as outras tristemente.

— Vamos voltar para a aula.

— Eu protesto! — Vanessa bateu o pé, inflando as bochechas. — Nós vamos realmente voltar para a sala de aula daquela sádica!? Isso é errado! E não é porque a escola compactua com isso que nós também devemos! Alane, você vem?

Alane encarou Beatriz, que olhava para o chão e suspirou novamente.

— Nessa está certa, Bia. Vamos para minha casa depois da aula, está bem? Por ora, podemos nos esconder nas arquibancadas do ginásio e esperar a próxima aula.

Vanessa sorriu animada, se virando para a outra garota que parecia hesitar.

— É melhor não meninas, se Fernanda pegar no meu pé de novo-

— Já teremos feito, mas você não está em condições de retornar. Somos duas amigas, vamos cuidar de você. — a de cabelos castanho escuro pegou na mão dela, apertando gentilmente. Alane se juntou ao aperto logo em seguida.

— Sim Bia, estaremos lá com você. — a outra garota sorriu, os olhos novamente úmidos.

— Ela vai me culpar por fazer você fazer isso, Alane. — disse Beatriz balançando a cabeça.

Beatriz então apenas concordou com as meninas, apertando a mão de ambas enquanto as três saiam correndo pelo corredor até o ginásio rindo.

Fernanda estava soltando fogo pelas ventas.

Fazia quinze minutos que ela havia voltado da ronda que fez pela escola inteira atrás de Alane e não havia visto a garota em lugar nenhum. Os alunos já haviam percebido que ela estava muito, muito irritada, e a prova era o teste surpresa que ela inventou em cima da hora na mesa deles. Seus dentes estavam trincados, sua mandíbula cerrada e seus olhos pegavam fogo. Em sua cabeça a única explicação para Alane ter sumido daquele jeito era a garota nova, Vanessa, e Beatriz, que pagariam muito caro quando Fernanda pudesse seus olhos nelas.

Se recostou na cadeira, encarando cada aluno demoradamente com o olhar mortal que sabia aterrorizar qualquer um. Alane jamais faria isso, jamais faltaria sua aula assim. Ela não dava a mínima para os outros professores, mas Alane tinha que estar presente em suas aulas. Yasmin obviamente não lhe daria acesso as câmeras do colégio agora, e isso a deixava ainda mais irritada. Ela com certeza não deixaria isso passar, e respirou fundo pensando que, dessa vez, teria que punir Alane também.

— Será que já podemos sair? Sem querer ofender vocês, mas está apertado aqui.

Vanessa e Alane olharam desgostosas para Beatriz, que se encolheu e baixou os olhos, murmurando um pedido de desculpas. As três estavam escondidas nas extremidades das arquibancadas. Foram obrigadas a isso quando um professor entrou procurando alguns encrenqueiros e checou debaixo das arquibancadas.

— Acho que está tudo bem, ele já foi.

Alane falou cautelosa. Beatriz e Vanessa deram um suspiro de alívio e as meninas se ajeitaram no chão e ficaram em silêncio por alguns segundos, tentando saber se o professor realmente havia ido embora. Depois, pegaram seus lanches e abriram para dividir entre si.

— Alane. — Vanessa chamou, ganhando a atenção da morena mais nova. — Desde quando a professora Bande é assim com você?

— Desde que começou a me dar aula ano passado. — ela se encolheu. — Mas eu nunca fiz nada para ganhar essa atenção toda.

— Talvez ela seja doida. — Beatriz comentou dando de ombros, pegando um do docinhos da lancheira de Vanessa enquanto a morena parecia pensativa.

— É, talvez. — ela disse cautelosa. — Qual é a próxima aula de vocês?

— Química. — responderam Alane e Beatriz juntas. Vanessa sorriu.

— A minha também, a última é Geografia.

— Biologia. — Beatriz respondeu com um biquinho.

— A minha também. — Alane falou com um sorriso culpado, vendo Vanessa murchar um pouquinho. — Mas não se preocupe, vamos te esperar para irmos até minha casa.

— Com certeza. — a mais velha concordou.

— Obrigada meninas. — Vanessa sorriu largo.

— Amigas são para essas coisas. — a Dias sorriu sem mostrar os dentes.

Ainda que se dependesse de Fernanda, essa amizade não fosse durar muito.

teacher's pet - ferlane.Onde histórias criam vida. Descubra agora